RECAPITULAÇÃO DO EVANGELHO DE JESUS Capítulo V Itens 27 a 31
Finalizaremos hoje o capítulo V de
nossa recapitulação, fazendo a releitura dos textos de espíritos esclarecidos
que comparecem para ajudar-nos na apreensão do significado das palavras
divinas. Vejamos o texto do Espírito protetor BERNARDIN / Bordéus / 1863.
Ele nos explica a pergunta: Deve-se pôr termo às provas do próximo quando se pode, ou é preciso, por respeito aos desígnios de Deus, deixá-las seguir seu curso?
Já nos foi ensinado que estamos aqui,
na Terra, para concluir nossas provas. Tudo o que nos acontece é consequência
natural de nossas existências anteriores, o peso da dívida que temos que pagar.
Infelizmente, esse raciocínio pode levar-nos a interpretações errôneas que
precisamos neutralizar pelas consequências funestas que podem acarretar.
Muitos pensam que, se um espírito habita
a Terra para expiar, é necessário que as provas tenham seu curso, ou, mesmo, que
nada deva ser feito para tentar diminuir a dor desses espíritos, chegando ao
ponto de crer que seja preciso incrementá-las para se tornarem mais eficientes. Puro engano. Tais provas devem
seguir o curso que Deus lhes prescreveu, mesmo porque não conhecemos seus limites.
Um devedor nunca é escolhido por Deus como instrumento de suplício, mas como
bálsamo de consolação que deve cicatrizar as feridas abertas pela justiça
divina. E aquele que dá suporte ao que expia culpas deve reconhecer que foi
Deus que colocou em suas mãos os meios para que o socorro seja providenciado.
Ajudemos sempre com fé e amor. O espírita deve entender que sua vida inteira
deve ser um ato de devotamento e de amor sem esquecer, no entanto, que só Deus
pode deter a dor ou prolongá-la, segundo julgue necessário. A esta altura,
estamos aptos a repetir com Bernardin: ”Estais todos na Terra para expiar; mas
todos, sem exceção, deveis empregar todos os vossos esforços para abrandar a
expiação de vossos irmãos, segundo a lei de amor e de caridade.”
A questão apresentada agora é: Um homem está agonizante, vítima de cruéis
sofrimentos; seu estado é desesperador. É permitido poupar-lhe alguns instantes
de angústia apressando-lhe o fim?
Em qualquer situação de sofrimento que se encontre um paciente terminal, ninguém pode avaliar que ele está em sua hora final. Às vezes, espera-se dele apenas o último suspiro e ele se reanima e recobra suas faculdades por alguns instantes. É a ‘visita da saúde’, como se diz comumente. Na verdade, essa horinha de graça que lhe é concedida pode ter uma imensa importância. Nela pode se conter um ’flash’ de conscientização ou arroubo de arrependimento que o poupará de tormentos. Os que não creem na existência do Espírito não conseguem compreender essas situações. O Espírita conhece o valor do último pensamento. Minorar os últimos sofrimentos de alguém que se vai é válido , mas tentar abreviar –lhe a vida, mesmo por poucos minutos, é desastroso para o espírito em processo de separação do corpo. Esse tempo pode poupá-lo de sofrimentos no plano espiritual. (SÃO LUIS, Paris / 1860).
A questão que se propõe desta vez é: Alguém que está desgostoso da vida, mas não
quer suicidar-se, é culpável em procurar a morte sobre um campo de batalha,
pensando em torná-la útil?
Na realidade, o objetivo do homem que se mata ou se faça matar é sempre o de suspender a sua vida. Nestes casos, há suicídio de intenção se não de fato. A idéia de que sua morte servirá para alguma coisa é ilusória. É uma fantasia para enganar-se a si mesmo e sentir-se aliviado. “O verdadeiro devotamento consiste em não temer a morte quando se trata de ser útil, em enfrentar o perigo, a fazer, por antecipação e sem pesar, o sacrifício de sua vida se isso é necessário; mas a intenção premeditada de procurar a morte, expondo-se a um perigo, mesmo para prestar serviço, anula o mérito da ação.” (SÃO LUIS, Paris / 1860).
Mais uma questão: Um homem se expõe a um perigo iminente para salvar a vida de um dos
seus semelhantes, sabendo de antemão que ele mesmo sucumbirá. Isso pode ser
considerado um suicídio?
Desde que não haja intenção de procurar a morte, não há suicídio. Ao contrário, há devotamento e abnegação, apesar da probabilidade de vir a morrer, o que ninguém pode garantir. A mão divina pode providenciar um surpreendente meio de salvação no momento mais crítico. Pode ela querer prolongar a prova de resignação ao seu limite máximo. (SÃO LUIS, Paris / 1860).
Última questão: Aqueles
que aceitam seus sofrimentos com resignação, por submissão à vontade de Deus e
com vistas à sua felicidade futura, não trabalham senão para si mesmos, e podem
tornar seus sofrimentos proveitosos aos outros?
"Esses sofrimentos podem ser
proveitosos a outrem, material e moralmente. Materialmente, se, pelo trabalho,
as privações e os sacrifícios que se impõem contribuem para o bem-estar material
do próximo; moralmente, pelo exemplo que dão de sua submissão à vontade de
Deus. Esse exemplo de poder da fé espírita pode estimular os infelizes à
resignação, salvá-los do desespero e de suas funestas consequências para o
futuro”. (SÁO LUIS, Paris / 1860).
Chegamos, assim, ao fim do capítulo V, o que nos deixa mais familiarizados com a linguagem e os argumentos esclarecedores do contexto. Merecemos uma pausa, uns minutos relaxantes. E isso foi providenciado. Ao saírem do texto aqui ,rolem para o vídeo abaixo e se encantem com a voz e a graça de uma 'cantora de ópera' de apenas 9 anos e autodidata! Eu adoraria saber a reação de cada um de vocês sobre esse fenômeno de voz. Até setembro. LINK para o vídeo: http://youtu.be/qDqTBIKU4CE