quarta-feira, dezembro 30, 2015

É NATAL! FELIZ ANO NOVO!

FELIZ NATAL!

Hoje sinto certa saudade de natais passados e, por isso, vou buscar lá atrás algum que me tenha emocionado de maneira avassaladora. Eu era criança ainda. Vejam só!

“Toca o sino, pequenino,/sino de Belém/ já nasceu Deus menino/ para o nosso Bem!"
            A magia da data, o brilho da noite deixavam-me confusa . Não cheguei a balbuciar o meu desejo, mas ele tinha forma dentro de mim. Meu único irmão varão, cinco anos menos que eu, cochilava ao pé da árvore. Menininhas não ganhavam brinquedos de montar. Chegada a hora da distribuição dos presentes, não me segurei. Acertei carreira, pulei na Caloi vermelha, embalei para a rua - atropelei um guarda.
            Apagado o  ‘incêndio’, pedido público de desculpas, irmão devidamente empossado, um convidado a mais para a ceia - o guarda - e a antes tentadora Caloi , com as rodas torcidas.
            A este tempo, a Caloi, distinguia-se no comércio de 2 rodas,  orgulho de brasileiros e de italianos radicados aqui. Agora é outra a realidade. Para andar de ‘bike’, o interessado pode não ter a mesma facilidade de encontrar um modelo Caloi. Estão indo para outras paragens 70% disso que foram sonhos de infância de brasileiros, por quase 150 anos.
            Como reagir a este estado de coisas? É preciso um misto de coragem, determinação, equilíbrio e fé para restaurar nosso tecido social e nossa dignidade já tão afetada.

Hoje em dia, vou completar meus 89 anos em março. Uma vida se passou.  Que poderemos dizer de nossa tecitura moral? Ela nos pede força , coragem, espírito de luta para nos levantarmos. Vamos realizar essa proeza!

Um poema antigo  sobre o espírito de Natal fica aqui com vocês. Pequena contribuição minha.


MENSAGEM DE NATAL



Ao longe um ponto luminoso...
Os caminhos são ásperos 
a atmosfera é tensa
 os riscos são reais.

A distância, o mesmo ponto de luz...
Moral e Ética esvaziam-se.
Na era da comunicação
o entendimento é falho, falso, fátuo.

O sinal de luz permanece lá...
A sociedade poderá implodir?
Renascerá das cinzas
segundo a mitologia?


A luz distante cintila 
dentro dessa busca inquieta...


É o Espírito do Natal 
que se faz presente
com sua luz
 e seu canto de esperança!
      
                       2000/Rio



Alguns dias para absorver os fluidos do Natal e já teremos uma nova data, sempre esperada, como uma nova aposta de surpresas e oportunidades. Mas será esse o espírito que nos anima agora? Diante de situações tão conflitantes? De tanta demonstração de despreparo moral por parte dos representantes do povo a fazer-nos purgar manchas tão  desconcertantes e amargas? Sempre há uma reserva de decoro, um hálito de força - o espírito do nosso povo, amante de sua pátria, sempre pronto para a luta . Façamos a nossa parte de fiéis escudeiros e ajudemos o Brasil a levantar-se com dignidade e sabedoria!

FELIZ 2016! de luta, de esforço pela nossa recuperação!


REFLEXÕES ,  de Bernardo Cid


sexta-feira, novembro 13, 2015

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS Capítulo XV Ítens 1 a 9


Carlos Scliar



FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO


O QUE É PRECISO PARA SER SALVO

                                         PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO




Repassemos esta parábola: Quando o Filho do homem vier em sua majestade, acompanhado de todos os anjos, se assentará no trono de sua glória e, com todas as nações reunidas diante dele, separará uns dos outros, como um pastor separa as ovelhas dos bodes, e colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda.
O rei dirá, então, àqueles que estão à sua direita: Vinde, vós que fostes benditos por meu pai, possuí o reino que vos foi preparado desde o início do mundo, porque eu tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, tive necessidade de alojamento e me alojastes, estive nu e me vestistes, estive doente e me visitastes, estive na prisão e viestes ver-me.
Então, os justos lhe responderão: Senhor, quando vos vimos com fome e vos demos de comer, ou com sede e vos demos de beber? Quando vos vimos sem teto e vos alojamos, ou sem roupa e vos vestimos? Quando vos vimos doentes ou na prisão e viemos vos visitar? E o rei lhes responderá: Eu vos digo em verdade, quantas vezes o fizestes com relação a um destes desvalidos, foi a mim mesmo que o fizestes. E dirá, em seguida, àqueles que estarão à sua esquerda: Retirai-vos de mim, malditos, ide para o fogo eterno, que foi preparado para o diabo e para seus anjos, porque eu tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, tive necessidade de teto e não me alojastes, estive nu e não me vestistes, estive doente e na prisão e não me visitastes.
Então eles lhe responderão também: Senhor, quando foi que vos vimos com fome, com sede, ou sem roupa ou doente, ou na prisão, e deixamos de vos assistir? E ele lhes responderá:  Em verdade vos digo: todas as vezes que deixastes de dar proteção a um desses desvalidos deixaste de dá-las a mim mesmo.
 E, então, estes irão para o castigo eterno e os justos para a vida eterna.
A esta altura, um doutor da lei, para tentá-lo, levantou-se e perguntou-lhe: Mestre, o que é preciso que eu faça para possuir a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Que é que está escrito na lei? E ele lhe respondeu: Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda a vossa alma, de todas as vossas forças e de todo o vosso espírito, e vosso próximo como a vós mesmos. Jesus lhe disse: Respondestes muito bem, fazei isso e vivereis!
 Mas esse homem, querendo passar por justo, disse a Jesus: Quem é meu próximo? E Jesus, tomando-lhe a palavra, disse:
Um homem que descia de Jerusalém para Jericó, caiu nas mãos de ladrões que o despojaram, cobriram-no de feridas e foram embora, deixando-o semimorto. Em seguida, um sacerdote descia pelo mesmo caminho e, tendo-o percebido, passou do outo lado. Um levita, que veio também para o mesmo lugar, avistando-o, passou ainda do outro lado. Mas um samaritano que viajava, chegando ao lugar onde estava esse homem, tendo-o visto, foi tocado de compaixão por ele. Aproximou-se do ferido, derramou óleo e vinho em suas feridas e as enfaixou. E tendo-o colocado em seu cavalo, levou-o a uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, apanhou duas moedas e as entregou ao hospedeiro, dizendo: tende bastante cuidado com este homem, e tudo que gastardes a mais, eu vos restituirei no meu regresso.
Qual desses três vos parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? O doutor lhe respondeu: Aquele que exerceu a misericórdia para com ele. Ide, pois, disse-lhe Jesus, e fazei o mesmo.

