domingo, dezembro 01, 2013

Recapitulando o Evangelho de Jesus Cap. IV Itens 9 a 17

                                                              Imagem colhida na Internet


                                 RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS
                                                       Cap. IV         Itens 9 a 17
          

          Vamos continuar no tema Reencarnação a partir de citações conhecidas, para atribuir a elas seu verdadeiro sentido. Como em “O Espírito sopra onde quer, ouvis sua voz, mas não sabeis nem de onde ele vem, nem para onde ele vai” a palavra Espírito pode ser tomada como o Espírito de Deus que confere vida a quem Ele quer, ou seja, dá a alma do homem. Da mesma forma,”vós não sabeis de  onde ele vem nem para onde vai” significa que não se conhece o que a alma ou espírito foi nem o que será. Ora, se o Espírito (ou alma) fosse criado ao mesmo tempo que o corpo, saberíamos de onde veio, já que estaríamos a par  de seu começo. De onde podemos deduzir que essa passagem é a consagração do princípio da pré-existência da alma e, portanto, da pluralidade das existências.”
          Conhecemos a passagem,”desde o tempo de João Batista até o presente, o reino dos Céus é tomado pela violência, e são os violentos que o obtêm, porque até João, todos os profetas, assim como a lei, profetizaram; e se quereis compreender o que vos disse, é ele mesmo o Elias que deve vir. Ouça aquele que tem ouvidos para ouvir.”
          Ora, se o princípio da reencarnação expresso em São João podia ser entendido como puramente místico, essa passagem de São Mateus não deixa nenhuma dúvida de que estamos diante de uma verdade. Voltemos à citação “Desde o tempo de João Batista até o presente, o reino dos Céus é tomado por violência...”  e perguntemos: que significado pode ter uma afirmação desta se João Batista vivia ainda naquele momento? Jesus a explica  dizendo:“Se quereis compreender o que vos disse, é ele mesmo, o Elias que deve vir.”
           Uma outra referência à violência da lei mosaica  que ordenava o extermínio dos infiéis para ganhar a Terra Prometida - Paraíso dos Hebreus - podemos encontrar na afirmação: ”Até o presente o reino dos céus é tomado pela violência”.  Segundo a nova lei, porém, o céu se conquista pela prática da caridade e do amor ao próximo.
Depois, Ele acrescenta: “Ouça quem tem ouvidos para ouvir”.
          Tão repetidamente usadas por Jesus, essas palavras tinham um significado – o mundo não estava pronto para assimilar certas verdades.
           Esta passagem de Isaias é bastante explícita: “Aqueles do vosso povo que se tenham feito morrer, viverão de novo” Se o profeta quisesse falar de vida espiritual, se tencionasse dizer que aqueles que se fizeram morrer não estavam mortos em Espírito, ele teria falado ‘vivem ainda’ e não ‘viverão de novo’ .
             Palavras absurdas, no sentido espiritual, já que implicariam numa interrupção na vida da alma  e negação das penas eternas, assim como no sentido de ‘regeneração moral’, uma vez que estabelecem, em princípio, que todos aqueles que estão ‘mortos reviverão’.  
          Uma indagação persiste: Depois da morte, pode o homem reviver? Há três versões: 1) “Nessa guerra em que me encontro todos os dias de minha vida, espero que minha transformação chegue”. 2) ”Esperarei todos os dias de meu combate, até aquele em que me chegue alguma transformação”.( Tradução protestante de Osterwald); 3) “Quando o homem está morto, ele vive sempre; terminando os dias de minha existência terrestre, esperarei porque a ela voltarei de novo”. (Versão da Igreja  grega).
          Como vemos, o princípio da pluralidade das existências está claramente expresso nessas três versões. Isso nos leva à constatação de que sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarnação era uma das crenças fundamentais  dos judeus, o que foi confirmado  por Jesus e pelos profetas de maneira formal. Isso significa que negar a reencarnação é negar as palavras do Cristo.  Isso, do ponto de vista religioso. Do ponto de vista filosófico, aí estão as provas que resultam da observação dos fatos. Na hora em que se examina um fato, remontando dos efeitos à causa, a reencarnação surge como necessidade absoluta, como uma condição inerente à humanidade, ou seja, como uma lei natural. Só ela pode responder ao homem de onde ele vem, para onde ele vai, por  que está na Terra, além de justificar todas as anomalias como todas as injustiças aparentes que a vida nos oferece.
          O princípio da preexistência da alma e da pluralidade das existências consegue explicar as máximas do Evangelho. Só ele fará com que  interpretações contraditórias sejam banidas e que seja restituído seu verdadeiro sentido.

                                                   ***********

            Espero ter conseguido meu intento: tornar mais assimilável esta leitura.

           Ponho-me à disposição para qualquer entendimento.
           
           Deixo-lhes um Youtube gostoso para encher de som nosso cantinho de encontro enquanto vocês meditam. Até mais.

sexta-feira, novembro 01, 2013

RECAPITULANDO O EVANGELHO Capítulo IV Iten 5, 6, 7 e 8

Canção de Ninar   Brahms

Vamos continuar a falar de reencarnação ouvindo Brahms? É inspirador, não acham?

