quinta-feira, dezembro 24, 2009

Natal 2.009

Imagem da Web


Natal de 2.009!

Bem-vinda a data do nascimento de Jesus Cristo para aqueles de espontâneo fervor e verdade no coração.


Ano de 2.010!

Bem-vindo e que traga em seu bojo as mudanças necessárias à vida do planeta e ao entendimento entre os povos.



Que as criaturas se deem as mãos e aprendam a cooperar, a trabalhar juntas para o bem de todos. Que aconteça uma espécie de reinvenção da dinâmica do comportamento humano e que possamos encarar de modo digno e ético a Vida em sua magnitude e transcendência.



Felizes Festas e boas perspectivas para um futuro próximo.



E nada melhor do que uma oração fervorosa na hora de novas tomadas de posição:



Senhor,

Não me deixe rezar por proteção

contra perigos,

mas pelo destemor em enfrentá-los.

Não me deixe implorar

pelo alívio da dor,

mas pela coragem de vencê-la.

Não me deixe procurar aliados

na batalha da vida,

mas minha própria força.

Não me deixe suplicar com temor aflito

para ser salvo,

mas esperar com paciência para

merecer a liberdade.

Não me permita ser covarde,

sentindo sua clemência

apenas no meu êxito,

mas me deixe sentir a força da

Sua mão quando eu cair.

sábado, novembro 07, 2009

Amargura



O que tenho para oferecer hoje? Ah! Uma bela contribuição de minha amiga Leda Flaborea, colunista de O Consolador. Ela nos fala de amargura, estado de opressão que é , a um tempo, aflição, tristeza, angústia, insatisfação.

Vamos, então, à palavra elucidativa de nossa companheira que tem o dom de explicitar situações recorrentes em que se debate o ser humano em suas experiências reencarnatórias.

Gostaria de ter transcrito aqui o artigo, como sempre faço, mas algum transtorno me impede agora de realizar uma cópia do texto em questão. É clicar no link acima e fazer a leitura em O Consolador, procurando Crônicas e Artigos ( 3ºitem/ Leda Flaborea/ Amargura).


Uma verdade bem a tempo: "Nossa maior fonte de desprazer ou insatisfação é acreditar que os recursos de que necessitamos para bem viver estão fora de nós. Os bens de que precisamos estão dentro de nós, visto que cada ser humano é um 'livro sagrado' ou uma 'biblioteca viva' de conhecimentos imortais." Hammed

terça-feira, setembro 29, 2009

AS VISITAS DE CHICO



Lembrando CHICO e suas andanças pela prática da caridade


Uma amiga contou-me que, no livro Mediunidade, de Divaldo Franco, encontrou uma passagem sobre as visitas noturnas que Chico fazia para levar conforto a pessoas entregues ao abandono.


Não sei se serei capaz de reproduzir exatamente o relato que ouvi com espanto e admiração, mas farei uma tentativa.

O impressionante não eram as visitas que o Chico fazia com os grupos, mas as anônimas que ele fazia madrugada a dentro quando saía sozinho para levar conforto moral a famílias carentes, a pessoas moribundas.

Ali estava uma imensa antena paranormal da humanidade, nestes últimos séculos, a encobrir tamanho potencial e amparar uma família com fome , em sofrimento.

Éverdade que, em Pedro Leopoldo, ele visitava pessoas que moravamm debaixo de uma velha ponte que já ruíra, numa estrada abandonada. Sua irmã Luísa e mais duas ou três pessoas da mesma comunidade insistiam em acompanhá-lo.

À medida que o número de visitas aumentava, o número de necessitados se avolumava. O grupo visitador mal conseguia reunir víveres para o grupo carente. Pessoas de escassos recursos, contavam com a boa vontade dos que reconheciam a luta que enfrentavam.

Havia a ajuda preciosa, embora esporádica, do esposo da Luísa que. como fiscal da prefeitura, podia, algumas vezes, recolher, nas feiras livres, o material excedente (legumes, frutas e outros alimentos) destinado a doação, para Chico distribuir aos seus necessitados da ponte.

Houve, porém, um dia em que ele, sua irmã e auxiliares não conseguiram recolher nada, Decidiram, então, que não iriam à ponte naquela noite vazia. Eles próprios viviam com muito pouco, com extrema dificuldade.

No Centro, naquele sábado, Chico recebeu o espírito do Dr. Bezerra de Menezes que sugeriu aos visitadores que providenciassem umas vasilhas com água. Eles assim procederam e o benfeitor, utilizando-se do seu ectoplasma como do de todas as pessoas presentes, fluidificou o líquido das vasilhas, deixando-o levemente perfumado. Após a sessão, Chico e seus auxiliares transportaram as moringas para o local do encontro.

Havia cerca de duzentas pessoas, entre adultos, crianças, enfermos em geral, alguns com graves problemas espirituais, todos extremamente necessitados.

- Lá vêm o Chico e a Dona Luísa, gritaram eles!

Constrangido por ter apenas água (aquelas pessoas não entendiam de água magnetizada), Chico tentou explicar a situação:

- Meus irmãos, hoje não temos nada de substancioso a oferecer, mas lhes pomos nas mãos essas moringas de água fluidificada.

A decepção gerou mal-estar e as pessoas se retraiam ou se mostravam hostis, algumas tomando atitudes de desrespeito, levando-o ao sofrimento.

Em dado momento, uma das assistidas levantou-se e disse com voz decidida:

- Alto lá! Estes homens e estas mulheres vêm sempre aqui trazer-nos ajuda com todo respeito e consideração. Se hoje eles não têm o que distribuir, cabe-nos aceitar e enntender suas razões. Vamos juntar nossas energias, vamos cantar, vamos entoar um hino a Deus e agradecer.

Enquanto ela se pronunciava, apareceu um caminhão carregado e alguém, lá de dentro, indagou: - Quem é Chico Xavier?

Quando Chico se apresentou, o motorista perguntou-lhe se ele conheca um Dr. Fulano de Tal. Chico recordava-se de um senhor de grandes posses, de São Paulo, que, um ano antes, estivera em Pedro Leopoldo e lhe contara seu drama pessoal. O filho havia desencarnado e ele e a esposa estavam desolados. Chico compadeceu-se do casal e tentou ajudá-los com palavras de fé e temperança.

Com o tempo, durante uma sessão, o espírito da criança, trazido pelo espírito de Dr. Bezerra de Menezes, deixou aos pais uma consoladora mensagem de esperança e amor.

Ao receber a mensagem do filho, o cavalheiro asseverou:

- Um dia, Chico, hei de retribbuir-lhe , de alguma forma, seu gesto de amparo.

Emocionado e curioso, pediu a Chico que lhe explicasse o fenômeno daquela comunicação, recebendo do médium uma ampla aula sobre comunicações mediúnicas.

O motorista concluiu a entrega dos alimentos, explicando que viera com o endereço do Centro, a mando do Sr. Fulano de Tal, para entregar a carga, mas devido a um problema na estrada, demorara um pouco mais no percurso, encontrando o local fechado. Um senhor de idade, de barbas brancas, aproximou-se e perguntou o que eu desejava. - Procuro o Sr. Chico Xavier, disse-lhe.

Então, dobre na primeira curva, vá até uma ponte caída e diga que fui eu quem o orientou.

- E como se chama o senhor?

