Do jardim goiano de amigo goiano gentilmente cedido para esta postagem.
Obrigada, Adalberto Queiroz
AMAI OS VOSSOS INIMIGOS
PAGAI O MAL COM O BEM
Em suas pregações, Jesus nos ensinou: Amai os vossos inimigos, fazei o bem àqueles que vos odeiam e orai por
aqueles que vos perseguem e vos caluniam, a fim de que sejais os filhos de
vosso Pai que está nos céus, que faz erguer o Sol sobre os bons e sobre os maus
e faz chover sobre os justos e os injustos porque, se não amardes senão aqueles
que vos amam, que recompensa disso tereis? E se não saudardes senão os vossos
irmãos, que fazeis nisso mais que os outros? Se vossa justiça não for mais
ampla, não entrareis no reino dos céus.
Efetivamente, amar somente aqueles que nos amam não nos
diferencia dos maus que amam também as pessoas que os amam. Fazer o bem àqueles
que assim procedem em relação a nós também não nos distingue dos maus que assim
agem em relação aos que também lhe fazem o bem. Emprestar somente àqueles de
quem esperamos o mesmo favor se as pessoas más assim procedem pelas mesmas
razões? Mas se olharmos os maus não como inimigos e, sim, como irmãos e os
ajudarmos sem arrogância, sem pudores e sem nada esperar como recompensa, aí,
sim, seremos filhos de Deus que é sempre bom não só para os ingratos, mas para
os maus também.
Constatamos, assim, que
o amor ao próximo é o princípio da caridade e podemos dizer que sua aplicação
mais sublime é amar os nossos inimigos, exatamente porque é uma das maiores
vitórias alcançadas sobre o egoísmo e o orgulho.
Mas nos enganamos sobre o significado do termo amor nesse
particular. É preciso que fique claro que Jesus não pretendia que tivéssemos
pelo inimigo a brandura que temos para com um irmão ou um amigo, com quem
interagimos através da confiança, dos laços de simpatia, da comunhão de
pensamentos que a amizade proporciona. Uma lei física promove efeitos de
assimilação ou de repulsão de fluidos que pode ser agradável ou penosa à
aproximação de um amigo ou inimigo. Amar o inimigo não é dar a ele o mesmo
lugar do amigo no coração, mas auxiliá-lo a se regenerar através de atenção,
cuidado, respeito presença e exemplo, afastando qualquer manifestação de
orgulho ou egoísmo.
Assim, repetindo, amar os inimigos não é ter por eles um
sentimento que não está na Natureza. É simplesmente evitar ter contra eles um
sentimento de ódio, rancor ou apelo à vingança. É perdoar-lhes, sem segunda
intenção e incondicionalmente, o mal que nos fazem sem opor-lhes obstáculos à
reconciliação. É regozijar-se pelo bem que os possa alcançar. É estender-lhes a
mão quando necessário. É abster-se em palavras e em ações de tudo o que possa
prejudicá-los. Enfim, é retribuir-lhes em tudo o mal com o bem sem
humilhá-los. Aqueles que conseguem
cumprir essas condições, estarão na linha do mandamento: Amai os vossos inimigos.
Para aquele que não crê em Deus, amar os inimigos é um
verdadeiro absurdo. Como para eles o presente é tudo, não vê em seu oponente
senão um ser incômodo do qual só a morte pode libertá-lo. Daí o desejo de
vingança, seu orgulho salvo aos olhos da sociedade já que o perdão soa como indigna
fragilidade.
Para os que creem, a visão é outra. Falarei dos espíritas que
sabem que encontrarão na Terra homens maus e que a maldade que os atinge faz
parte das provas que devem suportar. Sabem também que o ponto de vista em que
se colocam lhes faz sentir as penas menos duras, venham de onde vierem. Se
eles, os conscientes de Deus, não devem lamentar essas provas, não devem se
voltar contra os que dela são os instrumentos. Em vez de lamentarem, agradecem
a Deus por experimentá-los, o que lhes dá a oportunidade de provar sua
paciência e resignação. Isso os conduz ao perdão e deixa-os perceber que quanto
mais generosos forem, mais se engrandecerão aos próprios olhos e mais
facilmente se libertarão dos ataques inimigos.
Disso tudo se depreende que o homem que se eleva moralmente,
compreende que o desamor e a raiva o rebaixariam e que para enfrentar o
adversário é preciso ter a alma maior.
OS INIMIGOS
DESENCARNADOS
O espírita tem mais outras razões de indulgência para com
seus adversários. Primeiro, ele sabe que a maldade não é o estado permanente
dos homens, que se trata de uma imperfeição do momento, para a qual há
correção. Do mesmo modo que uma criança aprende a se comportar durante seu
crescimento, o homem mau pode evoluir e vir a reconhecer seus erros,
regenerando-se.