Imagem colhida na internet

            Mestre, sabemos que foi Deus que te enviou para nos instruir e guiar porque ninguém poderia fazer os milagres que tens operado se Deus não estivesse a teu lado. Essas palavras foram ditas por um senador dos Judeus, Nicodemos, em visita a Jesus. Como resposta, Jesus afirmou: “Em verdade, em verdade vos digo que ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo”. Ao que Nicodemus reage: Como pode um homem já velho tornar a nascer? Como pode ele voltar ao ventre materno para nascer outra vez? Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo que se um homem não renascer da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito. É preciso que nasçais de novo”.
            A crença de que os profetas poderiam reviver sobre a Terra se encontra em várias passagens do Evangelho. Assim, havia o pensamento de que João Batista era Elias. Se essa maneira de pensar não tivesse respaldo, Jesus a teria combatido como combateu tantas outras. Muito ao contrário, ele a julgou como princípio e condição, o que está em suas palavras: “É preciso que nasçais de novo”.
            Voltando  às palavras de Jesus: ’Se um homem não renasce da água e do Espírito’, devemos explicar que a palavra ‘água’ não era empregada com o significado que lhe é próprio. Para os antigos, de conhecimentos científicos ainda pouco desenvolvidos, a Terra tinha surgido das águas. Daí considerarem a água como elemento gerador único, tanto que na Gênese está escrito:”o Espírito de Deus era levado sobre as águas; flutuava na superfície das águas; que o firmamento seja feito no meio das águas; que as águas que estão abaixo do céu se reúnam em um só lugar; e que o elemento árido apareça; que as águas produzam animais vivos que nadem na água e os pássaros que voem sobre a terra e sob o firmamento.”
            De acordo com essa maneira de crer, a água era o símbolo da natureza material, como o espírito era o da natureza inteligente. Cabe, então, aqui,  a explicação: ‘Se o homem não renasce da água e do Espírito’ ou ’em água e em espírito’, na realidade, significa ‘Se o homem não renasce com seu corpo e sua alma’...
            Tal interpretação é justificada pelas expressões usadas por Jesus: ‘o que  é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito’ , mostrando claramente que só o corpo procede do corpo e que o Espírito é independente do corpo.

            Entenda-se o nascer de novo como reencarnação e aprendamos com Emmanuel:

“A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro
corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo.

Decididamente, em nome da Eterna Sabedoria, o homem é o senhor da evolução na Terra.

(...) Claramente, nós, os espíritos em aperfeiçoamento, no aperfeiçoamento terrestre,
conseguimos alterar ou manobrar as energias e os seres inferiores do orbe a que
transitoriamente, nos ajustamos, e do qual nos é possível catalogar os
impróprios da luz infinita, estuantes no Universo.
À face disso, não obstante sustentados pelo Apoio Divino, nas lides educativas que nos
são necessárias, o aprimoramento moral corre por nossa conta.
0 professor ensina, mas o aluno deve realizar-se.
Os espíritos superiores nos amparam e esclarecem, no entanto, é disposição da Lei que
cada consciência responda pelo próprio destino.
Meditemos nisso, valorizando as oportunidades em nossas mãos.
Por muito alta que seja a quota de trabalho corretivo que tragas dos compromissos
assumidos em outras reencarnações, possuis determinadas sobras de tempo, do tempo que é
patrimônio igual para todos, e, com o tempo de que dispões, basta usares sabiamente a
vontade, que tanta vez manejamos para agravar nossas dores, a fim de te consagrares ao
serviço do bem e ao estudo iluminativo, quando quiseres, como quiseres, onde quiseres e
quanto quiseres, melhorando-te sempre.” (Emmanuel  por Chico Xavier em Livro da Esperança).

quarta-feira, outubro 02, 2013

RECAPITULANDO O EVANGELHO CAP. IV

             Imagem colhida em Paisagens Lindas da Internet

            RECAPITULANDO  EVANGELHO    CAP. IV   Itens 1, 2, 3 e 4



           RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO

     NINGUÉM PODE VER O REINO DE DEUS SE NÃO NASCER DE NOVO

            Em suas andanças, Jesus, tendo vindo para os lados de Cesareia de Felipe, procurou saber de seus discípulos o que diziam os homens do Filho do Homem. O que eles acham que sou? E ouviu a seguinte resposta: Alguns dizem que é o João Batista; outros, o Elias;  outros, o Jeremias ou algum dos profetas. Ao que Jesus acrescentou: E vocês, aqui, que acham que sou? Simão Pedro, tomando a dianteira, respondeu: É o Cristo, o Filho de Deus vivo. Ao que Jesus respondeu: Abençoado seja, Simão, filho de Jonas, porque não foi nem a carne nem o sangue que lhes revelaram esta verdade , mas meu pai que está nos céus.
            A essa altura, intervém Herodes, o Tetrarca, que, surpreso com as notícias que lhe chegavam a respeito dos feitos de Jesus, queria saber quem era esse homem. Uns diziam que João ressuscitara entre os mortos; outros que Elias aparecera; e outros que um dos profetas voltara.  Ao que Herodes respondera: Eu mandei cortar a cabeça de João. O que quero ter agora são dados sobre esse homem capaz de tão extraordinários feitos! Preciso vê-lo. 
            Quando os discípulos de Jesus lhe perguntaram: Por que os escribas dizem que é preciso que Elias venha antes? Jesus lhes respondeu: Elias virá e restabelecerá todas as coisas, mas eu lhes asseguro que Elias já veio e não o conheceram, dando-lhe tratamento inadequado, do mesmo modo que tratarão o Filho do Homem. Seus discípulos, então, compreenderam que era de João Batista que ele lhes tinha falado. 
           Pelo exposto, entendemos que a questão em discussão prende-se à volta de Espíritos à vida. Na realidade, os judeus antigos acreditavam na Ressurreição, ou seja, a volta do Espírito ao corpo. Só os saduceus não acreditavam nela. Aliás, as ideias dos judeus sobre esse e outros muitos pontos não eram amadurecidas. Eles tinham noções muito vagas sobre alma e sua ligação com o corpo. Pressentiam que um homem que viveu podia reviver, mas não sabiam como isso podia se processar. Deram o nome de Ressurreição àquilo que o Espiritismo veio a reconhecer como Reencarnação. Ora, a Ressurreição supõe o retorno à vida do corpo morto, o que a Ciência já provou ser materialmente impossível, principalmente quando o tempo já agiu sobre ele, decompondo-o fisicamente e levando seus detritos à absorção pelo solo. Já a reencarnação é o retorno do Espírito à vida corporal, mas em um novo corpo constituído para ele, sem nenhuma relação com o antigo. Consideramos um caso de Ressurreição, sim, o que aconteceu a Lázaro, mas não aos profetas. Assim sendo, como, de acordo com sua crença, João era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias que podia ser reconhecido, dado o fato de seus pais serem ainda vivos e poderem dar seu testemunho. De onde se conclui que João podia ser Elias reencarnado, de maneira alguma, ressuscitado.
            A crença de que João Batista era Elias e de que os profetas poderiam reviver sobre a Terra é encontrada em muitas passagens dos Evangelhos. Se isso tivesse sido um erro de interpretação, Jesus jamais teria deixado de combatê-lo, como combateu tantas outras crenças. Pelo contrário, ele a admitiu com toda a grandeza de sua autoridade. E a posicionou como princípio e como condição precípua: 
                 
“Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo.” 

terça-feira, setembro 03, 2013

RECAPITULANDO O EVANGELHO III DESTINAÇÃO DA TERRA

 
                                         
Meio escondido / Vanda Rodrigues



DESTINAÇÃO DA TERRA

CAUSA DAS MISÉRIAS HUMANAS
                                   
                                
                         
                                     É de se lamentar que a Terra, um planeta dotado de tanta beleza, abrigue tanta dor, tanta miséria, onde más paixões saiam de controle e onde tanta enfermidade submeta seus habitantes a tão ásperos sofrimentos. Isto está na mente de tantos quantos analisem a vida na Terra sem relativizar as condições em que foram apreciados os quesitos adotados. Sem um termo de comparação, qualquer estudo pode produzir uma ideia falsa do conjunto. É o nosso caso aqui. Nosso contingente humano na Terra não é a humanidade inteira, mas apenas uma pequena fração dela.  Aos seres dotados de razão que povoam os inumeráveis mundos do Universo é que damos o nome de Humanidade, sendo a Terra um pequenino elemento desse conjunto. Por outro lado, é preciso lembrar que a Terra tem uma destinação específica como lugar de expiação e provas, sendo, portanto, seus habitantes espíritos que precisam de desenvolvimento para passar a outro estágio de evolução.
                                    Para que fique bem clara essa noção, vamos imaginar a Terra como uma cidade grande onde encontramos bairros providos de todo tipo de conforto, bem como escolas, hospitais, casas de detenção, ao lado de bairros pobres onde há carência de bens e serviços básicos para uma vida normal e onde vive uma gente submissa ou desorientada. Faríamos dos habitantes de uma cidade uma falsa ideia se eles fossem julgados pelo contingente humano de um de seus bairros mais carentes, ou pelos doentes dos hospitais ou pelos presos das cadeias. Seria um falso balanço, uma análise deturpada, unilateral. Do mesmo modo que, numa cidade, a população não está somente num hospital, numa prisão ou num bairro pobre, a Humanidade não se compõe só da população da Terra. Da mesma maneira que um homem sai de um hospital quando curado e saudável, ou da prisão quando se cumpre seu confinamento, o homem deixa a Terra por mundos mais felizes, quando se acha refeito de suas carências morais.
                                   Tentando explicar mais detalhadamente, podemos dizer que coexistem mundos inferiores e mundos superiores. Esse tipo de qualificação é, porém relativo: cada mundo é inferior ou superior em relação àqueles que estão  acima ou abaixo dele na escala progressiva. Digamos que seja a Terra o termo de comparação. Que tipo  de viventes seriam encontrados num mundo em estágio inferior? Seres rudimentares ainda não bafejados pela civilização, de aspecto tosco, apesar da forma humana, regidos pela força bruta, levando a vida em busca de alimentos. Mesmo assim, têm uma ideia indefinida de um Ser Superior que rege a Natureza. É como se fossem crianças que se desenvolvem e rumam em busca de vida mais completa.
                             Entre esses estágios, existem inúmeros patamares até se alcançar o dos Espíritos puros, desmaterializados e plenos de luz, após uma série de fases evolutivas desde o estado rudimentar.
                                     Nos mundos que ocupam um estágio superior ao da Terra, as condições de vida material e moral são diferentes. O aspecto corpóreo é o mesmo, apenas mais aperfeiçoado, como que purificado, sem a materialidade anterior. Seus sentidos e percepções são mais delicados e eles se movem com mais fluidez.
                                   Nos espíritos mais desenvolvidos, a leveza específica dos corpos faz com que a locomoção seja rápida e fácil. Eles deslizam na superfície ou planam na atmosfera, guiados apenas por sua vontade. Seu espectro é iluminado. A morte é considerada como uma transformação feliz já que não existem dúvidas sobre o futuro. No correr da vida, a alma, livre da matéria compacta, é de radiante lucidez, ficando em estado próximo ao de emancipação permanente  e livre transmissão de pensamentos. 
          O                     O que   há de extremamente positivo nesses mundos alentados são as relações entre os povos, sempre aliados, jamais perturbados pela ambição de dominar o vizinho. Não há dominantes nem dominados, não há privilegiados nem submissos. A única coisa que conta é a superioridade moral consciente que  aponta a diferença de condições e sinaliza a supremacia. O respeito à autoridade assim constituída é perfeito, garantia de justiça em seu exercício. O Ser desse  mundo não procura elevar-se acima de seu semelhante, mas acima de si mesmo para aperfeiçoar-se. Seu esforço visa a chegar, por meio do estudo à classe dos espíritos puros e igualá-los. Eles guardam todos os ternos e elevados sentimentos da natureza humana, intensificados, purificados. A fraternidade nesses mundos une todos os homens, os mais fortes amparam os mais fracos; ninguém sofre por falta do necessário, ninguém está em expiação.  O mal não existe em mundos como estes.
                                Na Terra, precisamos conhecer o mal para sentirmos o bafejo do bem; precisamos da escuridão para notarmos a luz; precisamos  da moléstia para valorizarmos a saúde.
                                        Nos mundos superiores, esses contrastes não existem. Há simplesmente a eterna beleza, a eterna luz, a eterna serenidade da alma.        
zeus,                               Deus,  porém,  em Sua soberana imparcialidade, cuidou para que não houvesse mundos privilegiados, proporcionando a todos os mesmos direitos e as mesmas facilidades para atingi-los. Todos os espíritos começam do mesmo ponto, em pé de igualdade, e com um direito – o do livre arbítrio. São comuns a todos, também, as posições a serem conquistadas através do trabalho e da perseverança. Infelizmente, há os que não se sentem capazes e se entregam, permanecendo por tempo impreciso, às vezes, por séculos, nas zonas inferiores. Apesar de tudo, a oportunidade para o reerguimento permanece em aberto. 
                                     A Terra, dentro dessa lei, já esteve em vários estágios. Tendo atingido um de seus períodos de transformação, aguarda  o momento de  passar de mundo expiatório a mundo regenerador. Então, “os homens serão felizes porque a lei de Deus nela reinará”.