- Meu nome é Bezerra de Menezes.

terça-feira, agosto 25, 2009

DIVULGAÇÃO DE IMPORTANTE EVENTO

Universo Vermelho, de André Esquiavan



Volto aqui com intervalo tão curto para divulgar um importante evento sobre Educação. Trata-se do III Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade a realizar-se no período de 22 a 24 de setembro, na Univrsidade Federal de Sergipe, Campus de Itabaiana.


CONFERÊNCIAS

Conferência de abertura: "Como os professores aprendem sua profissão"

Conferencista: Prof. Dr. Guy Berger (Universidade Paris 8 - França)

Tradução: Prof. Dr. Bernard Charlot (Universidade Paris 8 /UFS/NPGED/NPGECIMA/EDUCON)

Coordenação: Prof a. Dra. Veleida Anahi da Silva (UFS/DED/NPGED/NPGECIMA/EDUCON)

Local: Auditório do Campus de Itabaiana/UFS



Conferência de Encerramento:
"As teoriaspedagógicas modernas revisitadas pelo debate conteporâneo na educação".
Conferencista: Prof. Dr José Crlos Libaneo (Universidade ctólica de Goiás)
Coordenação: Prof. Dr. Bernard Charlot 8 (UFS/NPGED/NPGECIMA?EDUCON)
LOCAL: Auditório do Campus de Itabaiana/UFS
Inscrições:
Período de incrição: de 08/06/a 22/09 de 2009
Com apresentação de trabalho: 30 de agosto de 2009
Sem apresentação de trabalho: 22 de agosto de 2009
EIXOS TEMÁTICOS
1 - Educação, Intervenções Sociais ePolíticas Afirmativas
2 - Educação, Sociedade e Práticas Educativas
3 -Educação, Trabalho e Juventude
4 - Formação de Professores: Memórias narrativas
5 - Ensino de Ciências e Matemática
6 - Educação, Cultura e Religião
7 - Educação Infantil e Inclusão Social
8 - Tecnologia, Mídia e Educação

CONTATO

E-mail: coloquioeducon@yahoo.com.br
Tel: (79)2105-6761/6797

INSCRIÇÃO ON-LINE: http://br.geocities.com/educon/IIIcoloquio

PROGRAMAÇÂO COMPLETA:

Clique AQUI

Estamos fazendo esforço para que este evento receba o maior número de interessados (profissionais ou leigos), nos temas em dicussão. São esses debates que promoverão a melhoria do nosso sistema educacional e colocará o Brasil na lista dos países mais desnvolvidos e, portanto, dos formadores de opinião, para o bem de todos.

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Aproveito esta oportunidade para complementar o post anterior a este, com recomendações perfeitas pertinentes ao tema abordado, ditadas pelo espírito de André Luiz e psicografadas por Chico Xavier:

Aprenda a sorrir para estender a fraternidade.

Eleve seu vocabulário para o intercâmbio com os outros.

Carregue suas frases com baterias de compreensão e otimismo.

Eduque a voz para que ela seja a moldura digna de sua imagem.

Converse motivando as pessoas para o bem a fazer.

Não corte o assunto com anotações diferentes daquilo que interessa a seu interlocutor.

Quem aprende a ouvir com respeito fala sempre melhor.

Diante de problemas a solucionar, esclareça com serenidade, sem destacar a perturbação.

Quanto possível, procure calar suas mágoas, reservando-as para seus colóquios com Deus.

RECORDEMOS:
Todos precisamos uns dos outros e a palavra simples e espontânea é a chave da simpatia.


Vamos pensar nessas máximas

sexta-feira, agosto 21, 2009

O QUE ENSINA O ESPIRITISMO?

Imagem colhida no Google



A pedido de amigos da internet, andei procurando um livro que os orientasse na compreensão do que é o Espiritismo, seus fundamentos, as diretrizes da Doutrina.
Fiquei satisfeita com o que encontrei. O QUE ENSINA O ESPIRITISMO, de Gerson Simões Monteiro é um curso rápido, inteligentemente conduzido.
Lê-se na capa traseira:
"Fácil de ler, explica os princípios básicos da Doutrina Espírita, assim como temas complementares. Sua leitura o fará entender os principais pontos do pensamento espírita.
Com muitos exemplos e histórias, Gerson Simões Monteiro fala sobre sobre a existênca de Deus e a imortalidade da alma, sobre a reencarnação e a comunicação com os 'mortos', sobre o significado da morte e a evolução do espírito, sobre o casamento e a vida sexual e, entre outros, aborda temas como suicídio, eutanásia, aborto, doação de órgãos, dia de finados, pena de morte.
Conheça O que ensina o Espiritismo". (Mauad Editora Ltda)
O autor realiza uma espécie de interação do leitor com o conteúdo dos capítulos e complementa sua tática apontando leituras pertinentes para o aprofundamento dos temas abordados.Tópicos como a morte, o esquecimento do passado, a vida em outros planetas, o inferno, o paraíso, o purgatório, a necessidade do perdão, o valor da oração e muitos outros são sugeridos e explicados à luz da compreensão espírita.
Créditos do autor: economista e professor universitário (atualmente aposentado), tendo trabalhado no Ministério da Educação, no Banco Nacional de Habitação e na Faculdade de Economia e Finanças do Rio de Janeiro, além de ter atuado como consultor do Banco Mundial.
O nosso 'Onde Estamos' continua firme no propósito de colocar ao alcance dos leitores e amigos, informações sobre este tipo de leitura oportuna, tão necessária aos que se querem iniciar no estudo do Espiritismo.
Vamos encerrar com uma prece? Tenho em mãos uma muito bonita, bastante significativa, por isso sempre repetida.

Agradeço, Senhor !

Maria Dolores

Agradeço, Senhor,

Quando me dizes “não”,

Às súplicas indébitas que faço

Através da oração.

Muitas daquelas dádivas que peço,

Estima, concessão, posse, prazer,

Em meu caso, talvez fossem espinhos,

Na senda que me deste a percorrer.

De outras vezes, imploro-Te favores,

Entre lamentações, choro, barulho,

Mero capricho simples algazarra,

Que me escapam do orgulho...

Existem privilégios que desejo,

Reclamando-Te o “sim”,

Que se me florescessem na existência

Seriam desvantagens contra mim.

Em muitas circunstâncias, rogo afeto,

Sem achar companhia em qualquer parte,

Quando me dás solidão por guia,

Que me inspire a buscar-Te.

Ensina-me que estou no lugar certo,

Que a ninguém me ligaste de improviso,

E que desfruto agora o melhor tempo

De melhorar-me em tudo o que preciso.

Não me escute as exigências loucas,

Faze-me perceber

Que alcançarei além do necessário,

Se cumprir meu dever.

Agradeço meu Deus,

Quando me dizes “não” com Teu amor.

E sempre que Te rogue o que não deva,

Não me atendas, Senhor !...

terça-feira, julho 28, 2009

Enconto informal

Não quero terminar o mês sem voltar aqui para um dedinho de prosa, para contar alguma novidade, ou mostrar alguma coisa bonita que leio no momento, ou oferecer um poema singelo, ou mesmo, fazer uma prece em boa companhia .

Se tenho novidades? Nem sei, acho que não, mas estou no meio de uma leitura que me tem empolgado. Trata-se do livro “Que é Deus?”de Eliseu F. da Mota Junior. Na capa traseira, está escrito:

Que é Deus?