            Do exposto, conclui-se que toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, ou seja, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em suas pregações, Jesus apresenta essas virtudes como o caminho da felicidade eterna, repetindo continuamente: bem-aventurados os humildes porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; bem-aventurados os que são misericordiosos; amai o vosso próximo como a                                  vós mesmos; fazei aos outros o que quereríeis que vos fizessem; amai os vossos inimigos; perdoai as ofensas, se quiserdes ser perdoados; fazei o bem sem ostentação; julgai a vós mesmos antes de julgar os outros.  Resumindo: Humildade e Caridade - qualidades que ele não cansa de recomendar - ele próprio dando o exemplo. Orgulho e Egoísmo - qualidades que não cessa de combater. Mas ele faz mais do que recomendar a caridade, simplesmente coloca-a, em termos claros e explícitos, como a condição absoluta da felicidade futura.
Naquele tempo, Jesus não tinha como se comunicar facilmente, pois os homens ainda não eram capazes de compreender as coisas puramente espirituais. A saída era não se afastar das ideias vigentes, produzir imagens materiais que impressionassem e deixar para mais adiante os esclarecimentos. Mas ao lado dessa parte acessória, há a ideia dominante – a da felicidade que espera o justo e a da infelicidade que atinge o mau.
Neste julgamento supremo, o juiz não inquire sobre esta ou aquela formalidade, apenas quer saber se a caridade foi praticada e sentencia: os que prestaram assistência aos seus irmãos coloquem-se à minha direita; os que foram severos com eles, ponham-se à minha esquerda. Jesus também considerou o herético Samaritano que cuidou do próximo acima do ortodoxo que faltou com a caridade. Isso quer dizer que Jesus não fez só da caridade uma condição de salvação, mas a única condição de salvação, julgando-a capaz de encerrar implicitamente todas as outras: a humildade, a doçura, a benevolência, a indulgência, a justiça, todas elas, por assim dizer, uma vez que é a negação absoluta do orgulho e do egoísmo.
A caridade é uma virtude mansa, sem invejas, benfazeja; não se toma de orgulho, não desdenha, não vai atrás de seus propósitos. Não se ofende com a inveja, nem com a injustiça, nem com o isolamento, mas sabe cantar vitória com a verdade, tudo suportando, esperando, sofrendo e, sobretudo, crendo que “Fora da caridade não há salvação”.
São Paulo dizia que a fé, a esperança e a caridade distinguem-se entre as virtudes, mas nenhuma sozinha tem a excelência da caridade, o que o levou a afirmar um dia: “Ainda quando eu tivesse a linguagem dos anjos, quando eu tivesse o dom da profecia e penetrasse todos os mistérios, quando eu tivesse toda a fé possível, até transportar montanhas, se não tivesse caridade, eu nada seria”, afirmando de modo peremptório que a caridade é  absoluta em matéria  de excelência. E não parou aí: mostrou-a na beneficência, na reunião de todas as qualidades do coração, na bondade e benevolência para com o próximo.

FORA DA IGREJA NAO HÁ SALVAÇÃO

Vimos que a máxima “Fora da caridade não há salvação” se debruça sobre um princípio universal e abre a todos os filhos de Deus acesso à felicidade suprema. O dogma tem tessitura e acabamento particular. Necessário se faz que entendamos os limites de cada princípio.
“Fora da caridade não há salvação” é a máxima perfeita que aproximará todos os filhos de Deus, ”a consagração do princípio de igualdade diante de Deus e da liberdade de consciência”.  Com esta máxima por base, todos os homens tendem a ser irmãos e qualquer que seja a maneira de adorar a Deus, eles se estenderão as mãos e orarão uns pelos outros.
‘Fora da verdade não há salvação’ também não se mostra seguro a ser tomado como paradigma, nessa fase da humanidade em que o círculo dos conhecimentos aumenta sem cessar e as ideias evoluem francamente. Nem mesmo a humanidade pode aspirá-la, totalmente, pois que ela é proporcional ao seu adiantamento espiritual. A verdade absoluta não pertence senão aos espíritos de ordem mais elevada. E nisso vemos a generosa mão de Deus. O Espiritismo, de acordo com o Evangelho, admitindo que a salvação não depende da crença, contanto que se estude e cumpra a lei de Deus, não dirá “Fora do Espiritismo, não há salvação”. E, como ainda não pode liberar toda a verdade, também não dirá “Fora da verdade não há salvação”, o que poderá vir a acirrar e perpetuar o antagonismo na humanidade.
Diante do exposto, que tenhamos equilíbrio para lidar com a diversidade de opiniões e crenças e, guardando com rigor a máxima “Fora da caridade não há salvação”, aguardar o momento certo de podermos ter olhos de ver mais e ouvidos de ouvir mais.


            Encerrada a releitura pensemos na parte recreativa  de hoje.



Algumas vezes, quando uma flor isolada é oferecida a alguém, e vem a murchar. para que a lembrança se perpetue, a pessoa guarda a flor, ou algumas pétalas, ou o raminho, se for o caso, entre as folhas  de um livro. E nem sempre volta lá para prestar a homenagem devida à flor sacrificada. Quis produzir meu testemunho a respeito. Saiu este poemeto:


É ASSIM?

Desidrataram-te por inteiro.
Jazes ressequida entre as páginas
de um livro qualquer,
sem cor, sem brilho, sem odor, 
tua textura em sépia 
confinando algum segredo de amor.



                                                                    É mesmo assim?
                                                                    É tudo efêmero na vida?
                                                                    A graça, a cor, a flor?
                                                                    O sofrimento, a mágoa. o amor?

                                                                     
                                                                    Rio/2010
                              
  CIAO, BELLI!

Para finalizar o estudo de hoje, deixo-os com este comovedor testemunho de Adelio Alves, o poeta que encontrou Deus em suas fervorosas buscas:


REENCONTRO COM DEUS


Deus, passei tanto tempo te procurando, não sabia onde estavas.
Olhava para o infinito, não te via, e pensava comigo mesmo:
"Sera que tu existes"?
Não me contentava na busca e prosseguia.
tentava te encontrar nas religiões e nos templos,
Tu também não estavas.
Te busquei através dos sacerdotes e pastores,
Também não te encontrei
Senti-me só, vazio, desesperado e descri.
E na descrença, tropecei
E no tropeço, cai.
E na queda, senti-me fraco.
Fraco, procurei socorro.
No socorro, encontrei amigos,
Nos amigos, encontrei carinho.
No carinho, vi nascer o amor.
Com amor, vi um mundo novo.
E no mundo novo, resolvi viver.
O que recebi, resolvi doar
Doando alguma coisa, muito recebi.
E recebendo, senti-me feliz.
E ao ser feliz, encontrei a paz.
E tendo paz foi que enxerguei
Que dentro de mim e que tu estavas,
Foi em mim que, sem procurar,
Eu te encontrei...

   

quinta-feira, setembro 17, 2015

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS Capítulo Itens 1 a 8

Pintura óleo sobre tela / Antônio Ribeiro / Paris


RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS     Capítulo XIV     Itens 1 a 8


HONRAI A VOSSO PAI E A VOSSA MÃE

Em posts anteriores, temos falado sobre mandamentos como ‘não cometer adultério’, ‘não matar’, ‘não furtar’, ‘não prestar falso testemunho’, ‘não fazer mal a ninguém’. Hoje falaremos sobre o mandamento ‘honrar a vosso pai e a vossa mãe’.

PIEDADE FILIAL

Este mandamento funciona como consequência da lei geral de caridade e amor, uma vez que não se pode amar o próximo sem amar pai e mãe. No entanto, o termo honrai contém um conceito a mais – o da piedade filial.  Para Deus, é necessário juntar ao trato normal o respeito, as atenções, condescendência, solicitude e carinho, enfim, tudo o que a caridade recomenda que se tenha para com o próximo. Esse tipo de obrigação deve ser encarado também em relação às pessoas que fazem as vezes de pai e mãe e que têm tanto mais mérito quanto seu devotamento é menos obrigatório.  A violação a esse mandamento é sempre punida rigorosamente.


