Oil Painting Classic Figures
BEM AVENTURADOS OS AFLITOS
1. Bem aventurados os que choram porque serão
consolados. Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão
saciados. Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça porque o reino
dos céus é para eles.
2. Vós sois aventurados, vós que sois
pobres, porque o reino dos céus é para vós. Vós sois bem-aventurados, vós que
agora tendes fome, porque sereis saciados. Vós sois felizes, vós que agora
chorais, porque rireis.
3. Mas, ai de vós, ricos! Porque tendes
vossa consolação neste mundo. Ai de vós que estais saciados, porque tereis
fome. Ai de vós que rides agora, porque sereis reduzidos ao pranto e às
lágrimas.
Vamos agora, a partir
destas referências bíblicas, procurar alcançar a verdadeira essência de seu
significado.
JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES
Da leitura acima, entendemos que as
compensações que Jesus promete aos aflitos só podem ocorrer em vida futura. Sem
a certeza de que voltaremos a viver, essas máximas não teriam
sentido, soariam como enganosas. E,
mesmo desse modo, é difícil compreender a necessidade de sofrer para ser feliz,
ou seja, para se ter mais mérito. Daí as indagações como as que se seguem: Por
que uns sofrem mais do que os outros? Porque uns nascem em meio tão carente e
outros em berço opulento, sem que tivessem feito algo que justificasse a
diferença? Por que para uns tudo é difícil de conquistar e para outros as
chances acontecem? É muito difícil ver os bens e os males tão desigualmente
divididos entre vício e virtude; mais ainda, constatar o absurdo de homens
virtuosos sofrerem ao lado de homens maus que conseguem prosperar. A percepção
de uma vida futura pode alimentar a fé, influir como consolo, conduzir à
paciência, mas não explica esses desajustes que parecem desmerecer a justiça
divina. No entanto, desde que se admita Deus, é impossível concebê-lo alijado
de perfeição infinita - todo amor, todo poder, todo justiça e bondade - ou não
seria DEUS. E não agiria por propósito ou por leviandade. Donde se conclui que
os sofrimentos da vida têm uma causa e sendo Deus justo, é justa essa causa.
Deus posicionou os homens em relação a essa causa através dos ensinamentos de
Jesus. Hoje, julgando- os amadurecidos para
compreendê-la, revelou-a por inteiro pela voz dos Espíritos.
CAUSAS
ATUAIS DAS AFLIÇÕES
De duas fontes derivam
as vicissitudes da vida: umas têm sua causa na vida presente; outras, fora
dela. Considerando a fonte dos males terrenos, reconhece-se que muitos deles são
o resultado natural do caráter e do comportamento daqueles que os suportam.
Muitos homens falham por seus próprios erros, não raro fazendo vítimas de seu
orgulho e da sua ambição, arruinando-se por falta de ordem e de limites.
Exemplos de situações infelizes são tantos, como o de uniões desastradas
baseadas no interesse ou na vaidade sem participação do sentimento e da vontade
de manter uma relação firme. Desavenças
de toda ordem podem ser evitadas com o controle e a tolerância das partes
envolvidas: pais em confronto com filhos por não terem sabido dar a eles os
limites necessários, por fraqueza ou indiferença, deixando-os expostos à ação
dos germes do egoísmo e da vaidade inconseqüente que secam o coração; na hora
da colheita, sentem-se atingidos pela indiferença e desamor dos seus próprios
filhos. Que todos os que são atingidos por sofrimentos e decepções se
interroguem a si mesmos, vasculhem sua consciência, voltem progressivamente à
fonte dos males que os angustiam e entenderão que eles próprios poderiam ter
evitado tais resultados, se tivessem agido com mais discernimento e coragem. O
homem tende sempre a procurar o responsável pelas suas dores, desamores e
infelicidades esquecendo sua incúria, sua falta de habilidade. E o homem
somente minorará e evitará tais males quando trabalhar por seu aprimoramento
moral e intelectual. A lei dos homens existe e é executada, alcança certas
faltas e as pune, fazendo o condenado suportar as consequências do que
praticou. Mas a lei não consegue alcançar todas as falhas; ela atinge mais especificamente
as que prejudicam a sociedade e não aquelas que não prejudicam senão aqueles
que a cometem. Deus, porém, zela pelo progresso de todas as suas criaturas, não
deixando impune nenhum desvio do caminho reto. Não há uma só infração à sua lei
que não tenha consequências justas: o homem responde sempre pelo que praticou.
O sofrimento que resultar disso para ele será uma advertência de que pecou, o
que o fará distinguir a diferença entre o bem e o mal e a necessidade de se
melhorar para evitar desgostos no futuro. Sem isso, não teria motivação para
corrigir-se, o que retardaria seu adiantamento. Pode, porém, suceder que a
experiência surja tarde, quando a situação já se tornou incontornável e o mal
não encontra mais remédio. Então, com as forças gastas, o homem reconhece o
prejuízo e percebe: se, no princípio, eu soubesse o que sei hoje, teria agido
de outro modo. Felizmente há sempre uma esperança de reação. Uma vida foi
prejudicada, mas há sempre oportunidade de recuperação: uma nova vida
despontará na qual ele poderá aproveitar a experiência vivida por um futuro útil
e saudável.
Bernardo Cid convida-nos a refletir sobre o texto
REFLEXÕES / Bernardo Cid