“Consta que certa vez, defrontado com esta indagação, Santo Agostinho teria respondido: Quando me perguntam que é Deus, eu não sei; porém, se não me perguntam, então eu sei.
Não obstante isso, caudalosos rios de tinta e vicejantes florestas de papel já foram consumidos para procurar outra resposta, porque o homem continua confuso diante do seu Criador.
A proposta deste livro é sobretudo, ajudar o leitor a entender a razão pela qual Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”

Fiquei curiosa e iniciei a leitura que só me tem surpreendido. Garanto que vocês vão me dar razão se fizerem a mesma coisa .

Um poema, agora, não vai mal e é o que vou deixar aqui:
um poema mediúnico, de Raul de Leone:

SONETO

Se todos nós soubéssemos na vida
A Verdade grandiosa e soberana,
Não faltaria o gozo que promana
Dos sentimentos da missão cumprida.

Mas na Terra nossa alma empobrecida,
Presa dessa vaidade toda humana,
De desgraça e erros se engalana
Numa incerteza amarga, irreprimida.

Vamos passando assim a vida inteira,
Sem esposar a crença imorredoura,
A fé demolidora de montanhas.

Quase imersos na treva da cegueira,
Sem vislumbrar a luz orientadora,
Nessa noite de dúvidas estranhas.


Para finalizar, elevemos nossa alma ao Criador pedindo paz sobre a Terra

segunda-feira, julho 06, 2009

O PULO DO GATO

O pulo do gato
Meu irmão tem umas historinhas interessantes que se aplicam a esclarecer pontos do Evangelho de modo sugestivo, para leitores mirins, mas que também podem interessar ao leitor adulto. Estou tentada a escolher uma delas e postá-la aqui, hoje. Vejamos esta:

INIMIGOS DE OUTRAS VIDAS

Alegre, comunicativo, a todos Arlindo cativava com seu jeitão de fazer amigos e a todos servir com dedicação e simplicidade. Decididamente não era má pessoa, entretanto, a presença do Otávio causava-lhe um indisfarçável mal-estar não poupando oportunidade para realçar sua repulsa ao jovem colega de trabalho que, não obstante, tudo fazia para conquistar-lhe a amizade.
Certa feita, o pacato Otávio, ao ensejo de uma reunião informal, aproximando-se do seu desafeto, falou de maneira quase imperceptível aos demais colegas:
- Não me recordo de tê-lo ofendido, a não ser inconscientemente; peço-lhe, então, que me perdoe. Se não pudermos ser amigos, vamos conviver civilizadamente como colegas?
-Nunca. Sua presença constrange-me, irrita-me, tenho ímpetos de esganá-lo. Suma daqui.
Ao tomar conhecimento do incidente, o Sr. Nilton, gerente geral da empresa, chamou o Arlindo para uma conversa reservada.
Ainda transtornado, Arlindo comentou que não suportava a proximidade do Otávio, embora desconhecesse o motivo real da aversão. A simples aproximação do tal colega causava-lhe sobressaltos e repugnância. Ele, Arlindo, era funcionário muito mais antigo, portanto tinha o direito de pleitear a demissão do seu desafeto.
O Sr Nilton, homem justo, ponderado, de uma larga visão dos problemas de relacionamento humano além daqueles que ocorrem no trabalho, considerou pacientemente:
-Arlindo, não se precipite, uma atitude intempestiva pode trazer consequências desastrosas e acarretar futuros sofrimentos e remorso para quem a toma. Consideremos, outrossim, que o Otávio é um bom rapaz, ordeiro e respeitador. Inteligente, é um dos melhores funcionários, além do que é você quem o discrimina e está criando caso.
- Sr. Nilton, vou ser demitido, então?
- Não. Pelo menos, agora, não. Você terá uma nova chance. Procure aceitá-lo como seu colega e companheiro. Se não conseguir de imediato, apenas ignore-o. Não agrida, não tome partido. Fique neutro. Simplesmente ignore-o. Com o tempo, a repulsa arrefece, você superará o problema. Leve este livro, todas as noites leia uma página, medite, faça uma oração antes de dormir.
Meio sem graça, Arlindo pôs no bolso o livro 'Gotas de Esperança', de Lourival Lopes, pediu licença e retirou-se. Posteriormente, o Sr. Nilton procurou ouvir a outra parte.
- Otávio, qual a razão da desavença? Você o provocou?
- Não, Senhor. Não há razões que justifiquem a atitude do Arlindo. Pelo contrário, tentei esclarecer, convidei-o ao entendimento, o que o levou ao quase total descontrole.
- É, com o meu modo de ver a vida e o mundo, determinados fatos têm raízes profundas no passado. Uma decisão precipitada, sem uma análise apurada da origem da questão, poderia levar-me a aplicar uma punição severa com o risco de causar uma revolta maior e o desejo de uma retaliação. Arlindo é um funcionário capaz, ativo, eficiente, responsável, precisa ser orientado e não demitido.
- Como devo agir, então?
- Tenha paciência. Releve as ofensas recebidas. Vigiando-se e orando, você anulará o mal. Vou providenciar um livro para você ler e estudar.
- Um livro para resolver um problema tão sério! Qual?
O Evangelho Segundo o Espiritismo. Não é um simples livro. É um Manual de Conduta Humana, um Código de Ética, um Poema de Amor. Manual para ser lido, relido, meditado e adotado; código para ser observado e respeitado; poema para ser declamado e vivido em toda a sua beleza e realidade, em toda sua significação e abrangência.
- Quero o livro. Desejo conhecer tal preciosidade.
- Convido-o também para freqüentar o Centro Espírita que dirijo e participar do grupo de estudos da doutrina todos os sábados, às dezesseis horas.
Passaram-se dois meses. Arlindo procurou o Sr. Nilton para agradecer e devolver-lhe o livro. Dizia-se impressionado com o que leu, jamais imaginou que a vida esperasse tanto de nós, mas não se achava em condições de viver pacificamente com aquele a quem detestava.
- Entendo, Arlindo. Vejo que houve algum progresso. Você não mais o insultou. Trouxe para você um novo livro. Quero que leia com muita atenção, medite.
Estranhando o título 'O Livro dos Espíritos', replicou:
- Sr. Nilton, está brincando comigo? Espíritos são coisas do outro mundo! Quer assustar-me?
- Absolutamente, não. Os espíritos são deste mundo mesmo, apenas estão em outro plano,não material. Convivem conosco, nos influenciam e são influenciados por nossos pensamentos. Leia e, depois, volte para comentar.
Foram quatro meses de expectativa. Profundo observador, Sr. Nilton notava que a leitura do Evangelho e o estudo aos sábados, no Centro Espírita, proporcionava a Otávio notável crescimento no aspecto moral, enquanto Arlindo dava mostras de assimilar a parte filosófica da Doutrina. Considerou, então, ser a hora azada para fazê-lo participar das sessões experimentais e de estudo de 'O Livro dos Médiuns', nas noites de quarta-feira.
Arlindo surpreendia a todos por sua capacidade de compreender e apreender o que era estudado e discutido nas reuniões. Não demorou para nele desabrocharem as mediunidades de vidência, psicografia e psicofonia. Passou a ter sonhos que considerava estranhos, vez que se via em lugares diferentes, com pessoas para ele desconhecidas, em trajes de outras épocas, empunhando espadas manchadas de sangue e rindo de cadáveres estendidos ao longo do caminho. Aflito, comentou tal fato com o Sr. Nilton.
Você apreendeu facilmente a Doutrina em seu aspecto filosófico, revelou-se médium de apreciável potencial que precisa ser educado à luz do Evangelho; então, chegou o momento de conhecer o lado moral. Vou encaminhá-lo ao estudo do Evangelho, nas tardes de sábado. espero-o no próximo fim de semana – disse-lhe o gerente.
Envolver-se com coisas de religião devia ser para velhas beatas que cheiram a incenso, emocionam-se com cânticos e gastam tempo em adorações inócuas , ou para homens submissos, de índole fraca. Mas o Sr. Nilton jamais demonstrou pieguices, sempre foi circunspecto e de decisões firmes - pensava Arlindo, indeciso.
Entre a dúvida e a curiosidade, atrasou-se, chegou vinte minutos depois da hora marcada. Entrou de mansinho para não ser percebido. Queria examinar o rumo dado a tais reuniões.
De repente, o susto. Quem discorria sobre o ponto do Evangelho em estudo era seu desafeto, Otávio. Quis recuar. Sentiu-se chumbado ao solo. Agora, Otávio tinha um outro visual, trajava-se à moda Idade Média, portando na cinta um florete, tal qual via em seus recentes sonhos.
Falando claro e em bom tom, Otávio dizia:
Hoje, somos o resultado do que plasmamos no passado e no presente estamos tecendo nosso futuro. Usando nosso livre-arbítrio, semeamos aquilo que queremos, entretanto, a colheita é obrigatória, não se escolhe, recolhemos os frutos daquilo que foi plantado. A cada um será dado segundo as suas obras, ou seja, temos o que merecemos, não como castigo de Deus, mas como oportunidade renovável até encontramos o caminho do bem, do amor, do perdão, da solidariedade, da fraternidade cristã que nos levarão a reencarnações em mundos melhores, mais felizes.
Arlindo estava surpreso com a fluência e a propriedade das palavras de Otávio. Mais surpreso ficou ao olhar para si mesmo e ver-se também em trajes antigos, apunhalando Otávio pelas costas numa fúria incontida para vingar a perda da mulher amada para seu inimigo de tantos séculos. Quis correr, gritar, faltaram-lhe as forças, porém, ainda pôde ouvir Otávio concluir: As vítimas de hoje certamente foram os algozes de ontem e, para que os dramas passionais não se renovem, é imprescindível que os ofendidos perdoem incondicionalmente seus agressores considerando-os como almas doentes, carentes de compaixão e de tratamento, numa demonstração eloquente de que o ensinamento de Jesus que nos concita a perdoar para sermos perdoados foi assimilado e posto em prática.
Sufocado pela emoção, Arlindo desmaiou. Despertou amparado pelo Sr. Nilton. Desejou contar tudo o que havia acontecido, não foi possível, estava envergonhado pela tragédia revivida e pelo desfalecimento sofrido. Seu Nilton confortou-o lembrando que ninguém lhe atiraria pedras, pois que, neste mundo, não há pelo menos um que não tenha pecados.
Aquele dia memorável marcou o início de uma nova era para Arlindo e Otávio. Finalmente reconciliaram-se, houve o perdão recíproco.

