sexta-feira, agosto 21, 2015

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS Capítulo XIII Ítens 1 a 8

Poema da primavera

                                                                                                                                                                               RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS   Capítulo XIII    Itens 1 a 8

                 Que a vossa mão esquerda não saiba o que dá a vossa mão direita.


FAZER O BEM SEM OSTENTAÇÃO

Ao fazer o bem a outrem, uma atitude deve ser observada: evitar plateia. Que seja um ato discreto, um simples atendimento ao necessitado, ou o Pai não o recompensará. Isso significa que o ato de dar esmola não deve ser público, que de nada adiantará esse ato de ostentação, a não ser a aquisição da fama de piedoso por parte dos homens.
Jesus nos deu esse exemplo ao curar um leproso com um leve toque quando, ao descer a montanha, foi seguido por uma multidão. Jesus teve o cuidado de recomendar ao beneficiado que evitasse falar o fato a alguém, mas que fosse mostrar-se aos sacerdotes e oferecesse o dom prescrito por Moisés para que isso lhes servisse de testemunho.
Fazer a caridade sem alardes é uma grande coisa, esconder a mão que oferta é ato mais meritório ainda – é sinal de superioridade moral, porque para ver as coisas de mais alto que o vulgo é preciso abstrair-se da vida presente e identificar-se com a vida futura, ou seja, colocar-se acima da humanidade para renunciar à satisfação de receber o testemunho dos homens e esperar a aprovação de Deus. Os que estimam a aprovação dos homens mais que a de Deus provam que têm mais fé nos homens do que em Deus e que a vida presente é mais para ele do que a vida futura, ou mesmo, que ela não existe.
Jesus costumava repetir em suas pregações que aqueles que fazem o bem com ostentação já receberam a sua recompensa, já pagaram a si mesmos com a glorificação recebida. Deus não lhes deve mais nada, a não ser a punição de seu orgulho.
A beneficência modesta é muito bem caracterizada pela figura aqui usada: Que a mão esquerda não saiba o que dá a mão direita. Não esqueçamos, porém, que há a modéstia real e a modéstia simulada. Pessoas há que escondem a mão que dá, tendo o cuidado de deixar à mostra um pedacinho dela. Paródia grosseira das palavras de Cristo!  Que será desses benfeitores mal-intencionados perto de Deus? Eles receberam também sua recompensa na Terra: foram vistos e estão satisfeitos.
E que recompensa cabe àquele que faz pesar seus benefícios sobre o beneficiado, exigindo-lhe testemunhos de reconhecimento? Para este, não há nem a recompensa terrestre porque não ouvirá nem abençoarem seu nome. Esse tipo de dádiva em proveito próprio é benefício censurado, portanto, é moeda furada, sem nenhum valor.
Assim sendo, a beneficência sem ostentação tem mérito dobrado: além da caridade material, ela é a caridade moral que poupa a susceptibilidade do beneficiado, levado que é a aceitar o benefício sem arranhar seu amor próprio.

OS INFORTÚNIOS OCULTOS

Num ambiente de calamidade pública, há sempre uma manifestação maciça do sentido da caridade, uma ânsia de reparar os desastres ocorridos.  É uma mobilização que impressiona. Mas, ao lado desses desastres gerais, há inúmeros desastres particulares de pessoas que sofrem horrores sem a menor chance de esperar socorro. A esses sofrimentos ocultos, a generosidade genuína sabe chegar mesmo sem pedidos de assistência.
Felizmente, há muita gente consciente que pratica esse tipo de caridade. O ideal é que, paralelamente, houvesse sempre um trabalho de conscientização de grupos que se dispusessem a encarar essas experiências de socorro e viessem a diminuir o extraordinário número desses infortúnios ocultos.