O espírita sabe ainda que a morte só o libera da presença
material de seu inimigo e que este pode persegui-lo com seu ódio mesmo depois
de desencarnado – falha da vingança em seu objetivo, mas que tem por efeito
produzir uma irritação de tal proporção que se pode estender de uma vida a
outra. O Espiritismo vem provar, pela experiência e pela lei que movimenta as
relações do mundo visível e do mundo invisível que a conhecida expressão ’lavar
o ódio com o sangue’ é absolutamente falsa – o sangue, ao contrário, conserva o
ódio mesmo depois da morte. Ao Espiritismo, enfim, cabe dar uma razão de ser
efetiva e uma utilidade prática ao perdão e à sublime máxima de Cristo: Amai vossos inimigos. Em verdade, não
existe coração tão impiedoso que não seja bafejado por bons procedimentos,
mesmo no plano inconsciente. De um inimigo pode-se fazer um amigo antes e
depois de sua morte.
Podemos ter inimigos entre os encarnados e os desencarnados.
Os do plano invisível atuam pelas obsessões e pelas subjugações que lesam
tantas pessoas e que, finalmente, são uma
variedade das provas da vida. Provas essas que devem ser recebidas com
resignação, já que visam à evolução do espírito. A condição inferior do planeta
Terra responde também por muitos desses desajustes espirituais. Se não houvesse
pessoas más na Terra, não haveria espíritos maus em torno dela. Por essa razão,
se devemos ser indulgentes para com os inimigos encarnados, devemos ser
igualmente indulgentes com os desencarnados. Aos que são chamados de demônios,
o Espiritismo veio provar que não são outros senão aqueles que ainda não se
despojaram dos instintos materiais e só poderão ser apaziguados pela caridade.
Daí entendermos que a máxima de Jesus: Amai vossos inimigos não está
circunscrita ao ambiente estreito da Terra e da vida presente, mas se contém na
grande lei da solidariedade e da fraternidade universais.
SE ALGUÉM VOS BATE COM
A MÃO ESQUERDA,
APRESENTA-LHE TAMBÉM A
OUTRA.
Sobre esta informação vinda do Cristo: Eu vos digo para não resistirdes ao mal que se vos queiram fazer. Se
alguém vos bate na face direita, apresentai-lhe também a esquerda. E, se alguém
quer demandar convosco para tomar sua túnica, abandonai a ele também vossa
capa. E se alguém quer vos constranger a fazer mil passos com ele, fazei ainda
dois mil. Àquele que vos pede concedei e não repilais aquele que vos tomar
emprestado.
Os preconceitos do mundo sobre ponto de honra dão lugar a
essa suscetibilidade negativa, originada do orgulho e do culto à personalidade,
responsável por conduzir o ofendido a responder ofensa por ofensa, que é o que
parece ser justiça ao homem cujo senso moral ainda não amadureceu. A lei
mosaica dizia: ‘Olho por olho, dente por dente’, lei em consonância com o tempo
em que viveu Moisés. Cristo, quando chegou, disse: ’Retribuí o mal com o bem’.
E acrescentou: ‘Não resistais ao mal que se vos queiram fazer. Se alguém vos
bater em uma face, apresentai-lhe a outra’. Esta máxima vai parecer de extrema
covardia ao orgulhoso oponente que não entende que haja mais coragem em
suportar um insulto do que em se vingar. Sua visão não transita além do
presente. Não tomemos, porém, nada ao pé da letra, pois terminaríamos por
deixar o campo livre aos maus, livrando-os do medo. Sem freios todos os maus,
os bons seriam suas vítimas fáceis. O próprio instinto de conservação está aí -
lei natural - para dizer que não é preciso oferecer o pescoço ao assassino.
Isto significa que Jesus não proibiu a defesa, só condenou a vingança e que ao
dizer que se deve oferecer uma face quando a outra é batida, é a mesma coisa
que afirmar que não se deve retribuir o mal com o mal, que o homem deve aceitar
com humildade tudo o que lhe possa diminuir o orgulho, pois é mais proveitoso
ser ferido do que ferir, aguentar com paciência uma injustiça do que cometer
uma, ser ludibriado do que ludibriar, ser arruinado do que arruinar alguém. Só
a fé na vida futura e na justiça de Deus, que jamais deixa impune o mal, pode
nos dar a força de suportar pacientemente os males dirigidos contra os nossos
interesses e o nosso amor próprio Enfim, não nos deixemos magoar pelas coisas
da Terra, mantendo-nos elevados pelo pensamento.
Concluído o capítulo de hoje, repito aqui a mesma
consideração feita na postagem anterior: Procurem ler no Evangelho segundo o
Espiritismo, de qualquer edição, os tópicos de Instruções dos Espíritos, do capítulo XII sobre ódio e vingança.
São ilustrações, testemunhos, que complementam a releitura de hoje.
"O pensamento é a nossa capacidade criativa em ação. Em qualquer tempo. é muito importante não nosos esquecermos disso"
André Luiz /do livro RESPOSTAS DA VIDA
"Cultive bons pensamentos e materialize-os em forma de conversação sadia, de opiniões sensatas, em obras para o bem comum hoje, amanhã e sempre."
Felinto Elízio Duarte Campelo |