quinta-feira, junho 11, 2009

UM LUGAR PARA A VERDADE

Uma foto feliz de um lindo pôr de sol
Hoje, meu lado lírico pede poesia. Vou atender valendo-me da inspiração delicada de uma poeta muito amiga que, de vez em quando, trago aqui.
Com vocês, Lêda Yara Mello Mota em:

REMANSO
Lêda Mello

Por trás do pôr-do-sol,
onde a noite agasalha o dia
com cuidados de amante,
onde o luzir de todas as cores esmaece
repousando em lençol de estrelas,
há um lugar de encontros.
Lá, por trás do pôr-do-sol,
há um lugar onde os sonhos,
enfim, soltos das amarras
do tempo e do espaço
e libertos das limitações humanas,
descansam de todas as buscas.
Lá, por trás do pôr-do-sol,
há um lugar de harmonia
onde os anseios da vida,
sem véus e sem máscaras,
atemporais e legítimos,
repousam de todas as lidas.
Lá, por trás do pôr-do-sol,
há um lugar de redenção.
VOU SEGUINDO...
Lêda Mello


Sou caminheira nos prados da vida
Seguindo em frente, aonde Deus mandar
Meu dia é o hoje, minha sorte a lida
De só colher o que eu souber plantar.

Quem mal me fez, apenas me ensinou.
Não guardo mágoas no meu coração.
Quem bem me quis, a vida partilhou.
Juntos vivemos bela comunhão.

Nos meus alforjes, trago a esperança
De um dia ver um povo mais feliz,
Sorriso bom no rosto da criança,
Passos seguindo, pequeno aprendiz.

Carrego a fé do homem ser capaz
De fazer sua parte no bem comum
Pois sei que o mundo só terá a Paz
Quando a Paz for um bem de cada um

Do meu passado, recolhi lições.
Do meu futuro, no hoje vou cuidar.
Deus me ilumine por esses rincões,
Que eu leve amor por onde for passar.

(Do livro Meus Sonhos)
Trabalhados pela magia que Leda sabe pôr em seus poemas, vamos a um texto que se harmoniza com os temas exibidos, valendo como uma complementação necessária.

LUGAR PARA ELA
Todos nós precisamos da verdade, porque a verdade é a luz do espírito, em torno de situações, pessoas e coisas; fora dela, a fantasia é capaz de suscitar a loucura, sob o patrocínio da ilusão. Entretanto, é necessário que a caridade lhe comande as manifestações para que o esclarecimento não se torne fogo devorador nas plantações da esperança.
Todos nós precisamos da justiça, porque a justiça é a lei, em torno de situações, pessoas e coisas; fora dela, a iniqüidade é capaz de premiar o banditismo, em nome do poder. Entretanto, é necessário que a caridade lhe presida as manifestações para que o direito não se faça intolerância, impedindo a recuperação das vítimas do mal.
Todos nós precisamos da lógica, porque a lógica é a razão em si mesma, em torno de situações, pessoas e coisas; fora dela, a paixão é capaz de gerar o crime, à conta de sentimento. Entretanto, é necessário que a caridade lhe inspire as manifestações, para que o discernimento não se converta em vaidade, obstruindo os serviços da educação.
Todos nós precisamos da ordem, porque a ordem é a disciplina, em torno de situações, pessoas e coisas; fora dela, o capricho é capaz de estabelecer a revolta destruidora, sob a capa dos bons intentos. Entretanto, é necessário que a caridade lhe oriente as manifestações para que o método não se transforme em orgulho, aniquilando as obras do bem.
Cultivemos a verdade, a justiça, a lógica e a ordem, buscando a caridade e reservando, em todos os nossos atos, um lugar para ela, porquanto a caridade é a força do amor e o amor é a única força com bastante autoridade para sustentar-nos a união fraternal, sob a raiz sublime da vida, que é Deus.
É por isso que Allan Kardec, cônscio de que restaurava o Evangelho do Cristo para todos os climas e culturas da Humanidade, inscreveu nos pórticos do Espiritismo a divisa inolvidável, destinada a quantos lhe abraçam as realizações e os princípios:
- Fora da caridade não há salvação.
(Estude e viva. – FEB - Francisco C. Xavier, Waldo Vieira. Pelos Espíritos: Emmanuel, André Luiz. Pág. 123/124)


Não há ponto final para o amor.
Amor é vida e a vida é eternidade.
(Idem. Pág. 125)

segunda-feira, maio 18, 2009

RICOS E POBRES

Cristo / Emeric Marcier / Óleo sobre tela


Interessante o texto de Leda Flaborea, publicado pelo jornal espírita O Consolador na primeira semana deste mês de maio. Em sua fala, ela disseca e elucida uma passagem do Evangelho usando uma linguagem espontânea e esclarecedora. Trago-o para vocês certa de que será de grande ajuda na compreensão das palavras de Cristo .
RICOS E POBRES
Leda Flaborea

É errôneo imaginar ou afirmar que o Reino dos Céus não receberá os ricos. É pretender colocar riqueza e felicidade em situação de antagonismo.
Quem assim pensa e diz cita o próprio Mestre para justificar essa atitude, fazendo crer que só os pobres em bens materiais terão direito a felicidade plena. Baseiam-se no ensinamento evangélico de que “é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”.
Maior engano é impossível se observarmos que:

1. existem ricos de dinheiro e tão ricos de usura que se fazem mais pobres que os mendigos famintos da rua.