A piedade filial assume importância vital quando se trata de pais sem recursos. Dar o mínimo, apenas para matar a fome dos genitores, e isso como se estivessem fazendo um esforço acima do suportável, ou acomodá-los em locais impróprios é uma ignomínia, uma atitude imperdoável. Deus repele este tipo de assistência. Não é só o mínimo que os filhos devem aos pais, mas a atenção afetuosa, a delícia de um supérfluo inesperado, as delicadezas no trato – piedade filial abençoada por Deus.

É certo que há pais que não cumprem suas obrigações em relação aos filhos, mas só Deus poderá interferir nesse estado de coisas. Nem mesmo aos filhos cabe o direito de censurá-los, porque talvez eles próprios merecessem passar por uma situação penosa desse tipo. Assim, os filhos que tomem como regra de comportamento para com os pais, todos os preceitos de Jesus relativos ao próximo e convençam-se de que todo comportamento repreensível em face de estranhos ainda o é mais em relação a parentes.


 À época do advento de Jesus, porém, eles já estavam mais desenvolvidos e já teriam condições de serem iniciados na vida espiritual. Foi o momento para Jesus revelar-lhes: “Meu reino não é deste mundo; é nele e não na Terra, que recebereis a recompensa de vossas boas obras”.  Nestes termos, a Terra Prometida (física) passa a ser vislumbrada como a pátria celeste. Ao serem instados a obedecer ao mandamento “Honrai a vosso pai e a vossa mãe”, não é mais a terra que lhes é prometida, mas o céu.

É certo que há pais que não cumprem suas obrigações em relação aos filhos, mas só Deus poderá interferir nesse estado de coisas. Nem mesmo aos filhos cabe o direito de censurá-los, porque talvez eles próprios merecessem passar por uma situação penosa desse tipo. Assim, os filhos que tomem como regra de comportamento para com os pais, todos os preceitos de Jesus relativos ao próximo e convençam-se de que todo comportamento repreensível em face de estranhos ainda o é mais em relação a parentes.

Quanto à afirmação de Deus: “Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo sobre a terra que o Senhor vosso Deus vos dará”, perguntamos hoje por que promete ele como recompensa a vida sobre a terra e não a vida celeste? Para a perfeita compreensão, é preciso considerar a situação dos hebreus e suas ideias na época em que foram ditas: eles não entendiam uma vida futura, além da corporal. Daí a linguagem de Deus à altura do que eles podiam captar. A Terra Prometida, física, surge como uma pátria celestial. E Deus lhes disse que viveriam nela longo tempo ou que a possuiriam por muito tempo se observassem seus mandamentos.

À época do advento de Jesus, porém, eles já estavam mais desenvolvidos e já teriam condições de serem iniciados na vida espiritual. Foi o momento para Jesus revelar-lhes: “Meu reino não é deste mundo; é nele e não na Terra, que recebereis a recompensa de vossas boas obras”.  Nestes termos, a Terra Prometida (física) passa a ser vislumbrada como a pátria celeste. Ao serem instados a obedecer ao mandamento “Honrai a vosso pai e a vossa mãe”, não é mais a terra que lhes é prometida, mas o céu.

É certo que há pais que não cumprem suas obrigações em relação aos filhos, mas só Deus poderá interferir nesse estado de coisas. Nem mesmo aos filhos cabe o direito de censurá-los, porque talvez eles próprios merecessem passar por uma situação penosa desse tipo. Assim, os filhos que tomem como regra de comportamento para com os pais, todos os preceitos de Jesus relativos ao próximo e convençam-se de que todo comportamento repreensível em face de estranhos ainda o é mais em relação a parentes.

Quanto à afirmação de Deus: “Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo sobre a terra que o Senhor vosso Deus vos dará”, perguntamos hoje por que promete ele como recompensa a vida sobre a terra e não a vida celeste? Para a perfeita compreensão, é preciso considerar a situação dos hebreus e suas ideias na época em que foram ditas: eles não entendiam uma vida futura, além da corporal. Daí a linguagem de Deus à altura do que eles podiam captar. A Terra Prometida, física, surge como uma pátria celestial. E Deus lhes disse que viveriam nela longo tempo ou que a possuiriam por muito tempo se observassem seus mandamento

À época do advento de Jesus, porém, eles já estavam mais desenvolvidos e já teriam condições de serem iniciados na vida espiritual. Foi o momento para Jesus revelar-lhes: “Meu reino não é deste mundo; é nele e não na Terra, que recebereis a recompensa de vossas boas obras”.  Nestes termos, a Terra Prometida (física) passa a ser vislumbrada como a pátria celeste. Ao serem instados a obedecer ao mandamento “Honrai a vosso pai e a vossa mãe”, não é mais a terra que lhes é prometida, mas o céu.

É certo que há pais que não cumprem suas obrigações em relação aos filhos, mas só Deus poderá interferir nesse estado de coisas. Nem mesmo aos filhos cabe o direito de censurá-los, porque talvez eles próprios merecessem passar por uma situação penosa desse tipo. Assim, os filhos que tomem como regra de comportamento para com os pais, todos os preceitos de Jesus relativos ao próximo e convençam-se de que todo comportamento repreensível em face de estranhos ainda o é mais em relação a parentes.

Quanto à afirmação de Deus: “Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo sobre a terra que o Senhor vosso Deus vos dará”, perguntamos hoje por que promete ele como recompensa a vida sobre a terra e não a vida celeste? Para a perfeita compreensão, é preciso considerar a situação dos hebreus e suas ideias na época em que foram ditas: eles não entendiam uma vida futura, além da corporal. Daí a linguagem de Deus à altura do que eles podiam captar. A Terra Prometida, física, surge como uma pátria celestial. E Deus lhes disse que viveriam nela longo tempo ou que a possuiriam por muito tempo se observassem seus mandamentos.

À época do advento de Jesus, porém, eles já estavam mais desenvolvidos e já teriam condições de serem iniciados na vida espiritual. Foi o momento para Jesus revelar-lhes: “Meu reino não é deste mundo; é nele e não na Terra, que recebereis a recompensa de vossas boas obras”.  Nestes termos, a Terra Prometida (física) passa a ser vislumbrada como a pátria celeste. Ao serem instados a obedecer ao mandamento “Honrai a vosso pai e a vossa mãe”, não é mais a terra que lhes é prometida, mas o céu.


QUEM É MINHA MÃE E QUEM SÃO MEUS IRMÃOS

“Tendo chegado à casa, nela se reuniu uma tão grande multidão que não podiam mesmo tomar seu alimento. Seus parentes, tendo sabido disso, vieram para se apoderarem dele, porque diziam que ele havia perdido o espírito. Entretanto, sua mãe e seus irmãos tendo vindo, e ficando do lado de fora, mandaram chamá-lo. Ora, o povo estava sentado ao seu redor. E lhe disse: Vossa mãe e vossos irmãos estão lá fora vos chamando. Mas ele lhes respondeu: Quem é   minha mãe e quem são meus irmãos? E olhando aqueles que estavam sentados ao seu redor: Eis, disse, minha mãe e meus irmãos, porque todo aquele que faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

Esta é uma passagem do Evangelho transcrita aqui para estudarmos a atitude de Jesus em relação à sua família, no caso descrito.  Diante do não reconhecimento de sua mãe e irmãos naquele ambiente, é estranho assumir como de Jesus aquela reação e sua consequente afirmação: “...todo aquele que faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. É claro que os incrédulos aproveitaram para ressaltar a contradição: onde a lei do amor e caridade pregada aos sete ventos?  Era estranha, sim, essa indiferença aos parentes e ao que pareceu um ato de renegar sua mãe.

