sábado, fevereiro 01, 2014

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS CAP.V ITENS 1 a 5



                     
        Oil Painting Classic Figures         
       
                  

                BEM AVENTURADOS OS AFLITOS

1.     Bem aventurados os que choram porque serão consolados. Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados. Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça porque o reino dos céus é para eles.
2.    Vós sois aventurados, vós que sois pobres, porque o reino dos céus é para vós. Vós sois bem-aventurados, vós que agora tendes fome, porque sereis saciados. Vós sois felizes, vós que agora chorais, porque rireis.
3.     Mas, ai de vós, ricos! Porque tendes vossa consolação neste mundo. Ai de vós que estais saciados, porque tereis fome. Ai de vós que rides agora, porque sereis reduzidos ao pranto e às lágrimas.
                          
               Vamos agora, a partir destas referências bíblicas, procurar alcançar a verdadeira essência de seu significado.
                          
              JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES
               
               Da leitura acima, entendemos que as compensações que Jesus promete aos aflitos só podem ocorrer em vida futura. Sem a certeza de que voltaremos a viver, essas máximas não teriam sentido, soariam como enganosas.  E, mesmo desse modo, é difícil compreender a necessidade de sofrer para ser feliz, ou seja, para se ter mais mérito. Daí as indagações como as que se seguem: Por que uns sofrem mais do que os outros? Porque uns nascem em meio tão carente e outros em berço opulento, sem que tivessem feito algo que justificasse a diferença? Por que para uns tudo é difícil de conquistar e para outros as chances acontecem? É muito difícil ver os bens e os males tão desigualmente divididos entre vício e virtude; mais ainda, constatar o absurdo de homens virtuosos sofrerem ao lado de homens maus que conseguem prosperar. A percepção de uma vida futura pode alimentar a fé, influir como consolo, conduzir à paciência, mas não explica esses desajustes que parecem desmerecer a justiça divina. No entanto, desde que se admita Deus, é impossível concebê-lo alijado de perfeição infinita - todo amor, todo poder, todo justiça e bondade - ou não seria DEUS. E não agiria por propósito ou por leviandade. Donde se conclui que os sofrimentos da vida têm uma causa e sendo Deus justo, é justa essa causa. Deus posicionou os homens em relação a essa causa através dos ensinamentos de Jesus. Hoje, julgando- os amadurecidos para  compreendê-la, revelou-a por inteiro pela voz dos Espíritos.

                CAUSAS ATUAIS DAS AFLIÇÕES
                        
               De duas fontes derivam as vicissitudes da vida: umas têm sua causa na vida presente; outras, fora dela. Considerando a fonte dos males terrenos, reconhece-se que muitos deles são o resultado natural do caráter e do comportamento daqueles que os suportam. Muitos homens falham por seus próprios erros, não raro fazendo vítimas de seu orgulho e da sua ambição, arruinando-se por falta de ordem e de limites. Exemplos de situações infelizes são tantos, como o de uniões desastradas baseadas no interesse ou na vaidade sem participação do sentimento e da vontade de manter uma relação firme.  Desavenças de toda ordem podem ser evitadas com o controle e a tolerância das partes envolvidas: pais em confronto com filhos por não terem sabido dar a eles os limites necessários, por fraqueza ou indiferença, deixando-os expostos à ação dos germes do egoísmo e da vaidade inconseqüente que secam o coração; na hora da colheita, sentem-se atingidos pela indiferença e desamor dos seus próprios filhos. Que todos os que são atingidos por sofrimentos e decepções se interroguem a si mesmos, vasculhem sua consciência, voltem progressivamente à fonte dos males que os angustiam e entenderão que eles próprios poderiam ter evitado tais resultados, se tivessem agido com mais discernimento e coragem. O homem tende sempre a procurar o responsável pelas suas dores, desamores e infelicidades esquecendo sua incúria, sua falta de habilidade. E o homem somente minorará e evitará tais males quando trabalhar por seu aprimoramento moral e intelectual. A lei dos homens existe e é executada, alcança certas faltas e as pune, fazendo o condenado suportar as consequências do que praticou. Mas a lei não consegue alcançar todas as falhas; ela atinge mais especificamente as que prejudicam a sociedade e não aquelas que não prejudicam senão aqueles que a cometem. Deus, porém, zela pelo progresso de todas as suas criaturas, não deixando impune nenhum desvio do caminho reto. Não há uma só infração à sua lei que não tenha consequências justas: o homem responde sempre pelo que praticou. O sofrimento que resultar disso para ele será uma advertência de que pecou, o que o fará distinguir a diferença entre o bem e o mal e a necessidade de se melhorar para evitar desgostos no futuro. Sem isso, não teria motivação para corrigir-se, o que retardaria seu adiantamento. Pode, porém, suceder que a experiência surja tarde, quando a situação já se tornou incontornável e o mal não encontra mais remédio. Então, com as forças gastas, o homem reconhece o prejuízo e percebe: se, no princípio, eu soubesse o que sei hoje, teria agido de outro modo. Felizmente há sempre uma esperança de reação. Uma vida foi prejudicada, mas há sempre oportunidade de recuperação: uma nova vida despontará na qual ele poderá aproveitar a experiência vivida por um futuro útil e saudável.  

   Bernardo Cid convida-nos a refletir sobre o texto

  REFLEXÕES / Bernardo Cid

sexta-feira, janeiro 31, 2014

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS Capítulo IV Itens 24 a 26

De um jardim

Pergunto:  Que tal encerrarmos o Capítulo IV ouvindo Bach? Não é uma boa?