2. existem ricos de tempo e tão ricos de preguiça que se fazem mais pobres que os escravizados às tarefas de sacrifício.

3. existem ricos de afeto e tão ricos em ciúme, que se fazem mais pobres que os companheiros abandonados à solidão.

Jesus nunca condenou a riqueza, a posse de bens materiais, sobretudo porque é ela que promove o progresso sobre o planeta.
Fica claro que é dada, somente, uma interpretação do que está escrito como tal e não da essência das palavras benditas. Referia-se o Mestre aos sentimentos do orgulho, do egoísmo, da sensualidade e de tantos outros que nos tornam ricos em imperfeições e vícios dos mais diferentes quilates.
Os pobres, aos quais se refere, são os pobres em orgulho, em egoísmo, ou seja, em tudo aquilo que excita os sentimentos desenfreados do ser humano.
Expressões como “eu tenho”, “isto é meu” povoam nossas palavras e de tal maneira que não conseguimos pensar diferente. Acreditamos, realmente, que tudo o que está ao nosso redor, pessoas ou bens, são de nossa propriedade.
Vamos refletir um pouco sobre isso: se isto ou aquilo me pertence, significa que posso levar pa onde for. No meu pensamento, tudo que amealhamos nos pertence.
Será que temos razão em pensar assim? Vejamos: Ao nascer, nada trazemos de material e encontramos algumas coisas. Ao partir deste mundo, deixamos outras.
Durante o tempo em que aqui permanecemos, usufruímos desses bens. Então, se nada trazemos e nada levamos, podemos dizer que, verdadeiramente, nada temos, pois não podemos carregar conosco ao deixarmos o corpo físico.
Vamos nos imaginar precisando viajar para outro país com um clima diferente do nosso. Na bagagem levaremos, sem dúvida, aquilo que for útil nesse lugar. Assim, também, quando ingressamos no mundo espiritual só podemos levar o que nos for útil lá.
Então, pensando na vida futura, na vida do Espírito, podemos nos perguntar: O que devo levar? A resposta virá imediatamente: “nada que seja material, nada que se destine ao uso do corpo, mas, sim, o que se refere à alma”.
E o que se refere à alma? Podemos dizer que é a inteligência, a aquisição de conhecimento – que ajudam o homem a promover mais riqueza e mais progresso para si e para os que o cercam o desenvolvimento das qualidades morais. Tudo isso representa a nossa verdadeira propriedade, pois mesmo durante a experiência planetária, podemos perder os bens materiais que amealhamos.
Quantos de nós conhecem casos em que famílias tiveram seus bens escorregando-lhes pelos dedos, julgando que os possuíam e vangloriando-se disso.
Esses desastres financeiros só vêm reforçar uma verdade: nada possuímos de nosso, pois os bens que julgamos ter são-nos dados para serem gerenciados por nós.
Sempre que essa verdade é colocada, alguém pergunta: E o homem que trabalhou dura e honestamente para conquistar seus bens, eles não lhes pertence? Certamente que sim.
Deus quis recompensá-lo, ainda durante a existência, pelo esforço, coragem e perseverança. Mas, se ele não a empregou bem, pensando apenas em si, satisfazendo seu orgulho e seu egoísmo, o que ganhou de um lado, perdeu de outro, anulando, assim, seu mérito.
Quando chegarmos ao Mundo dos Espíritos, ninguém quererá saber qual posição ocupávamos, que nome ilustre usávamos, quais eram nossas posses. Perguntar-nos-ão o que trazemos em virtudes, em trabalho no bem e em qualidades do coração.
Porque essas são as verdadeiras riquezas. Aquelas às quais Jesus nos conclama a possuir; aquelas que a ferrugem não corrói e ninguém nos rouba. A verdadeira propriedade.
Lembremo-nos que todos somos ricos em alguma coisa, e que usando esses talentos que a vida nos confiou na tarefa de fazermos mais felizes aqueles que nos rodeiam, chegará o momento – nas palavras de Emmanuel – em que nos surpreenderemos mais ricos que todos os ricos da Terra, porque teremos entesourado no próprio coração, a eterna felicidade que verte do amor de Deus.


Referências:

(1) Emmanuel (Espírito) – O Espírito da Verdade – [psicografado por] F.C.Xavier e Waldo Vieira – FEB Editora – Rio de Janeiro-RJ, 10. ed., Lição 39, 1997.
(2) Kardec, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. XVI, itens 9 e 10.
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É mais uma contribuição de nossa amiga Leda que, com sua habilidade e dedicação nos ensina a entender a linguagem usada por Jesus no tempo de sua peregrinação aqui,na Terra.
Aqui trocamos despedidas por hoje até um novo encontro. O mais breve possível.

domingo, abril 26, 2009

COMO UMA PRECE

PARIS Óleo sobre tela Antônio Ribeiro


COMO UMA PRECE

Com muito fervor no coração, peçamos a Deus que nos faça capazes de atingir uma transformação íntima, uma renovação interna, sem o que jamais chegaremos a evoluir espiritualmente.
Dos desafios que recebemos na vida, há um de grande significado – o da auto - aceitação. Como afirma o iluminado espírito de Hammed, “...não somos o que os outros pensam e, muitas vezes, nem mesmo o que pensamos ser; mas somos, verdadeiramente, o que sentimos. Aliás, os sentimentos revelam nosso desempenho no passado, nossa atuação no presente e nossa potencialidade no futuro.”
Quando nos aceitamos como somos, desaparece qualquer sentimento de dependência e conseguimos nos relacionar com os outros, respeitando o modo de ser de cada um e salvaguardando o nosso.
Livres desses vínculos, conscientes de nossas responsabilidades, constatamos que há inúmeras formas de ajudarmos os que se encontram em sofrimento e agonia, inúmeros meios de irmos ao encontro das necessidades materiais e emocionais dos desvalidos, apostando em suas reservas internas, tentando passar aos que têm condições de produzir algo de útil, os meios para se reerguerem e passarem a se suprir do básico que a vida exige.
Não é uma tarefa fácil, é um trabalho que exige paciência, dedicação e muita capacidade de luta, mas é uma maneira eficaz de valorizar o potencial de muitas dessas criaturas que se veem tomadas pelo desespero e pela desesperança.
Há muitas organizações espíritas que pautam sua atuação de ajuda aos necessitados por essa linha de conduta e conseguem resultados positivos. Com persistente dedicação, acodem, dão assistência material e espiritual e livram do desatino muitas famílias à beira do desespero.
Os que se aprimoram nesse exercício assistencial merecem a atenção de todos nós em forma de orações constantes.
Voltemos, então, ao tom de prece do início dessas ponderações, rogando ao Pai que lhes dê força e estímulo para perseverarem na luta contra a desvalia e a desesperança, em prol da vida valorizada pela fé, pelo trabalho honrado e pelo amor ao próximo


Para complementar, reflexões pertinentes. Emmanuel nos alerta:

“Não estamos no mundo para aniquilar o que é imperfeito, mas para completar o que se encontra inacabado”.