O que se sabe é que seus irmãos nunca o levaram em consideração, nem compreendiam sua missão, achando-o esquisito. Talvez até partilhassem das prevenções de seus inimigos. Em relação à sua mãe, era atenta e suave com os filhos, mas parecia não entender também a missão de Jesus, pois nunca lhe prestou testemunho, como o fazia João Batista. Quanto a Jesus, imaginá-lo renegando sua própria mãe seria ignorar seu caráter e retidão. É possível que tivesse querido aproveitar a chegada de sua família para mostrar a diferença que existe entre um parentesco corporal e um parentesco artificial.


O PARENTESCO CORPORAL E O PARENTESCO ESPIRITUAL


Os laços de sangue não determinam os laços entre os Espíritos. O corpo vem do corpo, mas o Espírito não vem do Espírito, uma vez que o Espírito já existia antes de o corpo ser formado. O pai não cria o Espírito do filho, apenas cria seu envoltório corporal, mas fica, junto com a mulher que gera o novo ser, responsável por seu desenvolvimento intelectual e moral indispensável para seu progresso espiritual através da vida.

Ao encarnarem, há Espíritos que se colocam numa mesma família, como parentes próximos. São Espíritos ditos simpáticos, afeiçoados, unidos por felizes relacionamentos anteriores. Mas há casos contrários, de espíritos encarnados numa mesma família, completamente estranhos uns aos outros, divididos por antipatias também anteriores, que geram um incômodo antagonismo na nova família para lhes servir como prova. Isto posto, entendemos que os verdadeiros laços de família não os da consanguinidade, mas os da simpatia e comunhão de pensamentos que unem os Espíritos antes de sua encarnação ou durante e após a mesma. Daí   percebermos que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo espírito do que se o fossem pelo sangue.

Isso nos leva a constatar que há duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. As primeiras, com longa duração por se fortalecerem pela depuração, perpetuando-se no mundo dos Espíritos, através de migrações da alma. As últimas, de natureza frágil como é a matéria, desaparecem com o passar do tempo ou se dissolvem moralmente na própria vida em curso. Isto era exatamente o que Jesus queria que seus seguidores entendessem ao dizer: ”Eis minha mãe e meus irmãos”, ou seja, minha família espiritual, porque quem quer que faça a vontade  de meu pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

O fato de os irmãos de sangue se aproximarem de Jesus para se apoderarem dele com o pretexto de que ele havia perdido o espírito deixava à mostra a hostilidade que os animava.  Jesus usou o discurso exato, falando aos seus discípulos do ponto de vista espiritual: “Eis meus verdadeiros irmãos”. Quanto à sua mãe que acompanhava os filhos incrédulos, ficou evidente sua não inclusão na declaração de Jesus, pelo excelente modo como sempre a tratou, traduzido em cuidados, em compreensão, em amor puro e cristalino.


 Concluímos aqui o capítulo de hoje. Aviso que os trechos de Instruções dos Espíritos estão muito interessantes, esperando por vocês, queridos leitores.


E como repouso é bom com música, deixo aqui este link para vocês:

https://youtu.be/5stYikjmSkA

Se quiserem opinar sobre a música da vez, enviem sugestões. Assim, tenho chance de agradar a maior número entre vocês.



sexta-feira, agosto 21, 2015

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS Capítulo XIII Ítens 1 a 8

Poema da primavera

                                                                                                                                                                               RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS   Capítulo XIII    Itens 1 a 8

                 Que a vossa mão esquerda não saiba o que dá a vossa mão direita.


FAZER O BEM SEM OSTENTAÇÃO

Ao fazer o bem a outrem, uma atitude deve ser observada: evitar plateia. Que seja um ato discreto, um simples atendimento ao necessitado, ou o Pai não o recompensará. Isso significa que o ato de dar esmola não deve ser público, que de nada adiantará esse ato de ostentação, a não ser a aquisição da fama de piedoso por parte dos homens.
Jesus nos deu esse exemplo ao curar um leproso com um leve toque quando, ao descer a montanha, foi seguido por uma multidão. Jesus teve o cuidado de recomendar ao beneficiado que evitasse falar o fato a alguém, mas que fosse mostrar-se aos sacerdotes e oferecesse o dom prescrito por Moisés para que isso lhes servisse de testemunho.
Fazer a caridade sem alardes é uma grande coisa, esconder a mão que oferta é ato mais meritório ainda – é sinal de superioridade moral, porque para ver as coisas de mais alto que o vulgo é preciso abstrair-se da vida presente e identificar-se com a vida futura, ou seja, colocar-se acima da humanidade para renunciar à satisfação de receber o testemunho dos homens e esperar a aprovação de Deus. Os que estimam a aprovação dos homens mais que a de Deus provam que têm mais fé nos homens do que em Deus e que a vida presente é mais para ele do que a vida futura, ou mesmo, que ela não existe.
Jesus costumava repetir em suas pregações que aqueles que fazem o bem com ostentação já receberam a sua recompensa, já pagaram a si mesmos com a glorificação recebida. Deus não lhes deve mais nada, a não ser a punição de seu orgulho.
A beneficência modesta é muito bem caracterizada pela figura aqui usada: Que a mão esquerda não saiba o que dá a mão direita. Não esqueçamos, porém, que há a modéstia real e a modéstia simulada. Pessoas há que escondem a mão que dá, tendo o cuidado de deixar à mostra um pedacinho dela. Paródia grosseira das palavras de Cristo!  Que será desses benfeitores mal-intencionados perto de Deus? Eles receberam também sua recompensa na Terra: foram vistos e estão satisfeitos.
E que recompensa cabe àquele que faz pesar seus benefícios sobre o beneficiado, exigindo-lhe testemunhos de reconhecimento? Para este, não há nem a recompensa terrestre porque não ouvirá nem abençoarem seu nome. Esse tipo de dádiva em proveito próprio é benefício censurado, portanto, é moeda furada, sem nenhum valor.
Assim sendo, a beneficência sem ostentação tem mérito dobrado: além da caridade material, ela é a caridade moral que poupa a susceptibilidade do beneficiado, levado que é a aceitar o benefício sem arranhar seu amor próprio.

OS INFORTÚNIOS OCULTOS

Num ambiente de calamidade pública, há sempre uma manifestação maciça do sentido da caridade, uma ânsia de reparar os desastres ocorridos.  É uma mobilização que impressiona. Mas, ao lado desses desastres gerais, há inúmeros desastres particulares de pessoas que sofrem horrores sem a menor chance de esperar socorro. A esses sofrimentos ocultos, a generosidade genuína sabe chegar mesmo sem pedidos de assistência.
Felizmente, há muita gente consciente que pratica esse tipo de caridade. O ideal é que, paralelamente, houvesse sempre um trabalho de conscientização de grupos que se dispusessem a encarar essas experiências de socorro e viessem a diminuir o extraordinário número desses infortúnios ocultos.