quinta-feira, agosto 01, 2013



RECAPITULANDO  O EVANGELHO  III


HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI


“Há muitas moradas na casa de meu pai. Se assim não fosse, eu vo-lo teria dito; pois vou preparar-vos o lugar. E depois que eu me for, e vos aparelhar o lugar, virei outra vez e tomar-vos-ei para mim, para que lá onde estiver, estejais vós também. (João, XIV:1-3)”.

          
             Na realidade, a casa do Pai é o Universo e as diferentes moradas são os mundos que se movem no espaço infinito e oferecem aos espíritos encarnados moradas condizentes com seu adiantamento.

            Considerando ou não a diversidade desses mundos, essas palavras também podem ser tomadas como o estado feliz ou infeliz do espírito na erraticidade.  Enquanto uns, mais desprendidos da matéria, têm sensações ou percepções mais variadas e apuradas, outros não conseguem sequer afastar-se dos lugares em que viveram. Assim é que há os que se elevam e conseguem percorrer o espaço, os mundos e fruir a sublime claridade do espaço infinito e os que, alienados dos objetos de sua afeição, ou sob o peso de culpas, gemem e choram sem consolação, desesperam-se e não conseguem evoluir. Donde se depreende que há diferentes moradas na casa do Pai.

            Instruções dadas por espíritos esclarecidos levam-nos ao conhecimento de que os mundos habitados estão em condições muito diferentes uns dos outros, formando categorias diversas de acordo com o grau de evolução de seus habitantes. Há mundos cujos habitantes são inferiores física e moralmente aos da Terra; outros, no mesmo grau; e outros superiores em todos os pontos. Nos mundos inferiores, a vida se expressa  absolutamente no plano material, sendo o lado moral quase inexistente. À medida que a moral se desenvolve, a influência da matéria vai declinando. E podemos dizer que, nos mundos mais desenvolvidos, a vida se projeta toda através do lado espiritual. Já nos mundos intermediários, há mistura do bem e do mal, predominância de um ou de outro, de acordo com o grau de evolução .
Não nos é dado elaborar uma classificação absoluta desses mundos, por conta de seu estado e de sua destinação, mas podemos, baseados nas diferenças mais acentuadas, separá-los, de um modo geral, do seguinte modo : mundos primitivos, destinados  às primeiras encarnações da alma humana; mundos  de expiação e de provas, no qual o mal tem ainda grande desempenho; mundos regeneradores, onde as almas que ainda têm o que expiar adquirem forças para prosseguir; mundos felizes, onde o bem se sobrepõe ao mal; e mundos celestes onde o bem impera absolutamente. A Terra é um mundo de expiação e prova, razão por que o homem nela é atingido por tanto sofrimento. Espíritos  superiores , no entanto, sinalizam uma mudança de nível para a Terra que está entrando num processo de revitalização para fazer jus a essa mudança de categoria.
            Isto não quer dizer que os espíritos encarnados num mundo tenham que perfazer suas fases evolutivas no mesmo mundo em que se encontram.  À proporção que, num mundo, atingirem o grau de desenvolvimento necessário para galgar um degrau, passam para um mundo mais adiantado, e, assim por diante, até terem atingido o estado de espíritos puros e o direito ao mundo celeste ou divino. Em cada estação alcançada, encontrarão elementos de progresso correspondentes ao seu desenvolvimento. A superação tem sabor de recompensa do mesmo modo que é decepcionante o prolongamento da permanência num mundo menos evoluído.  E há o rebaixamento para um mundo mais infeliz para os obstinados no mal até que se rendam ao caminho das fases evolutivas. Só não há o rebaixamento permanente. Nosso caminho é para o Alto.

Falando-se assim do mal e paixões malsãs encontradas na Terra, onde as almas aí hospedadas ajustam suas contas comportamentais de existências anteriores, somos alertados para um juízo parcial que podemos fazer dessa fatia da humanidade. A Humanidade não se compõe somente dos habitantes do planeta Terra. Ela abrange todos os seres dotados de razão que povoam os inumeráveis mundos do Universo. Isto posto,
que é a população da Terra comparada à gigantesca população dos mundos do Universo? Principalmente levando em consideração a própria destinação da Terra e dos que a habitam: abrigar seres ainda imperfeitos para, através do sofrimento, chegarem a regiões mais purificadas, onde só há pessoas livres de enfermidades morais.