“O Senhor nunca nos solicitou o impossível e nunca exigiu da criatura falível espetáculos de grandeza compulsória.”

“Não nos é facultado corrigir todos os erros e extinguir todas as aflições que campeiam nas trilhas da existência, mas todos podemos atravessar o cotidiano, melhorando a vida e dignificando-a, em nós e em torno de nós”.

sexta-feira, abril 03, 2009

PÁSCOA

João Batista da Costa Orquídeas

Gente, cheguei. Fiz um passeio excelente, refresquei a memória , matei as saudades da família, de minha terra, de meu povo. Lavei a alma e voltei pra vocês.
E fui procurar para meus companheiros um tema que tivesse a ver com a semana que se aproxima - a Semana Santa - como é conhecida de todos.

E encontrei, de Lilian Saturnino da Silva, um texto muito oportuno que minha amiga Bia Garuti , do Lar de Tereza, me enviou na páscoa de 2006.





PÁSCOA – COMEMORAR OU NÃO?

Eis-nos, uma vez mais, às vésperas de mais uma Páscoa. Nosso pensamento e nossa emoção, ambos cristãos, manifestam nossa sensibilidade psíquica. Deixando de lado o apelo comercial da data e o caráter de festividade familiar, a exemplo do Natal, nossa atenção e consciência espíritas requerem uma explicação plausível do significado da data e de sua representação perante o contexto filosófico-científico-moral da Doutrina Espírita. Deve-se comemorar a Páscoa? Que tipo de celebração, evento ou homenagem é permitida nas instituições espíritas? Como o Espiritismo visualiza o acontecimento da paixão, crucificação, morte e ressurreição de Jesus? Em linhas gerais, as instituições espíritas não celebram a Páscoa, nem programam situações específicas para “marcar” a data, como fazem as demais religiões ou filosofias “cristãs”. Todavia, o sentimento de religiosidade que é particular de cada ser-Espírito, é, pela Doutrina Espírita, respeitado, de modo que qualquer manifestação pessoal ou, mesmo, coletiva, acerca da Páscoa não é proibida, nem desaconselhada. O certo é que a figura de Jesus assume posição privilegiada no contexto espírita, dizendo-se, inclusive, que a moral de Jesus serve de base para a moral do Espiritismo. Assim, como as pessoas, via de regra, são lembradas, em nossa cultura, pelo que fizeram e reverenciadas nas datas principais de sua existência corpórea (nascimento e morte), é absolutamente comum e verdadeiro lembrarmo-nos das pessoas que nos são caras ou importantes nestas datas. Não há, francamente, nenhum mal nisso. Mas, como o Espiritismo não tem dogmas, sacramentos, rituais ou liturgias, a forma de encarar a Páscoa (ou a Natividade) de Jesus, assume uma conotação bastante peculiar. Antes de mencionarmos a significação espírita da Páscoa, faz-se necessário buscar, no tempo, na História da Humanidade, as referências ao acontecimento. A Páscoa, primeiramente, não é, de maneira inicial, relacionada ao martírio e sacrifício de Jesus. Veja-se, por exemplo, no Evangelho de Lucas (cap. 22, versículos 15 e 16), a menção, do próprio Cristo, ao evento: “Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes da minha paixão. Porque vos declaro que não tornarei a comer, até que ela se cumpra no Reino de Deus.” Evidente, aí, a referência de que a Páscoa já era uma “comemoração”, na época de Jesus, uma festa cultural e, portanto, o que fez a Igreja foi “aproveitar-se” do sentido da festa, para adaptá-la, dando-lhe um novo significado, associando-o à “imolação” de Jesus, no pós-julgamento, na execução da sentença de Pilatos. Historicamente, a Páscoa é a junção de duas festividades muito antigas, comuns entre os povos primitivos, e alimentada pelos judeus, à época de Jesus. Fala-se do “pesah”, uma dança cultural, representando a vida dos povos nômades, numa fase em que a vinculação à terra (com a noção de propriedade) ainda não era flagrante. Também estava associada à “festa dos ázimos”, uma homenagem que os agricultores sedentários faziam às divindades, em razão do início da época da colheita do trigo, agradecendo aos Céus, pela fartura da produção agrícola, da qual saciavam a fome de suas famílias, e propiciavam as trocas nos mercados da época. Ambas eram comemoradas no mês de abril (nisan) e, a partir do evento bíblico denominado “êxodo” (fuga do povo hebreu do Egito), em torno de 1441 a.C., passaram a ser reverenciadas juntas. É esta a Páscoa que o Cristo desejou comemorar junto dos seus mais caros, por ocasião da última ceia. Logo após a celebração, foram todos para o Getsêmani, onde os discípulos invigilantes adormeceram, tendo sido o palco do beijo da traição e da prisão do Nazareno. Mas há outros elementos “evangélicos” que marcam a Páscoa. Isto porque as vinculações religiosas apontam para a quinta e a sexta-feira santas, o sábado de aleluia e o domingo de páscoa. Os primeiros relacionam-se ao “martírio”, ao sofrimento de Jesus – tão bem retratado neste último filme hollyodiano (A Paixão de Cristo, segundo Mel Gibson) –, e os últimos, à ressurreição e a ascensão de Jesus. No que concerne à ressurreição, podemos dizer que a interpretação tradicional aponta para a possibilidade da mantença da estrutura corporal do Cristo, no post-mortem, situação totalmente rechaçada pela ciência, em virtude do apodrecimento e deterioração do envoltório físico. As Igrejas cristãs insistem na hipótese do Cristo ter “subido aos Céus” em corpo e alma, e fará o mesmo em relação a todos os “eleitos” no chamado “juízo final”. Isto é, pessoas que morreram, pelos séculos afora, cujos corpos já foram decompostos e reaproveitados pela terra, ressurgirão, perfeitos, reconstituindo as estruturas orgânicas, do dia do julgamento, onde o Cristo, separá justos e ímpios. A lógica e o bom-senso espíritas abominam tal teoria, pela impossibilidade física e pela injustiça moral. Afinal, com a lei dos renascimentos, estabelece-se um critério mais justo para aferir a “competência” ou a “qualificação” de todos os Espíritos. Com “tantas oportunidades quanto sejam necessárias”, no “nascer de novo”, é possível a todos progredirem. Mas, como explicar, então as “aparições” de Jesus, nos quarenta dias póstumos, mencionadas pelos religiosos na alusão à Páscoa? A fenomenologia espírita (mediúnica) aponta para as manifestações psíquicas descritas como mediunidades. Em algumas ocasiões, como a conversa com Maria de Magdala, que havia ido até o sepulcro para depositar algumas flores e orar, perguntando a Jesus – como se fosse o jardineiro – após ver a lápide removida, “para onde levaram o corpo do Raboni”, podemos estar diante da “materialização”, isto é, a utilização de fluido ectoplásmico – de seres encarnados – para possibilitar que o Espírito seja visto (por todos). Igual circunstância se dá, também, no colóquio de Tomé com os demais discípulos, que já haviam “visto” Jesus, de que ele só acreditaria, se “colocasse as mãos nas chagas do Cristo”. E isto, em verdade, pelos relatos bíblicos, acontece. Noutras situações, estamos diante de uma outra manifestação psíquica conhecida, a mediunidade de vidência, quando, pelo uso de faculdades mediúnicas, alguém pode ver os Espíritos. A Páscoa, em verdade, pela interpretação das religiões e seitas tradicionais, acha-se envolta num preocupante e negativo contexto de culpa. Afinal, acredita-se que Jesus teria padecido em razão dos “nossos” pecados, numa alusão descabida de que todo o sofrimento de Jesus teria sido realizado para “nos salvar”, dos nossos próprios erros, ou dos erros cometidos por nossos ancestrais, em especial, os “bíblicos” Adão e Eva, no Paraíso. A presença do “cordeiro imolado”, que cumpre as profecias do Antigo Testamento, quanto à perseguição e violência contra o “filho de Deus”, está flagrantemente aposta em todas as igrejas, nos crucifixos e nos quadros que relatam – em cores vivas – as fases da via sacra. Esta tradição judaico-cristã da “culpa” é a grande diferença entre a Páscoa tradicional e a Páscoa espírita, se é que esta última existe. Em verdade, nós espíritas devemos reconhecer a data da Páscoa como a grande – e última lição – de Jesus, que vence as iniqüidades, que retorna triunfante, que prossegue sua cátedra pedagógica, para asseverar que “permaneceria eternamente conosco”, na direção bussolar de nossos passos, doravante. Nestes dias de festas materiais e/ou lembranças do sofrimento do Rabi, possamos nós encarar a Páscoa como o momento de transformação, a Verdadeira evocação de liberdade, pois, uma vez despojado do envoltório corporal, pôde Jesus retornar ao Plano Espiritual para, de lá, continuar “coordenando” o processo depurativo de nosso orbe. Longe da remissão da celebração de uma festa pastoral ou agrícola, ou da libertação de um povo oprimido, ou da ressurreição de Jesus, possa ela ser encarada por nós, espíritas, como a vitória real da vida sobre a morte, pela certeza da imortalidade e da reencarnação, porque a vida, em essência, só pode ser conceituada como o amor, calcado nos grandes exemplos da própria existência de Jesus, de amor ao próximo e de valorização da própria vida. Nesta Páscoa, assim, quando estiveres junto aos teus mais caros, lembra-te de reverenciar os belos exemplos de Jesus, que o imortalizam e que nos guiam para, um dia, também estarmos na condição experimentada por ele, qual seja a de “sermos deuses”, “fazendo brilhar a nossa luz”. Comemore, então, meu amigo, uma “outra” Páscoa. A sua Páscoa, a da sua transformação, rumo a uma vida plena. Fonte: Diretor de Política e Metodologias de Comunicação, da Abrade (Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo) e Delegado da CEPA (Confederação Espírita Pan-Americana) para a Grande Florianópolis-SC.
Autor: O OBSERVADOR Fonte: O OBSERVADOR

