quinta-feira, abril 03, 2003

Continuação da matéria escrita por Dr. Alberto de Almeida sobre Sexo e Espiritismo.

A Visão Espírita

Emmanuel sintetiza com sabedoria o pensamento espírita:

--"Não proibição, mas educação.
--Não abstinência imposta, mas emprego digno com devido respeito aos outros e a si mesmo.
--Não indisciplina, mas controle.
--Não impulso livre, mas responsabilidade.
Fora disso, é teorizar simplesmente para depois aprender ou reaprender com a experiência. Sem isso, será enganar-nos, lutar sem proveito, sofrer e recomeçar a obra de de sublimação pessoal, tantas vezes quantas se fizerem precisas, pelo mecanismo da reencarnação, porque a aplicação do sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à consciência de cada um."

O Espiritismo resgata a visão crítica de sexualidade bem definida no célebre encontro com uma mulher:
"...disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na Lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes?
Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire a pedra.
...Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?. Respondeu ela: Ninguém, Senhor.
Então lhe disse Jesus: Nem eu tão pouco te condeno, vai e não peques mais.

A proposta espírita é a da compreensão amorosa e educativa do ser humano. Nem apedrejamento, nem conivência culposa; nem julgamento arbitrário, nem a omissão da indiferença.
Só o amor desvelado por Jesus é suficientemente forte para controlar e direcionar o impulso sexual, na edificação da felicidade permanente.
Ao indagar por três vezes se Pedro o amava, Cristo nos permitiu refletir simbolicamente sobre o amadurecimento do nosso potencial afetivo-sexual.

Sexo e evolução

Didaticamente, situaríamos em três níveis esse crescimento:
a) o primeiro traduz um amor infantil, caracterizado pelo apego, desejo e posse; é a paixão egóica; o sexo é instintivo, egoísta, "para mim".
b) o segundo revela um amor adulto, que experimenta o carinho, a solidarização; o ego está bem estruturado; o sexo é sentimento, partilha, "comigo".
c) o terceiro descortina um amor sábio, expressando desapego, renúncia sacrifício; há a transcendênciado ego; o sexo é sublimação, doação, "a partir de mim".
Portanto, precisamos amar um pouco mais a cada dia, para lograrmos cristificar nossa sexualidade.


Chegamos ao fim do texto sobre o qual há muito que refletir e ponderar. Façamos isto com este e com qualquer texto que se
dedique a esclarecer e explicar os mistérios da verdade divina.

Um bom fim de semana para todos. Até.

quarta-feira, abril 02, 2003

Tenho hoje para vcs uma matéria de muito interesse escrita por um médico da Associação Médico-Espírita do Brasil, Dr. Alberto de Almeida, em que ele trata de sexo sob o ponto de vista espírita.

Sexo e Espritismo

Em O Livro dos Espíritos lê-se na pergunta 200 : "Os espíritos têm sexo?" Respondem os imortais :
"Não como o entendeis, pois os sexos dependem de organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseado na concordância dos sentimentos".
A energia sexual é inerente ao ser espiritual, estruturando-se com o passar dos tempos na longa viagem evolutiva do princípio anímico. Desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo, o potencial sexual vem se desenvolvendo pelos reinos da Natureza Cósmica.
Desse modo, está no mineral desde a intimidade do átomo nas forças de interação atômica até a força gravitacional, sustentando os sistemas planetários na composição da harmonia das galaxias.
No vegetal, essa força se apresenta mais expressiva mediante a polarização sexual, quando o princípio primitivo é permitido através do vento, dos insetos etc.
Avançando para o reino aimal, a sexualidade ganha novas dimensões, exteriorizando-se na sua feição institial com os caracteres morfológicos e funcionais que consagram macho e fêmea.
Já no homem, a estruturação da energia criadora alcança nova amplitude ao se manifestar, de vez que ela está conectada à razão, às emoções e à moral, a fim de atingir suas finalidades sublimes.
Portanto, a energia sexual incorpora atributos à medida que jornadeia da atração-mineral para a sensibilidade-vegetal e deste ao instinto-animal, a fim de desaguar no sentimento-hominal.

A Energia Sexual no Ser Humano

No espírito encarnado, portanto, as forças sexuais se mostram bem complexas nas suas funções :
a) A reprodução -- Através dela, o sexo assegura a perpetuação da espécie, a estruturação do corpo físico, a constituição da família, a viabilização da lei da Reencarnação.
b) A permuta de energias entre os parceiros da comunhão sexual, seja física ou espiritual.
Pela troca energética entre o casal, a sexualidade assume manifestação mais refinada, pois que ela se exterioriza de forma sutil, como elemento magnético de sustentação das almas, que se enlaçam no relacionamento sexual baseado na confiança e na fidelidade, no amor e no discernimento.
É nessa circunstância que se compreende a responsabilidade recíproca daqueles que assumem um compromisso afetivo, tendo em vista a presença do circuito de forças fluídicas que se estabelece, quer a comunhão afetiva alcance a dimensão física, quer se limite apenas à esfera psiquica tal como sucede nas relações amorosas em que, por algum motivo, não há o sexo propriamente dito.
Possível, portanto, se torne compreender a precariedade das relações estritamente genitais, posto que se assenta somente no corpo físico, deixando um grande vazio para as almas a despeito de atingirem o orgasmo. Sentem o prazer biológico, porém não experimentam o êxtase do amor, manifesto na complementação magnética plenificadora dos seres.
Fácil também é perceber o desperdício das energias de vida pela masturbação, os prejuízos da prostituição, dos encontros promíscuos, do sexo sem respeito.
c) A canalização da energia criadora para obras beneméritas do conhecimento e da estesia, da assistência social e do amor na ampliação e concretização do progresso da humanidade.
Quando, por qualquer motivo, a energia sexual não dispõe da possibilidade de expressão pela via genitália, ainda assim, ela não se extingue nem desaparece.
Esse potencial criador pode ser bloqueado pela castração indevida e gerar distúrbios de diferentes matizes para o ser. Todavia, se canalizado adequadamente, é fator de saúde integral, incrementando a evolução do espírito.
Por isso, a alma que vive em abstenção sexual pela castidade com equilíbrio pode e deve sublimar a sua energia procriadora para outas modalidades de expressão criativa, através da sua orientação para as ações no campo da cultura e da arte, da intelectualidade
e do sentimento, da filantropia e da caridade, contribuindo para a expansão do bem, do belo e dobom na Terra.
A energia sexual jamais poderá ser aniquilada por imposição religiosa, seja por trauma psicológico, podendo, contudo, ser transmutada, agenciando as grandes construções do espírito na escalada da evolução sem fim.
A Doutrina Espírita apresenta a sexualidade despida da conotação religiosa dogmática que consagrou o sexo pecaminoso, sujo, proibido e demoníaco. Todavia, também não legitima a postura da sociedade contemporânea que forjou o sexo objetode consumo, libertino, vulgar.
A perspectiva espiritista é da energia criadora que necessita estar balizada pela razão e pelo sentimento, pelo respeito e entendimento, pela fidelidade e amor, a fim de engendrar a plenitude e a paz.
Um sexo para a vida e não uma vida para o sexo.


Suspendo aqui a transcrição, dando continuidade no próximo post. Enquanto isso, vocês vão digerindo aquilo que o Dr. Almeida nos quis passar, meditando sobre o assunto. Até amanhã ou depois.