quinta-feira, janeiro 01, 2015

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS

                                               
                                       Vaso de Flores                 Anita Malfati

                                RECAPITULANDO  O EVANGELHO DE JESUS
                                Capítulo VIII      Itens 1 a 7

  
BEM-AVENTURADOS OS PUROS DE CORAÇÃO                

DEIXAI VIR A MIM AS CRIANCINHAS


“Bem-aventurados aqueles que teem puro o coração porque verão a Deus”.
“Apresentaram-lhe então as criancinhas a fim de que ele as tocasse; e como seus discípulos afastassem com palavras rudes aqueles que as apresentavam, Jesus vendo isso zangou-se e lhes disse: Deixai vir a mim as criancinhas, e não as impeçais; porque o reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham. Eu vos digo em verdade, todo aquele que não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará. E as tendo abraçado, as abençoou impondo-lhes as mãos.”
Efetivamente, a pureza de coração tem ligação estreita com a simplicidade e a humildade e rejeita totalmente todo pensamento de egoísmo e de orgulho. Esta é a razão pela qual Jesus considera a infância como símbolo dessa pureza, como o fez para o da humildade. Pode parecer injusta essa comparação, considerando-se que o Espírito da criança pode ser muito velho e, por conta disso, voltando à vida corporal, possa trazer as imperfeições de que não se livrou em existências anteriores. Só um espírito que atingiu a perfeição poderia ser modelo da verdadeira pureza. Em verdade, porém, do ponto de vista da vida presente, a criança nos oferece o retrato da inocência, sim, por não ter tido tempo ainda de manifestar nenhuma tendência perversa. E Jesus, na realidade, não afirma que o reino de Deus é para elas, mas para aqueles que a elas se assemelham. Se, porém, o espírito que reencarna já existiu, por que não se apresenta ele, a partir do de seu novo encarne, com suas características anteriores? Todas as ações de Deus são sábias. Uma criancinha é um ser dependente, precisando de cuidados delicados que só a ternura materna é capaz de oferecer, sentimento que se dilata em presença da fraqueza e ingenuidade infantil. A criança precisa dessa solicitude e desse desprendimento maternos para se desenvolver bem, física e espiritualmente. Aliás, seria preciso que a atividade do princípio inteligente fosse proporcional à fraqueza do corpo que não poderia resistir a uma atividade muito grande do Espírito, assim como presenciamos entre crianças muito precoces. Por esse motivo, com a proximidade da encarnação, o Espírito perde pouco a pouco a consciência de si mesmo, permanecendo num estado de sono, durante o qual suas faculdades se conservam em estado latente. Trata-se de um estado transitório, necessário para dar ao Espírito um novo ponto de partida e fazê-lo esquecer coisas que poderiam perturbá-lo na nova existência terrestre. No entanto, seu passado reage sobre ele, que brota para a nova vida mais forte moral e intelectualmente, amparado pela intuição que lhe resta das experiências anteriores.
Nascido, suas ideias experimentam um gradual impulso, à proporção que seus órgãos se desenvolvem. Daí, dizer-se que, durante os primeiros anos, o Espírito conserva-se criança já que as ideias que lhe formam o caráter ainda estão adormecidas. Com os instintos dormitando, ele é mais flexível e, dessa forma, mais moldável às impressões que podem modificar sua natureza e fazê-lo progredir, o que facilitará aos pais a tarefa de educar. E o Espírito continua por mais um tempo na faixa da inocência.
Logo, Jesus está com a razão quando, apesar da anterioridade da alma, considera a criança como símbolo da pureza e da simplicidade.


Pecado por pensamento: Adultério

Aos Antigos foi dito: ‘Não cometereis adultério. Mas eu vos digo que todo aquele que tiver olhado uma mulher com um mau desejo por ela, já cometeu adultério com ela, em seu coração”.
A palavra adultério aqui deve ser tomada num sentido mais largo. Jesus a empregou em sentido amplo, para designar o mal, o pecado, enfim, todo pensamento malsão. A pureza verdadeira não está só nos atos, mas no pensamento também. Daí Jesus considerar o mau pensamento um sinal de impureza.

Esse é um princípio que nos leva à seguinte indagação: um pensamento mau, não seguido de efeito, pode modificar a natureza de um Espírito e fazê-lo progredir?

Uma alma infratora, que avança na vida espiritual e, aos poucos, se despoja de suas impurezas, tende a reagir aos pensamentos impuros e, se consegue repeli-los, sente-se mais firme e mais segura com sua vitória - não cometeu pecado. Já a que não teve boa intenção e só não praticou a má ação por falta de oportunidade, essa é tão culpada quanto seria se a tivesse cometido. Já a que não teve boa intenção e só não praticou a má ação por falta de oportunidade, essa é tão culpada como se a tivesse cometido.
Em resumo, o progresso é um fato na pessoa que não concebe o mal. Na pessoa que chega a concebê-lo, mas consegue reagir e se supera, o progresso está em pleno curso. Naquela que se compraz no mau caminho, o mal ainda está em pleno vigor.  Deus, que é justo por excelência, pesa todas essas diferenças na responsabilidade dos atos e dos pensamentos de suas criaturas.