Dado o texto longo, eu me eximo de comentá-lo agora. Elucidativo, encerra uma pesquisa bem administrada pela autora, que bem representa o órgão de que é porta-voz.

Bênçãos pra todos e
Feliz Páscoa

sexta-feira, janeiro 23, 2009

EM TORNO DA PALAVRA FALADA

Vaso de flores / Anita Malfatti

As coisas boas a gente gosta de reservar para o amigos. Está aí o oportuno artigo da nossa iluminada Leda Flaborea de quem tantas vezes me tenho valido para conferir a este blog um status confiável. A surpresa de hoje é o tema Em torno da palavra falada, que ela trata de modo inteligente e esclarecedor,
tendo a seu serviço uma bibliografia respeitável.
Vamos lá.

EM TORNO DA PALAVRA FALADA

Leda Maria Flaborea

“Porque não há coisa oculta que não haja de manifestar-se, nem escondida que não haja de saber-se e vir à luz. Vede, pois, como ouvis”. – Jesus ¹(Lc,8:17-18.)

Em todos os lugares surgem pessoas que abusam da palavra, porque, ainda, temos dificuldade em controlar nossa língua. A palavra tem força e uma vez tendo sido dita, não será possível apagá-la.
Entretanto, o falar não pode ser dissociado do ouvir. São duas faculdades que se completam, porque são interdependentes entre si. Se é importante o cuidado com o quê e como dizemos as coisas, também o é com o quê e como ouvimos aquilo que nos é dito. A palavra é forte fio condutor, tem força, e uma vez dita não poderemos mais conter-lhe o caminho, porque na outra ponta desse fio está o receptor, o ouvinte e, por isso mesmo, ela pode se captada e espalhada como bálsamo ou veneno, paz ou discórdia, luz ou treva. Se de um lado temos quem fala, do outro, surge quem escuta, ambos responsáveis por suas atitudes. Por isso disse Jesus que o homem fala do que está repleto o seu coração. E quem ouve também.
Quando atentos, observando as pessoas ao nosso redor, poderemos perceber que dentro do nosso lar, ou mesmo fora dele, escutamos os mais variados comentários acerca de tudo e de todos. São comuns as discussões sobre o que acontece com a Natureza, sobretudo em uma época em que estamos acordando para a necessidade de preservá-la; comentários sobre os atos, fatos e boatos em torno das autoridades constituídas; observações sobre a vida alheia – pública ou privada -, esquecendo-se de que a vida do outro, como a própria palavra diz, é do outro, e não nossa; escutamos opiniões diferentes, coerentes ou descabidas, sobre os mais diversos assuntos, sejam eles na esfera da ciência, da política, da filosofia, da arte ou da religião.
Todavia, podemos, ainda, observar que não é somente no campo intelectual que surgem descalabros, desequilíbrios, ao lado de colocações ponderadas e lúcidas. A própria sociedade é um verdadeiro campo de batalha nesse aspecto. De um lado, temos Espíritos nobres semeando bem e luz e, de outro, os semeadores da discórdia, da maledicência, da calúnia, perturbando a harmonia e o progresso de todos e de tudo.
O Apóstolo Paulo nos recorda, em sua carta a Tito, Capítulo 2, versículo 1, que devemos falar para o bem em atendimento à recomendação de Jesus, e para termos os ouvidos atentos àqueles que nos falam. Porque, muitas vezes, seremos chamados a falar nas mais diferentes situações: entre os bons, para falarmos do bem, do belo, do amor; entre os maus, tentados a caluniar, a julgar levianamente, destacando a maledicência como foco nas conversações. Assim, de desastre em desastre, vamos criando, em torno dos próprios passos, todas as desventuras que formos construindo no nosso caminhar, pois falamos hoje e pagamos a conta amanhã. Isso é da lei. Semeadura e colheita. Dependência perene... Resultado das nossas escolhas...
Mas, se já possuímos algum conhecimento evangélico e se não desconhecemos os valores do Espírito, precisamos ficar atentos para não usarmos o verbo, contrariamente, às orientações de Jesus. Falar o que o outro quer ouvir é fácil. Replicar-lhe o argumento, atendendo aos nossos interesses, também, não é difícil. Mas, ouvir-lhe com paciência e entendimento e falar-lhe com “a prudência amorosa e com a tolerância educativa, como convém à sã doutrina do Mestre, é tarefa complexa e enobrecedora, que requisita a ciência do bem no coração e o entendimento evangélico dos raciocínios”. ²

De tudo isso, podemos concluir que o problema não está no comentário em si – quem fala responderá pelas conseqüências que provocar –, mas na forma como o recebemos, tendo em vista que reagiremos a ele de acordo com nosso entendimento e sentimento. Por isso se faz tão importante compreender a nossa postura diante desse fato: Como estamos respondendo ao que ouvimos? Estaremos convertendo-o no bem ou no mal? Estamos espalhando, em conseqüência daquilo que escutamos, alegria ou sofrimento para aqueles que estão junto de nós? Ouvimos com malícia ou caridade?