Agora, ao Evangelho:

               Para encerrar o capítulo da Reencarnação, precisamos esclarecer dois quesitos importantes :  a) os limites da encarnação e b) a necessidade da encarnação. Para essa tarefa, apoiemo-nos nas instruções de São Luís, Paris, 1859.

               Vamos ao primeiro item. Não há limites determinadamente traçados para a encarnação se entendermos o corpo como envoltório do espírito uma vez que sabemos que a materialidade desse envoltório diminui à proporção que o espírito evolui. Em mundos mais desenvolvidos que a Terra, ele é menos grosseiro, menos compacto e, portanto, menos sujeito às intempéries. De grau em grau,  ele se desmaterializa e  termina  por assemelhar-se ao perispírito. De acordo com o mundo a que o espírito é convocado, ele assume o envoltório típico da natureza desse mundo. O perispírito também suporta transformações sucessivas até eterizar-se totalmente, o que vem a constituir o que chamamos de Espíritos puros. Vemos, assim, que mundos especiais são conferidos, tal qual estações, aos espíritos mais desenvolvidos, com uma diferença: eles não ficam ligados ali como nos mundos inferiores, o que lhes faculta a capacidade de se deslocarem livremente e atingirem prontamente os pontos de onde são chamados para executarem as missões a eles confiadas.
               Por outro lado, se encararmos a encarnação do ponto de vista material, como sucede na Terra, podemos dizer que ela é restrita  aos mundos inferiores. Depende, pois, da decisão do espírito de trabalhar por sua depuração e evitá-la quanto possível.
               Outro ponto a considerar é que, nos intervalos das existências corporais, ou seja, na condição de errante no plano espiritual,  a situação do espírito tem relação com a espécie de mundo ao qual se liga pelo seu grau de evolução, o que equivale a dizer que , na erraticidade, ele é “mais ou menos feliz, livre e esclarecido, segundo seja mais ou menos desmaterializado”.

               Passemos agora ao segundo quesito - A Necessidade da Encarnação.
Como no primeiro quesito, vamos seguir a linha de pensamento de São Luís. Comecemos com a indagação que nos foi proposta: “A encarnação é uma punição, e não há senão Espíritos culpados que a ela estejam obrigados?”
               É necessária a passagem dos espíritos pela vida corporal para que eles possam cumprir, com o auxílio de uma ação material, os desígnios a eles confiados por Deus. É importante para eles já que o desempenho dessas atividades e funções irá ajudá-lo no desenvolvimento de seu intelecto. Sendo Deus absolutamente justo, enxerga seus filhos em pé de igualdade e, por isso, confere a eles o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir, a mesma liberdade de agir. Qualquer privilégio seria preferência e qualquer preferência, um deslize. É importante saber, porém, que a encarnação é para todos os espíritos uma condição transitória, um exercício que Deus lhes cobra, na sua entrada em vida, como primeira prova de como usarão seu livre arbítrio. Os que cumprem a prova com determinação e cuidado vencem com mais facilidade esses primeiros passos da iniciação, podendo usufruir mais cedo os méritos de seu comportamento. Os que abusam da liberdade que Deus lhes oferece, retardam seu desenvolvimento e, assim, por reincidência, podem prolongar indefinidamente o número de encarnações, o que tem peso de castigo.
               Vejamos como uma comparação simplória pode vir a explicar melhor a diferença apontada acima. Um  estudante termina sua formação depois de ter percorrido a série de classes que leva  ao diploma. Essas classes, mesmo demandando esforço, são o meio de atingir o fim e não um castigo. O estudante caprichoso encurta a caminhada porque conseguiu com esforço e aplicação remover as dificuldades surgidas no percurso. Já o relapso se viu obrigado a repetir certas classes e se atrasou. Não é o estudo que é punição, mas a obrigação de repetir o mesmo percurso. Isso acontece com o homem na Terra.  Para o Espírito do homem que está no início de sua vida espiritual, a encarnação é um meio de desenvolver sua inteligência, mas para o homem esclarecido, com senso moral já desenvolvido, recomeçar as etapas de uma vida terrena atribulada é uma punição, o que vai prolongar sua vida em mundos inferiores. Enquanto isso, o espírito encarnado que zela pelo seu progresso moral, pode não só abreviar a duração de sua encarnação material como vencer, de uma só vez, os estágios intermediários que o separam dos mundos superiores.


               Dúvidas persistem? Nada que nos possa causar conflitos, como podemos analisar a seguir: Por que os Espíritos não encarnam  sobre um mesmo globo e vão curtir suas existências em esferas diferentes? Isso só seria admissível se todos os homens estivessem sobre a Terra no mesmo nível intelectual e moral. As diferenças que existem entre um espírito que se inicia na vida espiritual e outro já experimentado, mas não pronto para ascender, evidenciam os degraus a serem vencidos. Além disso, a encarnação deve ter um fim útil. Como explicar as encarnações efêmeras de crianças que morrem em tenra idade?  Teriam sofrido sem proveito para ela e para os afins? Deus, em sua sabedoria, não faz nada inútil. Pelo processo da encarnação sobre o mesmo globo, achou que os mesmos Espíritos, ficando de novo em contato, tivessem chance de reparar seus erros recíprocos, através de suas relações anteriores. Assim, pôde assentar os laços de família sobre uma base espiritual como também apoiar os princípios de solidariedade, fraternidade e igualdade sobre uma lei natural.

Por hoje, é só. Até nosso próximo contato, em março.