O ÓBOLO DA VIÚVA

Imaginemos Jesus sentado diante do cofre das ofertas onde eram depositados valores que iriam socorrer os que não tinham condições de vida digna. Apreciava o modo como o povo atirava o dinheiro na arca do tesouro. E notou que muitas famílias ricas haviam feito altas doações. De repente, uma mulher viúva, visivelmente de fracos recursos, se aproxima e coloca na arca do tesouro duas pequenas moedas. A esta altura, Jesus convoca seus discípulos e lhes diz que aquela viúva de poucas posses teria dado mais do que todos porque, enquanto os ricos haviam doado de sua abundância, ela tirara de sua indigência tudo o que lhe restava para sustentar-se - uma lição de pura dignidade e desprendimento.
Muitas pessoas lamentam não poderem fazer tanto bem quanto desejariam por falta de recursos suficientes e, se desejam obter fortuna é para dela fazerem bom uso - intenção criteriosa e louvável. Mas não é exatamente o que acontece nos corredores da vida. Há aqueles que, mesmo desejando fazer o bem aos mais necessitados, como gostariam de começar por si mesmos, de se concederem um pouco do supérfluo que nunca tiveram, com a condição de dar aos pobres o que lhes sobrasse! Mas um valor se levanta: a verdadeira caridade pensa nos outros antes de pensar em si. No caso, a posição ideal seria procurar, pelo emprego de suas próprias forças, de sua capacidade, de seus talentos, os recursos que faltam para realizar suas pretensões generosas. Isto agradaria ao Senhor. Infelizmente, a maioria sonha com meios fáceis de enriquecer rápido e sem trabalho, correndo atrás de expedientes quiméricos. Para não falar naqueles que esperam encontrar entre os Espíritos os auxiliares para essas torpes pesquisas. Com certeza, eles não têm ideia da finalidade sagrada do Espiritismo e, ainda menos, da missão dos Espíritos os quais Deus permite se comunicarem com os homens.
Os que têm a intenção pura devem se consolar de sua impossibilidade em fazer tanto bem quanto intencionariam, pelo pensamento de que o óbolo do pobre que dá se privando é mais valioso do que o do rico que dá sem se privar de nada. A satisfação em socorrer a indigência pode ser imensa, mas se ela é negada, é preciso se submeter e se limitar a fazer o que se pode. Tire de suas horas de folga algumas para abrandar um sofrimento físico ou moral. O efeito é o do óbolo do pobre, a moeda da viúva.

CONVIDAR OS POBRES E OS ESTROPIADOS

Jesus disse: Quando fizerdes um festim, não convideis os vossos amigos, mas os pobres e os estropiados. Tomando ao pé da letra, estas palavras parecem absurdas, mas são elevadas se nelas se procura o espírito. Jesus falava figurativamente, dirigindo-se a pessoas sem capacidade de compreender os finos matizes do pensamento. Ele usava imagens fortes que correspondiam a cores berrantes. O pensamento real se traduz nesses termos: ‘ Sereis felizes porque não haverá possibilidade de retribuição, ou seja, não se deve fazer o bem pensando no que lhe pode ser devolvido, mas por prazer de fazê-lo. Entender por festim não o repasto em si, mas a participação na abundância do benfeitor.

Podem essas palavras ter ainda um sentido mais literal.  Há pessoas que só convidam para sua mesa os amigos que podem retribuir-lhes o convite. Outras encontram satisfação em chamar parentes ou amigos de vida mais contida, prestando-lhes serviço discretamente. Estes, sem arrebanhar cegos e estropiados, põem em prática a máxima de Jesus desde que o façam por benevolência, sem alarde, dissimulando habilmente o benefício com uma cordialidade sincera, verdadeira.



Chegamos ao fim do capítulo de hoje. Espero que tenham apreciado a matéria. De minha parte, acho que ela nos esclarece quanto à finalidade da ajuda ao próximo e nos leva a uma reflexão sobre a intenção válida de executar tal exercício. Vamos refletir?

Agora, o recreio, deixem-me providenciar. Seria ótimo que apresentassem sugestões para abranger maior variedade de gostos. Acham uma boa ideia? Vamos tentar. Por hoje, fico numa música bonita  que, de música boa ninguém se farta, pois não?


Até o próximo encontro em setembro.

sábado, julho 18, 2015

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS Capítulo XII Itens 1 a 8







Do jardim goiano de amigo goiano gentilmente cedido para esta postagem.
Obrigada, Adalberto Queiroz



AMAI OS VOSSOS INIMIGOS
                                                       
                                                   PAGAI O MAL COM O BEM


Em suas pregações, Jesus nos ensinou: Amai os vossos inimigos, fazei o bem àqueles que vos odeiam e orai por aqueles que vos perseguem e vos caluniam, a fim de que sejais os filhos de vosso Pai que está nos céus, que faz erguer o Sol sobre os bons e sobre os maus e faz chover sobre os justos e os injustos porque, se não amardes senão aqueles que vos amam, que recompensa disso tereis? E se não saudardes senão os vossos irmãos, que fazeis nisso mais que os outros? Se vossa justiça não for mais ampla, não entrareis no reino dos céus.
Efetivamente, amar somente aqueles que nos amam não nos diferencia dos maus que amam também as pessoas que os amam. Fazer o bem àqueles que assim procedem em relação a nós também não nos distingue dos maus que assim agem em relação aos que também lhe fazem o bem. Emprestar somente àqueles de quem esperamos o mesmo favor se as pessoas más assim procedem pelas mesmas razões? Mas se olharmos os maus não como inimigos e, sim, como irmãos e os ajudarmos sem arrogância, sem pudores e sem nada esperar como recompensa, aí, sim, seremos filhos de Deus que é sempre bom não só para os ingratos, mas para os maus também.
 Constatamos, assim, que o amor ao próximo é o princípio da caridade e podemos dizer que sua aplicação mais sublime é amar os nossos inimigos, exatamente porque é uma das maiores vitórias alcançadas sobre o egoísmo e o orgulho.
Mas nos enganamos sobre o significado do termo amor nesse particular. É preciso que fique claro que Jesus não pretendia que tivéssemos pelo inimigo a brandura que temos para com um irmão ou um amigo, com quem interagimos através da confiança, dos laços de simpatia, da comunhão de pensamentos que a amizade proporciona. Uma lei física promove efeitos de assimilação ou de repulsão de fluidos que pode ser agradável ou penosa à aproximação de um amigo ou inimigo. Amar o inimigo não é dar a ele o mesmo lugar do amigo no coração, mas auxiliá-lo a se regenerar através de atenção, cuidado, respeito presença e exemplo, afastando qualquer manifestação de orgulho ou egoísmo.
Assim, repetindo, amar os inimigos não é ter por eles um sentimento que não está na Natureza. É simplesmente evitar ter contra eles um sentimento de ódio, rancor ou apelo à vingança. É perdoar-lhes, sem segunda intenção e incondicionalmente, o mal que nos fazem sem opor-lhes obstáculos à reconciliação. É regozijar-se pelo bem que os possa alcançar. É estender-lhes a mão quando necessário. É abster-se em palavras e em ações de tudo o que possa prejudicá-los. Enfim, é retribuir-lhes em tudo o mal com o bem sem humilhá-los.  Aqueles que conseguem cumprir essas condições, estarão na linha do mandamento: Amai os vossos inimigos.
Para aquele que não crê em Deus, amar os inimigos é um verdadeiro absurdo. Como para eles o presente é tudo, não vê em seu oponente senão um ser incômodo do qual só a morte pode libertá-lo. Daí o desejo de vingança, seu orgulho salvo aos olhos da sociedade já que o perdão soa como indigna fragilidade.
Para os que creem, a visão é outra. Falarei dos espíritas que sabem que encontrarão na Terra homens maus e que a maldade que os atinge faz parte das provas que devem suportar. Sabem também que o ponto de vista em que se colocam lhes faz sentir as penas menos duras, venham de onde vierem. Se eles, os conscientes de Deus, não devem lamentar essas provas, não devem se voltar contra os que dela são os instrumentos. Em vez de lamentarem, agradecem a Deus por experimentá-los, o que lhes dá a oportunidade de provar sua paciência e resignação. Isso os conduz ao perdão e deixa-os perceber que quanto mais generosos forem, mais se engrandecerão aos próprios olhos e mais facilmente se libertarão dos ataques inimigos.
Disso tudo se depreende que o homem que se eleva moralmente, compreende que o desamor e a raiva o rebaixariam e que para enfrentar o adversário é preciso ter a alma maior.