Isto não significa que espíritos lúcidos não podem encarnar na Terra. Encarnam em  missão para tentar melhorar as condições ambientais, além de inspirar aqueles que procuram o caminho que leva a Deus e estimular os que mostram sinais de busca de vida produtiva baseada em princípios morais. O resultado mostra sempre saldo positivo.

Para terminar, recorramos a textos que, vindos de espíritos esclarecidos, possam explicar certas situações que ocorrem entre nós e, que, apostas a textos evangélicos, expliquem sua razão de ser.

Tal como o texto abaixo, extraído do livro Fonte Viva , de Emmanuel / psicografia de Chico Xavier:

...vou preparar-vos lugar." - Jesus, (JOÃO, 14:2.)

            “Sabia o Mestre que, até à construção do Reino Divino na Terra, quantos o
acompanhassem viveriam na condição de desajustados, trabalhando no progresso de todas as criaturas, todavia, ‘sem lugar’ adequado aos sublimes ideais que entesouram.
            Efetivamente, o cristão leal, em toda parte, raramente recebe o respeito que lhe é
devido. Por destoar quase sempre da coletividade, ainda não completamente cristianizada, sofre a descaridosa opinião de muitos.
Se exercita a humildade, é tido à conta de covarde.
Se adota a vida simples, é acusado pelo delito de relaxamento.
Se busca ser bondoso, é categorizado por tolo.
Se administra dignamente, é julgado orgulhoso.
Se obedece quanto é justo, é considerado servil.
Se usa a tolerância, é visto por incompetente.
Se mobiliza a energia, é conhecido por cruel.
Se trabalha, devotado, é interpretado por vaidoso.
Se procura melhorar-se, assumindo responsabilidades no esforço intensivo das boas
obras ou das preleções consoladoras, é indicado por fingido.”

domingo, junho 30, 2013

RECAPITULANDO O EVANGELHO II O PONTO DE VISTA



Fim de tarde no Arpoador



O PONTO DE VISTA


          A noção exata que se faz da vida futura gera uma fé incontestável no porvir, o que influencia beneficamente na moralização do homem. Aquele que dá valor à vida espiritual percebe que a vida corporal não é mais que uma passagem, uma curta temporada num lugar que não lhe é grato. As dificuldades, os sofrimentos são incidentais, às vezes até seguidos de uma fase mais branda. Sabe que a morte não é o fim de tudo,  que é  a porta pela qual conseguirá sua libertação na morada da paz. Consciente de que está em lugar temporário, absorve as desventuras com menos ansiedade, com relativa serenidade, o que lhe confere certa paz de espírito. Ao passo que em estado  de dúvida sobre a vida futura, o homem volta-se inteiramente para o presente, não conseguindo entrever nada além de seus interesses, além das coisas materiais já adquiridas. Seus prejuízos fazem de sua vida uma pungente decepção. O mal que o toca, como o bem que atinge os outros, tudo representa tortura e angústia. Isso , repito, para aqueles que encaram a vida terrena sob o ponto de vista de vida finita. Já os que olham a vida sob o prisma da vida futura , da vida depois da morte do corpo, entendem que não há os bafejados pela sorte e as pessoas comuns, que ricos e pobres têm o mesmo peso e o que vale afinal é o que se observa em matéria de respeito e amor pelo outro, durante a estada na Terra.  Aprende que a humanidade inteira se perde na imensidão como as estrelas do firmamento, confundindo grandes e pequenos, ricos e pobres, virtuosos e detratores da Moral e do Bem. Enfim, aprende que a importância atribuída aos bens terrestres está na razão  inversa da fé na vida futura.

          Dentro desse raciocínio, podemos imaginar que, ficando as coisas da terra relegadas a segundo plano, a vida terrena terminaria por desaparecer. Mas não é isso que acontece, pelo fato de o homem voltar-se sempre, por instinto, para seu conforto, mesmo sabendo que permanecerá naquele plano por tempo limitado. A busca do bem-estar conduz o homem a melhorar as coisas à sua volta, imbuído do instinto do progresso e da conservação, presentes nas leis da Natureza. O homem trabalha por necessidade, de acordo com os desígnios de Deus que o colocou na Terra com essa finalidade. Só aquele que considera o futuro sabe que a importância do presente é relativa e  reconhece que seus fracassos podem ser absorvidos diante da destinação que o  aguarda. Por outro lado, Deus não condena os prazeres terrestres; condena, sim, o excesso em detrimento das coisas da alma. O homem que se identifica com a vida futura é como o rico que perde uma boa soma e não se angustia enquanto o que se volta para a vida terrena age como o pobre que perde tudo e entra em desespero.

          “O Espiritismo expande o pensamento e lhe abre novos  horizontes; em  lugar dessa visão estreita e mesquinha que o concentra sobre a vida presente, que faz do instante que passa sobre a Terra  a única e frágil base do futuro eterno, ele mostra que essa vida não é senão um elo no conjunto harmonioso e grandioso da obra do Criador; mostra a solidariedade que liga todas as existências do mesmo ser, todos os seres do mesmo mundo e os seres de todos os mundos; dá assim uma base e uma razão de ser à fraternidade universal; enquanto a doutrina da criação da alma no momento do nascimento de cada corpo, torna todos ao seres estranhos uns aos outros. Essa solidariedade das partes de um mesmo todo explica o que é inexplicável, se se considerar apenas uma parte.”