A resposta honesta e transparente a essas questões é que nos dará a correta medida de como e o quanto estamos evoluindo, espiritual e moralmente, nesta nossa jornada planetária, no campo das relações interpessoais.

Emmanuel lembra que precisamos aprender “a lubrificar as engrenagens da audição com o óleo do amor puro, a fim de que nossa língua traduza o idioma da compreensão e da paciência, do otimismo e da caridade, porque nem sempre o nosso julgamento é o julgamento da Lei Divina e, conforme asseverou o Cristo de Deus, não há propósito oculto ou atividade transitoriamente escondida que não hajam de vir à luz”.

Porém, como não dá para fazer tudo de uma só vez, a proposta é a que, num primeiro momento, aprendamos a controlar a língua para, depois, modificarmos a recepção do que ouvirmos, em atendimento ao convite de Jesus: caridade no ouvir, caridade no falar.

Consoante a essa recomendação do Amado Mestre, Irmão X, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, narra uma pequena história com o título Os Três Crivos, que transcrevemos. Diz-nos ele:

Certa feita, um homem esbaforido achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos:
- Escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te, em particular...
- Espera!... – juntou o sábio prudente. Já passaste o que vais me dizer pelos três crivos?
- Três crivos? – perguntou o visitante, espantado.
-Sim, meu caro amigo, três crivos. Observemos se tua confidência passou por eles. O primeiro, é o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza, quanto aquilo que pretendes comunicar?
- Bem, ponderou o interlocutor, - assegurar mesmo, não posso... Mas ouvi dizer e... então...
- Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julga saber, será pelo menos bom o que me queres contar?
- Hesitando, o homem replicou:
- Isso não... Muito pelo contrário...
- Ah! – tornou o sábio – então recorramos ao terceiro crivo, o a utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.
- Útil?!... – aduziu o visitante ainda agitado – Útil não é...
- Bem – rematou o filósofo num sorriso -, se o que tens a confirmar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem edificação para nós...
Aí está, meu amigo, a lição de Sócrates, em questão de maledicência...


BIBLIOGRAFIA

1 – LUCAS, 8:17-18.
2 – EMMANUEL (Espírito). Vinha de Luz, [psicografado por] F. C. Xavier – 14ª ed. FEB – RIO DE JANEIRO/RJ - lição 16.
3 –Id. Palavras de Vida Eterna, [psicografado por] F.C. Xavier – 20ª ed., CEC Edições – UBERABA/MG - pg 122.


Como podemos ver, uma bela contribuição para nós que nos interessamos em acolher as
idéias instrutivas que nos orientam o comportamento.
Obrigada, Leda.

Daí, enfatizarmos o conselho de Emmanuel:

Sejamos dedicados ouvintes, buscando a posição de bons executores das lições recolhidas.

quinta-feira, janeiro 01, 2009

ENTRADA DE 2009

Foto de Adalberto Queiroz

Demorei, mas estou aqui, para abrirmos o ano 2009.
Sob o impacto da crise econômica mundial, diante das catástrofes acontecidas ultimamente aqui e lá fora, ante o desolador estado de beligerância entre israelitas e palestinos em plena mudança de ano, para citar somente fatos mais recentes, podemos até perder a esperança de que problemas tão sérios e de consequências tão drásticas venham a ser resolvidos.
Daí a necessidade de pedirmos a Deus que nos ajude, que nos dê um ano de mobilizações para a solução do atual estado de coisas. É imprescindível o esforço de cada um em prol de uma sociedade mais consciente de seu destino, em busca dos direitos que levem a uma distribuição igualitária dos bens da terra e à preservação da dignidade humana.
Como no Natal, procuro agora uma palavra esclarecida, coerente, determinada que nos auxilie a receber conscientemente o ano 2009.
Com vocês, o vigoroso texto de Frei Beto com que uma amiga me presenteou:

FELIZ ANO NOVO

No próximo ano, soterrarei de perdões o meu mal-querer e de afagos essa sórdida tendência de apostar na desgraça alheia. Serei dom e não dor.

No próximo ano, porei em prática sábias lições de vida: pão que se guarda endurece o coração; a cabeça pensa onde os pés pisam; o contrário do medo não é a coragem, é a fé.

No próximo ano, segredarei aos peregrinos os três aforismos de meu bem-viver: Deus tem sabor de justiça; a vida trafega a bordo do paradoxo; a morte é verbo e não se conjuga no presente, é sempre pretérito ou futuro.

No próximo ano, cultivarei cada um de meus cabelos brancos, modelarei de gorduras a flacidez de minhas carnes e preservarei cioso as rugas que maquiam de sabedoria o meu rosto.

No próximo ano, tratarei o semelhante com a reverência dos anjos e lavarei as portas de minha cidade para acolher em festa os que trazem boas novas.

No próximo ano, violarei todas as regras da civilidade torpe que me engravata de cabrestos e rasgarei as etiquetas que me fazem perder horas em cuidados supérfluos. Arrancarei do pulso as algemas do relógio que me escravizam ao ritmo implacável de minutos e segundos.

No próximo ano, serei irresponsavelmente feliz, liberto dessa onipotência que recobre de fúria a minha excessiva fragilidade. Confessarei a mim mesmo os meus pecados e, crucificado numa roda-gigante, ressuscitarei com a inocência das crianças que sorriem prenhes de vertigens.

No próximo ano, nomearei para o governo da cidade um cavaleiro que chegue montado num burrico e tenha as mãos calosas como quem cavou as entranhas da terra. Não darei lugar aos príncipes revestidos de palavras vãs, nem porei a minha confiança nos arautos surdos ao clamor dos desvalidos.

FELIZ 2009!

E, para terminar, o singelo poema de nossa companheira de fé , a aplaudida poeta Lêda Mello, requisitada por tantos sítios poéticos da internet.

ANO VELHO, NOVO ANO

Ano Velho declinando,

longe não vejo os momentos

em que estive arrumando

as coisas e os sentimentos,

jôio e trigo separando,

limpando compartimentos,

minha casa aprontando

p'ra luz do seu nascimento...

Ano findando, eu pensei:

- O que, vivendo, aprendi?

Como foi que empreguei

o tempo que recebi?

Quanto jôio arranquei

e quanto trigo eu colhi?

Quantos sonhos realizei,

e de quantos me desfiz?

Despeço-me, agradecida,

do período que está findo,

por ajustar minha vida

p'ro ano que vem surgindo.

Esperança revivida

e novo alento sentindo,

alma canta em acolhida:

Ano Novo, és Bem-Vindo!

Arapiraca (AL) – Brasil