segunda-feira, maio 12, 2003

Para as mães que me lêem, vou postar um soneto e um poema lindo da Florbela Spanca.

Mãezinha
Andam em mim fantasmas, sombras, ais...
Coisas que sinto em mim, que eu sinto agora;
Névoas de dantes, dum longínquo outrora;
Castelos d´oiro em mundos irreais...

Gotas d´água tombando...Roseirais
A desfolhar-se em mim como quem chora...
- E um ano vale um dia ou uma hora,
Se tu me vais fugindo mais e mais!...

Ó meu Amor, meu seio é como um berço!
Ondula brandamente...brandamente... ..
Num ritmo escultural d´onda ou de verso!

No mundo quem te vê?! Ele é enorme!...
Amor, sou tua mãe! Vá...docemente
Poisa a cabrea...fecha os olhos...dorme...

E, em contrapartida, ainda da mesma poetisa,

Filhos

Filhos são as nossas almas,
Desabrochadas em flores;
Filhos, estrelas caídas
No mundo das nossas dores!

Filhos, aves que chilreiam
No ninho do nosso amor,
Mensageiros da felicidade
Mandados pelo Senhor!

Filhos, sonhos adorados,
Beijos que nascem de risos;
Sol que aquenta e dá luz
E se desfaz em sorrisos!

Em todo peito bendito
Criado pelo bom Deus,
Há uma alma de mãe
Que sofre p´los filhos seus!

Filhos! Na su´a alma casta,
A nossa alma revive...
Eu sofro pelas saudades
Dos filhos que nunca tive!...


Que tal? Saímos um pouco da temática religiosa, para espairecer, se bem que falar de mães e filhos é mesmo que contemplar uma religião.

Até o próximo encontro.