          Esse conjunto, ao tempo de Jesus na Terra, não teria sido entendido pelos homens e foi por isso reservado para outros tempos. 

quinta-feira, junho 06, 2013

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS I







REVENDO O EVANGELHO
CAPÍTULO POR CAPÍTULO

          Demorei um pouco mais do que devia, mas cheguei para nossas conversas e trocas. E venho hoje com uma intenção: dar um ritmo de estudo às nossas trocas de ideias, uma espécie de revisão das lições contidas no Evangelho  - “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec - em linguagem bem simples, accessível a qualquer nível de aprendizagem.   
          Nessa primeira tentativa, vamos ver se já absorvemos a lição de Jesus contida na frase “Meu reino não é deste mundo”, se sabemos distinguir o mundo físico do espiritual , assim como a destinação do homem na Terra.

MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO

           Ao interrogar Jesus, Pilatos fez-lhe a seguinte pergunta:  “Sois o rei dos judeus?”Ao que Jesus lhe respondeu:  “Meu reino não é deste mundo. Eu não nasci e nem vim a este mundo senão para testemunhar a verdade; qualquer que pertença à verdade escuta a minha voz”.
          Assim falando, Jesus refere-se à vida futura, a que teremos ao desencarnarmos - objeto das principais preocupações do homem sobre a Terra. Sem esta noção, os preceitos de moral pregados por Jesus não teriam sentido. Daí, os que não creem na vida futura e só entendem a vida presente, não compreenderem o que Jesus pregava.
          De vida futura, realmente àquela época, os judeus entendiam muito pouco. Acreditavam em anjos, que  consideravam como seres privilegiados da criação, mas ignoravam que os homens  pudessem vir a ser, um dia, anjos e seres felizes. Para eles, a observação das leis de Deus era recompensada pelos bens da Terra, pela supremacia de sua nação, pelas vitórias sobre o inimigo , enquanto as derrotas eram o castigo de sua desobediência.                                           
Moisés não conseguira passar nada mais a um povo pastor, sem conhecimentos, que só percebia as coisas deste mundo.
Mais tarde, Jesus veio revelar que há outro mundo, onde impera a justiça de Deus e onde os bons terão sua recompensa. Aí é o seu reino e pra onde voltaria quando deixasse a Terra.
Mas Jesus, percebendo que seus ensinamentos estavam além da capacidade de apreensão dos homens da época, julgou conveniente deixar parte da revelação para adiante. E limitou-se a apresentar a vida futura como um princípio, uma lei da natureza, a cuja ação ninguém pode fugir.  A partir daí, o cristão crê na vida futura, mas  muitos deles têm dela uma ideia um tanto vaga, o que os leva a dúvidas, ou mesmo, a estado de incredulidade.
O Espiritismo veio completar, nesse ponto e em vários outros, os ensinamentos do Cristo, quando os homens, já amadurecidos, podem compreender a Verdade. Sob a égide do Espiritismo, a vida futura deixa de ser um simples artigo de fé para ser uma realidade palpável demonstrada pelos fatos descritos por testemunhas oculares em todas as suas fases e peripécias.  Na vida futura, são tão racionais as condições, felizes ou infelizes, da existência dos que se encontram lá, como eles mesmos a retratam, que cada um reconhece e declara  a si mesmo que não pode ser de outra forma e que lá reside a verdadeira justiça de Deus.
Enfim, fica evidente que o reino de Jesus não é deste mundo. Mas não terá Ele também uma realeza sobre a Terra? Como sabemos, o título de rei nem sempre corresponde ao exercício de um poder temporal.  Ele é dado por um consentimento unânime àquele que domina, por assim dizer, o seu século e influi sobre o progresso da Humanidade. É dentro desse  ponto de vista que é comum dizer-se o ‘Príncipe dos poetas’, o ‘Rei dos filósofos’, o ‘Mestre dos mestres’. Oriunda do mérito, essa realeza é bem mais marcante do que a realeza  da terra, que dura enquanto há vida, ao passo que a meritória conserva o seu poder, mesmo depois da morte. E não é Jesus o mais poderoso rei dos soberanos da terra? Esta a razão de ser da sua resposta a Pilatos: “ Sou rei, mas meu reino não é deste mundo.”  
          E o Espiritismo, à imagem de Jesus, nos veio mostrar que há um outro mundo, (vida futura) onde impera a justiça de Deus e para o qual irão todos os que observarem Seus mandamentos.

sábado, maio 04, 2013

REENCONTRO COM DEUS

Vamos tentar falar de coisas boas?


      Nestes dias conturbados  que vivemos, assistindo a perdas de irmãos em acidentes que podem ser evitados,  a crimes de toda espécie por pura irresponsabilidade de quem os comete e  da insegurança que já nos acomete quanto â atuação de nosso país no cenário mundial,  paramos para pensar em nossa responsabilidade como elemento desse conjunto e como devemos agir para melhorar este estado de coisas tão avassalador.

    Uma das atitudes que nos cabe preservar é a de irrestrito respeito pelo outro sem o que jamais teremos equilíbrio dentro do tecido social e quanto mais demorarmos a perceber esta urgência, mais difícil se torna transformar o meio em que as gerações que chegam agora possam se desenvolver e encarar os problemas que surgirem, com espírito desarmado, com extremo respeito ao trabalho, com aguda dignidade pessoal. Existe uma força que atrai  as pessoas movidas pelas mesmas intenções, confiemos nela e vamos em frente por uma sociedade sã, por um ambiente despoluído, onde possamos viver uma vida saudável  sintonizada com as disposições divinas.
                                                             

                                                           ***********

                Para complementar, deixo-lhes uma crônica de meu irmão Felinto Elízio sobre um tema que é um segundo convite.
                                 