OS INIMIGOS DESENCARNADOS 

O espírita tem mais outras razões de indulgência para com seus adversários. Primeiro, ele sabe que a maldade não é o estado permanente dos homens, que se trata de uma imperfeição do momento, para a qual há correção. Do mesmo modo que uma criança aprende a se comportar durante seu crescimento, o homem mau pode evoluir e vir a reconhecer seus erros, regenerando-se.
O espírita sabe ainda que a morte só o libera da presença material de seu inimigo e que este pode persegui-lo com seu ódio mesmo depois de desencarnado – falha da vingança em seu objetivo, mas que tem por efeito produzir uma irritação de tal proporção que se pode estender de uma vida a outra. O Espiritismo vem provar, pela experiência e pela lei que movimenta as relações do mundo visível e do mundo invisível que a conhecida expressão ’lavar o ódio com o sangue’ é absolutamente falsa – o sangue, ao contrário, conserva o ódio mesmo depois da morte. Ao Espiritismo, enfim, cabe dar uma razão de ser efetiva e uma utilidade prática ao perdão e à sublime máxima de Cristo: Amai vossos inimigos. Em verdade, não existe coração tão impiedoso que não seja bafejado por bons procedimentos, mesmo no plano inconsciente. De um inimigo pode-se fazer um amigo antes e depois de sua morte.
Podemos ter inimigos entre os encarnados e os desencarnados. Os do plano invisível atuam pelas obsessões e pelas subjugações que lesam tantas pessoas e que, finalmente, são uma   variedade das provas da vida. Provas essas que devem ser recebidas com resignação, já que visam à evolução do espírito. A condição inferior do planeta Terra responde também por muitos desses desajustes espirituais. Se não houvesse pessoas más na Terra, não haveria espíritos maus em torno dela. Por essa razão, se devemos ser indulgentes para com os inimigos encarnados, devemos ser igualmente indulgentes com os desencarnados. Aos que são chamados de demônios, o Espiritismo veio provar que não são outros senão aqueles que ainda não se despojaram dos instintos materiais e só poderão ser apaziguados pela caridade. Daí entendermos que a máxima de Jesus:  Amai vossos inimigos não está circunscrita ao ambiente estreito da Terra e da vida presente, mas se contém na grande lei da solidariedade e da fraternidade universais.


SE ALGUÉM VOS BATE COM A MÃO ESQUERDA,
APRESENTA-LHE TAMBÉM A OUTRA.

Sobre esta informação vinda do Cristo: Eu vos digo para não resistirdes ao mal que se vos queiram fazer. Se alguém vos bate na face direita, apresentai-lhe também a esquerda. E, se alguém quer demandar convosco para tomar sua túnica, abandonai a ele também vossa capa. E se alguém quer vos constranger a fazer mil passos com ele, fazei ainda dois mil. Àquele que vos pede concedei e não repilais aquele que vos tomar emprestado.
Os preconceitos do mundo sobre ponto de honra dão lugar a essa suscetibilidade negativa, originada do orgulho e do culto à personalidade, responsável por conduzir o ofendido a responder ofensa por ofensa, que é o que parece ser justiça ao homem cujo senso moral ainda não amadureceu. A lei mosaica dizia: ‘Olho por olho, dente por dente’, lei em consonância com o tempo em que viveu Moisés. Cristo, quando chegou, disse: ’Retribuí o mal com o bem’. E acrescentou: ‘Não resistais ao mal que se vos queiram fazer. Se alguém vos bater em uma face, apresentai-lhe a outra’. Esta máxima vai parecer de extrema covardia ao orgulhoso oponente que não entende que haja mais coragem em suportar um insulto do que em se vingar. Sua visão não transita além do presente. Não tomemos, porém, nada ao pé da letra, pois terminaríamos por deixar o campo livre aos maus, livrando-os do medo. Sem freios todos os maus, os bons seriam suas vítimas fáceis. O próprio instinto de conservação está aí - lei natural - para dizer que não é preciso oferecer o pescoço ao assassino. Isto significa que Jesus não proibiu a defesa, só condenou a vingança e que ao dizer que se deve oferecer uma face quando a outra é batida, é a mesma coisa que afirmar que não se deve retribuir o mal com o mal, que o homem deve aceitar com humildade tudo o que lhe possa diminuir o orgulho, pois é mais proveitoso ser ferido do que ferir, aguentar com paciência uma injustiça do que cometer uma, ser ludibriado do que ludibriar, ser arruinado do que arruinar alguém. Só a fé na vida futura e na justiça de Deus, que jamais deixa impune o mal, pode nos dar a força de suportar pacientemente os males dirigidos contra os nossos interesses e o nosso amor próprio Enfim, não nos deixemos magoar pelas coisas da Terra, mantendo-nos elevados pelo pensamento.



Concluído o capítulo de hoje, repito aqui a mesma consideração feita na postagem anterior: Procurem ler no Evangelho segundo o Espiritismo, de qualquer edição, os tópicos de Instruções dos Espíritos, do capítulo XII sobre ódio e vingança. São ilustrações, testemunhos, que complementam a releitura de hoje.






 "O pensamento é a nossa capacidade criativa em ação. Em qualquer tempo. é muito importante não nosos esquecermos disso"

André Luiz /do livro RESPOSTAS DA VIDA


 



    "Cultive bons pensamentos e materialize-os em forma de conversação sadia,  de opiniões sensatas, em obras para o bem comum hoje, amanhã e sempre."

Felinto Elízio Duarte Campelo

segunda-feira, junho 22, 2015

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS Capítulo XI Ítens 1 a 9

Wesley Duke Lee     ABSTRATO   Óleo sobre tela


RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS    Capítulo XI    Itens 1 a 9