O ÓBOLO DA VIÚVA

Imaginemos Jesus sentado diante do cofre das ofertas onde eram depositados valores que iriam socorrer os que não tinham condições de vida digna. Apreciava o modo como o povo atirava o dinheiro na arca do tesouro. E notou que muitas famílias ricas haviam feito altas doações. De repente, uma mulher viúva, visivelmente de fracos recursos, se aproxima e coloca na arca do tesouro duas pequenas moedas. A esta altura, Jesus convoca seus discípulos e lhes diz que aquela viúva de poucas posses teria dado mais do que todos porque, enquanto os ricos haviam doado de sua abundância, ela tirara de sua indigência tudo o que lhe restava para sustentar-se - uma lição de pura dignidade e desprendimento.
Muitas pessoas lamentam não poderem fazer tanto bem quanto desejariam por falta de recursos suficientes e, se desejam obter fortuna é para dela fazerem bom uso - intenção criteriosa e louvável. Mas não é exatamente o que acontece nos corredores da vida. Há aqueles que, mesmo desejando fazer o bem aos mais necessitados, como gostariam de começar por si mesmos, de se concederem um pouco do supérfluo que nunca tiveram, com a condição de dar aos pobres o que lhes sobrasse! Mas um valor se levanta: a verdadeira caridade pensa nos outros antes de pensar em si. No caso, a posição ideal seria procurar, pelo emprego de suas próprias forças, de sua capacidade, de seus talentos, os recursos que faltam para realizar suas pretensões generosas. Isto agradaria ao Senhor. Infelizmente, a maioria sonha com meios fáceis de enriquecer rápido e sem trabalho, correndo atrás de expedientes quiméricos. Para não falar naqueles que esperam encontrar entre os Espíritos os auxiliares para essas torpes pesquisas. Com certeza, eles não têm ideia da finalidade sagrada do Espiritismo e, ainda menos, da missão dos Espíritos os quais Deus permite se comunicarem com os homens.
Os que têm a intenção pura devem se consolar de sua impossibilidade em fazer tanto bem quanto intencionariam, pelo pensamento de que o óbolo do pobre que dá se privando é mais valioso do que o do rico que dá sem se privar de nada. A satisfação em socorrer a indigência pode ser imensa, mas se ela é negada, é preciso se submeter e se limitar a fazer o que se pode. Tire de suas horas de folga algumas para abrandar um sofrimento físico ou moral. O efeito é o do óbolo do pobre, a moeda da viúva.

CONVIDAR OS POBRES E OS ESTROPIADOS

Jesus disse: Quando fizerdes um festim, não convideis os vossos amigos, mas os pobres e os estropiados. Tomando ao pé da letra, estas palavras parecem absurdas, mas são elevadas se nelas se procura o espírito. Jesus falava figurativamente, dirigindo-se a pessoas sem capacidade de compreender os finos matizes do pensamento. Ele usava imagens fortes que correspondiam a cores berrantes. O pensamento real se traduz nesses termos: ‘ Sereis felizes porque não haverá possibilidade de retribuição, ou seja, não se deve fazer o bem pensando no que lhe pode ser devolvido, mas por prazer de fazê-lo. Entender por festim não o repasto em si, mas a participação na abundância do benfeitor.

Podem essas palavras ter ainda um sentido mais literal.  Há pessoas que só convidam para sua mesa os amigos que podem retribuir-lhes o convite. Outras encontram satisfação em chamar parentes ou amigos de vida mais contida, prestando-lhes serviço discretamente. Estes, sem arrebanhar cegos e estropiados, põem em prática a máxima de Jesus desde que o façam por benevolência, sem alarde, dissimulando habilmente o benefício com uma cordialidade sincera, verdadeira.



Chegamos ao fim do capítulo de hoje. Espero que tenham apreciado a matéria. De minha parte, acho que ela nos esclarece quanto à finalidade da ajuda ao próximo e nos leva a uma reflexão sobre a intenção válida de executar tal exercício. Vamos refletir?

Agora, o recreio, deixem-me providenciar. Seria ótimo que apresentassem sugestões para abranger maior variedade de gostos. Acham uma boa ideia? Vamos tentar. Por hoje, fico numa música bonita  que, de música boa ninguém se farta, pois não?


Até o próximo encontro em setembro.