 REENCONTRO COM DEUS



FELINTO ELÍZIO DUARTE CAMPELO
felintoelizio@gmail.com

Maceió, Alagoas (Brasil)

“Chegamos às portas da Doutrina Espírita e procuramos, aflitos, a paz, harmonia, felicidade.” 
                    
Bezerra de Menezes

Alhures foi dito que o Espiritismo será aceito na Terra por amor ou pela dor. Por isso é que diariamente uma multidão acerca-se dos Centros Espíritas. Uns poucos chegam impulsionados pela vontade de servir, de doar-se em benefício do próximo, vêm conduzidos pelo amor. A grande maioria, porém, chega tangida pela dor, em aflição, pedindo alívio para os seus sofrimentos, bálsamo para suas chagas, antídoto para os seus males, conforto espiritual, paz e harmonia para as suas almas atribuladas.
A Casa Espírita, fundamentada no Evangelho de Jesus, recebe todos, abre suas portas para fazer o bem sem perguntar a quem. Regozija-se com os primeiros que já sabem amar e querem servir; intercede junto à Espiritualidade Superior em favor dos outros, oferecendo mão acolhedora, instruindo, orientando, plantando em cada coração a semente dos princípios cristãos.
Alguns, entendendo e aceitando a mensagem de amor cristão, passam a integrar as hostes espíritas, tornam-se novos trabalhadores da Seara de Jesus.
Muitos, reverentes e agradecidos pelos benefícios recebidos, voltam às suas origens por não quererem contrapor-se aos conceitos e preconceitos da sociedade em que vivem ou por sentirem-se impotentes para romper os laços que os prendem às tradições religiosas da família.
Outros, decepcionados e tristes, afastam-se por não encontrarem a desejada solução para os seus interesses materiais, dificuldades financeiras ou problemas amorosos e sentimentais. Estes não sabiam que a Doutrina Espírita nada tem a ver com a quiromancia, cartomancia etc., mas que seu fim especial, como tão sabiamente disse Allan Kardec, é a melhoria dos homens, não devendo ninguém buscar nele senão o que possa fornecer progresso moral e intelectual.
Há também os que se desiludem porque se interessam apenas pelo fenômeno mediúnico. Buscavam o maravilhoso, o fantástico, o extraordinário, não entendendo que “O Espiritismo é Doutrina de amor baseada no Evangelho e na Ciência”, sem a menor ligação com a magia.
Precisamos ver nas tertúlias espíritas a oportunidade do reencontro do homem com Deus.

sábado, março 30, 2013

Páscoa

     
Flores para enfeitar a Páscoa



          Escolhi para o post de hoje um artigo da revista  Consolador de 31 de março de 1913 pela
maneira como o autor responde à pergunta constante feita em nosso meio: a Páscoa na visão espírita.
          Numa linguagem singela, ele se sai muito bem ao explicar o que realmente importa nessa comemoração e a maneira como devemos ver Jesus Cristo  que nos deu a lição mais eloquente de Amor sobre a face da Terra.
           

ANDRÉ LUIZ ALVES JR.
locutorandreluiz@hotmail.com
São José dos Pinhais, PR (Brasil)



Celebrando a Páscoa



Todos os anos, ao chegarmos a esta época, a sociedade cristã relembra o episódio de maior importância na história religiosa da humanidade: a paixão de Cristo, comumente representada por sua imagem martirizada em uma cruz.

Influenciados pelo capitalismo, aproveitamos a data do aniversário da ressurreição de Jesus para trocarmos chocolates das mais variadas formas e sabores, pagamos caro pelo típico bacalhau presente na ceia das famílias mais abastadas e cometemos, então, o pecado capital da gula.
Associamos a imagem do Cristo morto às conveniências do egoísmo de uma sociedade que se preocupa em lucrar em todas as oportunidades e esquecemos que Jesus nasceu e tem nascido todos os dias, em diferentes épocas e lugares, nos corações dos homens que descobrem o seu amor.
Comovemo-nos com as inúmeras peças teatrais que reproduzem a via sacra de Jesus, malhamos indignados a figura de Judas, o traidor, e não lembramos que o próprio Cristo, traído, nos ensinou o perdão.
A cada ano nos distanciamos um pouco mais dos ensinamentos do Mestre, talvez descrentes pelas consequências de nossas próprias atitudes e ignorando que o homem interior é capaz de se renovar sempre.
A luta nos enriquece de experiência, a dor aprimora nossas emoções e o sacrifício tempera-nos o caráter. Mas não basta apenas ter as aparências da pureza, é preciso antes de tudo ter a pureza de coração.
É necessário promovermos a mudança sincera de nossas atitudes, amadurecer nossos sentimentos vis, através dos princípios que ele nos deixou.
E parafraseando Chico Xavier, Jesus não nos exigiu nada, não nos impôs grandes sacrifícios, só pediu para que nos amássemos uns aos outros.
Deixemos, então, a imagem daquele Cristo morto e crucificado para darmos lugar ao Cristo vivo em nossas vidas. O nosso Jesus está sim, de braços abertos, olhando por cada um de nós.
Feliz Páscoa!






           Espero que os amigos tenham apreciado o texto e que possamos todos nos congratular conscientemente na Páscoa que ora transcorre.

terça-feira, fevereiro 05, 2013

À Juventude Universitária de Santa Maria


Aos jovens que partiram rumo ao plano espiritual, estas rosas 
que hão de perfumar seu itinerário e nossas veementes preces
para que se sintam aceitos e protegidos pelos benfeitores 
espirituais que os recebem de braços abertos
 por celebrarem provavelmente o fechamento
de um ciclo de experiências expiatórias.