O capítulo de hoje trata de um mandamento de extrema relevância - Amar o próximo como a si mesmo, que significa fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem. É um mandamento que vem complementar o primeiro e o maior dos mandamentos - Amar a Deus sobre todas as coisas.                                          
Tendo tido conhecimento de que Jesus houvera calado a boca dos Saduceus, os Fariseus reuniram-se com o propósito de encontrar um meio de embaraçar Jesus em sua prédica pública e deixá-lo desacreditado diante de seus seguidores.  Um deles, doutor da lei, emitiu simuladamente a seguinte pergunta: Mestre, qual o maior mandamento da lei? E Jesus respondeu: “Amareis o Senhor vosso Deus de todo vosso coração, de toda vossa alma, de todo o vosso espírito”. É o maior e o primeiro mandamento.
O segundo mandamento é semelhante ao primeiro: “Amareis vosso próximo como a vós mesmos”.  E isto significa: tratar todos os homens da mesma forma que quereríamos que eles nos tratassem. Toda a lei e os profetas estão contidos nesses dois mandamentos.
O reino dos céus é comparado a um rei que resolveu conhecer a conta dos seus servidores para consigo e, tendo começado a agir, recebeu um deles que lhe devia dez mil talentos. Como, porém, o súdito não possuía os meios de pagar sua dívida, recebeu a pena de vender ao seu senhor a sua mulher, seus filhos e tudo mais que possuísse para resolver a questão. Desesperado, o homem, ajoelhando-se, suplicou: -Senhor, tende paciência e logo restituirei tudo que vos devo hoje. Tocado de compaixão, o senhor deixou-o ir embora, perdoando-lhe a dívida. O tal servidor afastou-se apressado logo alcançando a rua, onde encontrou um de seus companheiros que lhe devia cem dinheiros. Não titubeou em exigir a quantia em suas mãos imediatamente. Não ouviu as súplicas do outro e providenciou sua prisão. Diante de tal intolerância, os demais companheiros correram a contar ao rei o que acabavam de presenciar. Fazendo-o voltar, o soberano interpelou-o duramente, condenando-o por sua atitude com o companheiro que lhe implorava apenas um pouco mais de tempo. E, sem vacilar, entregou-o às mãos dos carrascos.
É desse modo que o Pai, que tudo vê, nos irá tratar, se cada um de nós não aprender a perdoar verdadeiramente a seu irmão as faltas cometidas.
Esse mandamento “Amar ao próximo como a si mesmo” que significa “fazer aos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós” é a mais alta expressão da caridade por condensar todos os nossos deveres para com o próximo. Hoje e sempre, nosso melhor guia será tomar esta medida: fazer ao outro aquilo que se deseja para si mesmo. A prática desse princípio destruirá o egoísmo e nos conduzirá à verdadeira fraternidade, à paz e à justiça.

Dar a César o que é de César

Diante da resposta de Jesus, os fariseus se retiraram, mas decidiram tornar a armar uma situação em que surpreendessem o Mestre em suas palavras. Para lá seguiram seus discípulos com os Herodianos e lançaram a pergunta insidiosa: - Senhor, sabendo que sois verdadeiro e que ensinais o caminho de Deus pela verdade, sem distinções, orientai-nos num ponto: É-nos permitido pagar o tributo a César ou não? Percebendo a armadilha em que queriam envolvê-lo, Jesus solicita que lhe mostrem a peça de dinheiro com que se paga um tributo. Apresentada a moeda, Jesus indaga de quem é a imagem e a inscrição gravadas na peça. Ao que eles respondem: De César. Então, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Surpreendidos com tal resposta, retiraram-se do local. E como os Judeus repeliam esse tributo imposto pelos romanos, logo a situação transformou-se em questão religiosa. Na verdade, o recurso dessa armadilha visava a um resultado drástico que seria excitar contra Jesus a autoridade romana ou os judeus dissidentes. Tendo percebido a tentativa de provocação, o Mestre deu-lhes uma lição de justiça, mandando-os restituírem a cada um o que lhe era devido.
Enfim, a máxima ‘Dar a César o que é de César’ não deve ser entendida de modo absoluto - é um princípio geral, simplificado numa forma usual e deduzido de uma circunstância particular, ou seja, essa máxima é uma consequência daquela que manda agir com os outros como quereríamos que os outros agissem conosco, condenando todo prejuízo material e moral causado a outrem. E prega o respeito dos direitos de cada um como cada um deseja que se respeite os seus, estendendo-se ao cumprimento dos deveres contraídos com a família, a sociedade, a autoridade, com os indivíduos.

Nota I – Este capítulo vem enriquecido de instruções de Espíritos esclarecidos e é aconselhável que vocês tomem conhecimento desses testemunhos A instrução é a mesma dada no capítulo anterior.  Depois da exposição do capítulo XI, procurar em O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO o tópico INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS. Encontrarão textos excelentes falando da Lei do Amor, de Egoísmo, de Fé e Caridade. Muito especial é o depoimento sobre CARIDADE PARA COM OS CRIMINOSOS.

Uma contribuição caseira vem abrir esta parte recreativa, enquanto escolho um vídeo para vocês:

  Este mundo insano 

Soltas voláteis tantas as ideias
Difícil aprisioná-las contê-las
Fugidias não se deixam prender 
Não se deixam enredar

As palavras gastas vazias
Jazem sem fôlego sem autenticidade
À espera de uma centelha nova 
Que lhes instile força e energia.

Concede-nos então, Senhor,
Ainda que fortuitamente
O dom da 'poiesis' o espírito, a verve
 A força a inspiração do poeta.

E faze-nos tornar tais ideias
Em palavras-verdade que liberadas
Se espalhem se expandam, abençoem
curem este mundo atordoado, doente.

                                          Rio/2007

Ouçamos agora Laura Ullrich interpretando Ave Maria de Gounod
       
                                       
E até o próximo post.

quarta-feira, maio 27, 2015

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS Capítulo X Itens 14 a 21






RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS     Capítulo X      Itens 14 a 21


Eu deveria hoje comentar os itens acima que ilustram a matéria explicada no post anterior, focalizando os temas PERDÃO DAS OFENSAS e INDULGÊNCIA. No entanto, o que encontrei foram textos de leitura fácil, em tom explicativo, perfeitamente compreensíveis, da pena de instrutores espirituais, a saber, Simeão (Bordéus/1862) e Paulo, apóstolo (Lião/1661) sobre o tema Perdão das Ofensas. E José (Bordéus/1863) e João (Bordéus/1862), Dufêtre (Bordéus) e S.Luís (Paris/1860) sobre o tema Indulgência.  Vocês podem procurar esses textos nas três últimas folhas do capítulo X de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, sob o título Instruções dos Espíritos.
No entanto, dada a facilidade que vocês encontrarão na matéria acima apontada, trago-lhes um artigo muito interessante de nossa companheira de fé, Leda Flaborea, colunista da Revista O CONSOLADOR. Muitas vezes, trouxe-a a este blog antes de começar a série de capítulos de Recapitulação do Evangelho, vocês devem estar lembrados. Vamos, assim, reverenciar nossa cronista que nos traz o sugestivo título No auxílio a todos.

Rosas pra você, Leda, merecidas rosas.






                                             NO AUXÍLIO A TODOS
                                      Leda Flaborea, São paulo

“Pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida justa e sossegada em toda a piedade e honestidade.” – 
Paulo¹
Se observarmos nossas conversas e nossas preces, poderemos notar que, na maioria das vezes, nos lembramos das dificuldades e das aflições dos menos felizes no mundo. Quase sempre nossos pensamentos e palavras se voltam para os enfermos, para os desesperados, afundados na miséria ou vitimados por flagelos naturais ou públicos. Para essas criaturas somos capazes de relacionar suas necessidades e tentar ajudá-las, na medida das nossas possibilidades.
Todavia, Paulo, nessa carta ao seu amigo e companheiro de luta, Timóteo, lembra-nos que não são apenas os menos afortunados que precisam das nossas preces ou dos nossos pensamentos amorosos mas, e sobretudo, aqueles que de posse dos cargos de mando ou de riquezas imensas são muito mais tentados aos erros que os primeiros.
A oração, marco renovador de nossas forças, propicia-nos, sobremaneira, a oportunidade de nos voltarmos para essas criaturas que, sob o peso da autoridade, comandam, dirigem, orientam, esclarecem e instruem. Esquecemo-nos, quase sempre, dos tormentos que vivem esses corações quando precisam decidir o destino de tantos, arcando, perante as leis dos homens e as Leis de Deus, com a carga de responsabilidade sobre suas escolhas.
Longe deveríamos estar da cobiça que esse poder confere, pois não ignoramos que, a cada um sendo dado segundo as suas obras, nos levará a tentações e provas ocultas de toda espécie das quais, dificilmente, como coletividade, tomamos conhecimento. Quantas dúvidas, quanto desespero abrigam, muitas vezes, esses corações encaminhados a essas tarefas. Quantas vicissitudes experimentam que muitas, podemos ver, acabam por se refletirem nas decisões que tomam.
Se examinarmos nossa vida diária e prestarmos atenção às inúmeras vezes que tivemos de fazer escolhas, que não envolviam apenas a nós, nossa vida, mas a vida das pessoas que nos cercam; e se nos lembrarmos das imensas dificuldades que experimentamos pelo medo de errar, pela incerteza de se estar fazendo ou não o melhor, é fácil entendermos a proporção das dificuldades daquele que é encaminhado à eminência do poder, e que deve fazer escolhas que envolvem, muitas vezes, uma nação. A própria história da humanidade nos mostra esses homens, levando seus rebanhos como pastores enlouquecidos, carregando aflições de todos os tipos, que se projetam sobre as ovelhas que deveriam conduzir nos caminhos do equilíbrio e da prosperidade.
De um lado, os condutores desequilibrados; de outro, homens conduzidos que recolhem para si essas atitudes - como se fossem corretas -, sem se darem conta de que estão sendo atirados às calamidades físicas e morais, a moléstias coletivas de longo curso, que atrasam a evolução e atormentam a vida. Homens que não colocam, sob o crivo da razão, a lógica de suas escolhas, sejam elas de comando ou, simplesmente, de aceitação.
O Apóstolo Paulo lembra, em sua carta, que esses homens também são nossos irmãos, conduzidos à excelência do poder e da fortuna, da administração ou da liderança, carregando, em todos os momentos, tentações e provas de todas as espécies e levando consigo, através de estados conscienciais de luz ou sombra, as consequências advindas dessa condução.
Recorda-nos, também, Emmanuel, das vezes em que, examinando a conduta desses companheiros, nessa ou naquela circunstância difícil, condenamos suas dificuldades morais, esquecendo-nos dos dias de cinza e de pranto em que o Senhor nos susteve a queda a poucos milímetros da derrota.  Porém, mais grave do que isso, é acreditarmos que não mais teremos problemas pela frente, julgando com severidade e impiedosamente, como se fôssemos incapazes de cometer os mesmos enganos, se colocados na posição do outro, envolvidos nas mesmas circunstâncias e experimentando as mesmas dúvidas.
Todo serviço que deixarmos incompleto na retaguarda encontrar-nos-á no caminho, para que o terminemos. E “qualquer que seja esse remate a ser feito, em todas as nossas lutas, o fecho do amor, em nome de Jesus, será o selo da paz a nos nortear a jornada”. ² A pedra que atirarmos em telhado alheio voltará com o tempo sobre nosso próprio teto; assim como o veneno que destilarmos sobre a esperança de quem quer que seja retornará sobre nossa esperança, nos testando a resistência. E quantos de nós já não experimentam, hoje, do próprio veneno?
Emmanuel diz: “Não nos esqueçamos, pois, da oração pelos que dirigem, auxiliando-os com a bênção da simpatia e da compaixão, não só para que se desincumbam zelosamente dos compromissos que lhes selam a rota, mas também para que vivamos, com o sadio exemplo deles, na verdadeira caridade uns para com os outros, sob a inspiração da honestidade, que é a base de segurança em nosso caminho”. ³ E se a nação é conjunto de cidades, se a cidade é um agrupamento de lares e se o lar é um ninho de corações, não nos iludamos, pois, ao pretender imaginar que apenas aqueles que estão na posse do poder temporário têm obrigações com a sociedade. Cada um de nós, no nosso lar, é o responsável pela harmonia e pelo progresso de todos os outros que compõem esse grupo.
A harmonia começará, sempre, no íntimo do nosso ser: “Não faço nada para não ter trabalho depois” – e isto é inércia e não harmonia –, quando deveria ser: “Porque procuro modificar minha forma de ver o outro para, procurando ser uma pessoa melhor, compreender suas dificuldades, seus limites e, através do meu exemplo, ajudá-lo a evoluir junto comigo”.
Lembra-nos, ainda, mais uma vez, o Instrutor Emmanuel que mesmo havendo razões de queixa, que sejamos a cooperação para que o equilíbrio seja restaurado e a consolação que refaz esperanças, ainda que espinhos nasçam e se espalhem. É imprescindível reafirmarmos, a cada dia, o compromisso do serviço junto a Jesus, silenciando sempre onde não possamos agir em socorro do próximo.
Só podemos cobrar dos outros aquilo que já faz parte da nossa forma de viver e de entender o mundo e as pessoas.  Vamos assim, antes de criticar, examinar como procedemos em nosso círculo de existência.
Por sermos todos Espíritos endividados com as leis Divinas, não nos esqueçamos de que ninguém fugirá ao julgamento da Lei Eterna. Desta maneira, quando nos recolhermos em preces ou quando em reuniões esclarecedoras, lembremo-nos de pedir, de suplicar a Deus, inspirados na prece do Espírito Cerinto, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, em novembro de 1955: 
-         “... não pelos que choram, mas pelos que fazem as lágrimas.
-         não pelos que padecem, mas supliquemos bênçãos para todos aqueles que provocam o sofrimento.
-         não lembremos a Deus os fracos da Terra, mas recordemos quantos se julgam poderosos e vencedores.
-         Não intercedamos pelos que soluçam de fome, mas roguemos amor para os que furtam o pão.
Elevemos nossos pensamentos ao Senhor Todo Bondoso...
-         e não entreguemos a Ele os que sangram de angústia, mas sim os que golpeiam e ferem.
-         não peçamos pelos que sofrem injustiças, mas roguemos por aqueles que são empreiteiros do crime.
-         não apresentemos a Ele os desprotegidos da sorte, mas roguemos Seu amparo aos que estendem a aflição e a miséria.
-         não imploremos o favor de Deus para as almas traídas, mas supliquemos o socorro para os que tecem os fios envenenados da ingratidão.
Ergamos nossas súplicas ao Pai compassivo para que Ele estenda suas mãos sobre os que vagueiam nas trevas...
E roguemos a Ele que anule o pensamento insensato; que cerre os lábios que induzem à tentação; que paralise os braços que apedrejam e que detenha os passos de quem distribui a morte.
Rogamos, em verdade, Senhor, por todos nós, os filhos do erro, porque somente assim, Pai de Misericórdia, poderemos construir o paraíso do Bem com todos aqueles que já O compreendem e obedecem a Suas leis eternas, porque justas e verdadeiras, a fim de que se extinga o inferno daqueles que, como nós, se atiram desprevenidos aos loucos redemoinhos do mal”. 
Que o Mestre Jesus nos guarde nas decisões acertadas e nos inspire para que continuemos lutando na melhoria de nós próprios.

Bibliografia:
1 – PAULO, I Timóteo, 2:2.
2 – EMMANUEL (Espírito) – Palavras de Vida Eterna. [psicografado por] F. C. Xavier, 20ª ed., Edições CEC, UBERABA/MG - Lição 39.
3 –Idem – Lição 40
Para reflexão:
KARDEC, Allan - O Evangelho segundo o Espiritismo – capítulo XVI.