Aos pais, irmãos, avós, tios, demais parentes e amigos,
que se debatem no sofrimento inominável da perda, 
nossas preces para que consigam assimilar a angustiante  
ausência dos seus e honrar a vida que lhes foi  
confiada pela divina sabedoria.   




Lucubrações sobre o Incêndio de Santa Maria

Mais uma desencarnação coletiva! Como encarar essa realidade que se repete de quando em quando? Qual o seu verdadeiro significado? Como compreender a perfeita justiça divina diante dessas situações de horror e sofrimento para os atingidos e para a coletividade?
O recente 27 de janeiro em que o fogo consumiu  centenas de vidas  na boate Kiss, em Santa Maria / RS, forma ao lado de tantas outras datas em que também houve desencarne coletivo debaixo de grande sofrimento por parte dos que se foram e dos que perderam seus entes queridos.
A comoção é de todos, vivos e desencarnados,  afetados diretamente ou não por tão brutal tragédia, haja vista o registro que nos chega ao conhecimento , vindos dos dois planos de existência – do  nosso mundo material e do plano espiritual.
Neste episódio de agora, o poeta gaúcho expõe sua dor, seu sofrimento , seu sentimento de impotência diante da tragédia, sentimento que é o que nos afeta a todos, na emocionante confissão que faz em seu poema: 


TRAGÉDIA EM SANTA MARIA
                                                                                                   
                                                  Fabrício Carpinejar
                                                             

Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu?
  Morri na Rua dos Andradas, 1925.
  Numa ladeira encrespada de fumaça.
A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta.
Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia.
Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.
A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de dezembro de 2013.
As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada.
Morri porque tenho uma filha adolescente que demora ao voltar para casa.
Morri porque já entrei numa boate pensando como sairia dali em caso de incêndio,
Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.
Morri porque já confundi a porta do banheiro com a da emergência.
Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.
Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.
Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo?
O prédio não aterrissou, como um avião desgovernado na pista.
A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.
Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada.
Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.
Mais de duzentos e trinta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.
Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.
As famílias ainda procuram suas crianças. 
As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.
Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.
As palavras perderam o sentido.
                                                                                                          
                                                Janeiro de 2013, Santa   Maria / RS

Há exatos 39 anos, Cornélio Pires nos enviara, do plano espiritual , sua inspirada e consoladora mensagem,  na tentativa de minorar a dor e garantir a fé na justiça divina aos atingidos pelo incêndio do Edifício Joelma.
                                                               

INCÊNDIO EM SÃO PAULO

                    Cornelio Pires


Céu de São Paulo...
O dia recomeça...
O povo bom na rua lida e passa...
Nisso, aparece um rolo de fumaça
E o fogo para cima se arremessa.
A morte inesperada age possessa,
E enquanto ruge,
espanca ou despedaça,
A Terra unida ao
Céu a que se enlaça
É salvação e amor,
servindo à pressa...
A cidade magoada e enternecida
É socorro chorando a despedida,
Trazendo o coração
triste e deserto...
Mas vejo, em prece,
além do povo aflito,
Braços de amor que
chegam do Infinito
E caminhos de luz
no céu aberto...

São Paulo /1974

Das muitas publicações dos dias seguintes ao recente incêndio, tenho em mãos trechos do artigo Reflexões Espíritas sobre a Tragédia de Santa Maria, da autoria da escritora Dora Incontri que fez oportunas considerações sobre os fatos registrados na mencionada cidade.
Como afirma Dora em seu artigo, “...não temos condições de dizer por que aquelas pessoas desencarnaram em condições assim tão aflitivas. Faltam-nos para isso informações de que não dispomos. Os episódios  do Edifício Joelma, ocorridos em fevereiro de 1974, podem dar-nos uma pista, mas sabemos muito bem que, na vida, cada caso é um caso, que pode ou não ter semelhança com outros.
É claro que, com os ensinamentos que temos recebido na doutrina espírita, a questão da morte não nos causa o temor ou as angústias que acometem as pessoas despreparadas para enfrentá-la, mas trata-se de informações genéricas que, evidentemente, podem ou não aplicar-se a determinada situação individualmente considerada.”
Diante disso,  que  dizer aos irmãos e irmãs de Santa Maria?
Podemos, por enquanto, dizer que
“...a morte não existe e, portanto, os jovens que partiram continuam a viver em outro plano, podendo  em determinado momento dar notícias de suas condições...
...a morte traumática deixa marcas naqueles que partem como naqueles que ficam e, por isso, todos precisam de amparo e oração...
...o sofrimento tem sempre significado existencial, o que cada pessoa deve descobrir e transformar em motivo de ascensão...
...a fé, a comunhão com a Espiritualidade, seja ela de que forma for, dá forças ao indivíduo para superar quaisquer traumas, inclusive os decorrentes de fatos como esse...
...as provas que nos acometem na vida não vêm para nos esmagar, mas para serem superadas e vencidas...
...Deus é um pai amoroso, justo e sábio que deseja só o bem para os seus filhos.
Além disso, nada mais nos cabe dizer.
 Não é hora de especular sobre motivos de ordem transcendental que se ocultam em ocorrências dessa natureza.
No tocante a pessoas que supostamente concorreram, por ação ou omissão, para que a tragédia se verificasse, deixemos à justiça que disso se incumba, porque essa é a sua função no plano em que vivemos.
Orações, vibrações, apoio fraternal e pensamentos otimistas eis o que, independentemente de qualquer convicção religiosa, podemos e devemos ofertar a todos aqueles que enfrentaram e ainda enfrentam momentos tão difíceis.”

Que Deus nos inspire e ajude em Sua infinita capacidade de agregar, de conduzir, de amar.

(Informações encontradas  no jornal espírita O Imortal (edição de fevereiro de 2013)