segunda-feira, abril 02, 2012

CONSTATAÇÂO


João Baptista da Costa  / PAISAGEM
Óleo sobre tela

            Não entreguei meu dever de casa. Passou-se o mês de março e não apareci com minha contribuição. Logo eu, que tanto recebi neste período precioso. Sim, meus amigos, fui agraciada com a recuperação de minha visão (vista esquerda), como resposta a um transplante de córnea realizado em dezembro último. Não canso de agradecer ao meu doador por me ter proporcionado esse extraordinário benefício, pedindo aos irmãos benfeitores que o  guiem em sua trajetória espiritual.
        A conscientização dessa realidade me leva a avaliar o trabalho espiritual em equipe que esses casos assistenciais mobilizam e me faz considerar a importância da participação de cada um de nós, aqui, na vida física, nas diversas atividades de atendimento aos irmãos que precisam de amparo. Há muita gente corajosa dando de si pelos que precisam reerguer-se, mas a demanda é infinitamente superior.
        A vida moderna exige muito de cada um e não é fácil encontrar formas de elastecer o tempo para comportar tantas atividades. Mas somos ou não somos providos de imaginação e, quem sabe, uma atividade lúdica, por exemplo, venha a se converter numa forma de doação se for compartilhada? Uma horinha de leitura dirigida a grupos onde sempre há os que têm ouvidos de ouvir? Umas costurinhas, na paz de casa, que se convertam em enxovais de recém-nascidos carentes? Umas aulinhas explicativas de matérias não absorvidas por colegiais com menos facilidade de apreensão? São tantas as sugestões dependendo das habilidades de cada um!
        Acho que temos que pensar com bastante interesse e seriedade nessas coisas que podemos realizar pelo próximo, levando em consideração que estaremos nos ajudando a nós próprios  em nossa estruturação íntima, condição básica para crescermos espiritualmente.
         
        Fico por aqui desejando a todos uma Páscoa amena, feliz, com muitos coelhinhos espalhando deliciosos chocolates pelos quatro cantos da casa de todos vocês.


     Aproveito a chance para enviar a quem  interessar um material complementar ligado ao estudo de ‘Nosso Lar', dirigido pela Dra. Marlene Nobre.
            
ASSUNTOS MÉDICOS  EM  NOSSO LAR
CONFRONTO ENTRE FÉ E RAZÃO:

Questão filosófica das mais antigas, Fé e Razão, Sentimento e Intelecto, têm travado duros embates, sobretudo nas mentes afeitas às pesquisas e aos estudos científicos. André Luiz, como acontece com boa parte dos médicos encarnados, reverencia tão somente as conquistas da razão, do intelecto. Não acredita em Deus. Segundo confessou, ficara por demais entretido com as coisas do mundo material: “A filosofia do imediatismo absorvera-me.” “Não adestrei órgãos para a vida eterna.”
                O sofrimento no mundo espiritual, porém, abrira-lhe o entendimento para uma poder Superior: “Em momento algum o problema religioso surgiu tão profundo aos meus olhos.” Reconheceu que “alguma coisa permanece acima de qualquer cogitação meramente intelectual. Esse algo é a fé...”
                Finalmente, quando a dor, vivenciada nas regiões sombrias do Umbral, tornou-se insuportável, sentiu falta de conforto místico. Deixou de lado o amor-próprio. Deveria existir um Autor da Vida. E, ali, colado ao lodo da Terra, sem forças para reerguer-me, pedi ao Supremo Autor da Natureza me estendesse mãos paternais... Reconheceu, então, o valor da oração.
                Ah! É preciso haver sofrido muito, para entender todas as misteriosas belezas da oração; é necessário haver conhecido o remorso, a humilhação, a extrema desventura, para tomar com eficácia o sublime elixir da esperança.
                Após a prece ao Autor da Vida, que lhe nascera da mais profunda reverência, foi socorrido por Clarêncio, guia espiritual, e internado na região hospitalar da colônia Nosso Lar.
                Foi assim que o médico e pesquisador, após o duro aprendizado auferido no sofrimento, tornou-se profundamente religioso.

PERISPÍRITO OU CORPO ESPIRITUAL:

Nesse primeiro livro, André Luiz dá-nos notícias relevantes sobre esse envoltório sutil do espírito. Relata-nos que, no Umbral, vestindo esse envoltório, teve suas necessidades fisiológicas normais, sentiu fome e sede.
                O organismo espiritual apresenta em si mesmo a história completa das ações praticadas no mundo.  Henrique Luna, o médico que o atendeu no hospital, fez um levantamento completo das faltas cometidas e dos atos irresponsáveis, que ocasionaram as suas desarmonias orgânicas. Constatou que todo o aparelho gástrico foi destruído à custa de excessos de alimentação e bebidas alcoólicas aparentemente sem importância.
                Concluiu que a oclusão intestinal que o levara ao óbito derivara de elementos cancerosos e esses, por sua vez, de algumas leviandades cometidas por ele, no campo da sífilis, quando jovem. Essas infecções poderiam não ter tido características tão graves, se o seu modo especial de conviver, muita vez exasperado e sombrio, não captasse vibrações destruidoras naqueles que o ouviam.
                Temos, aí, o destaque da cólera como manancial de forças negativas, ocasionando a morte prematura. Há também a informação de que a infecção pode estar na origem do câncer que o cometeu. Examinando o seu perispírito, Henrique de Luna constatou que André foi suicida inconsciente. Esse tipo de suicídio é cometido por alguém que não tem intenção direta de se matar, mas encurta a existência, através de ações que não são espiritualmente saudáveis. Esse suicídio é mais comum do que podemos imaginar. Dos 80 pacientes internados em uma só enfermaria de Nosso Lar, 57 eram suicidas indiretos.

CORPO CAUSAL:             

Esse é um dos componentes do perispírito ou corpo espiritual, descrito por Lísias. Somos portadores de um fato sujo, para lavar no tanque da vida humana. Essa roupa imunda é o corpo causal, tecido por nossas mãos, nas experiências anteriores.
                No corpo causal permanecem todas as ações negativas que temos de refazer, por isso ele é de suma importância nos estudos medico-espíritas.
                Aprendemos também que há princípios de gravitação para o espírito como se dá com os corpos materiais. Estamos sujeitos, portanto, à gravidade nas outras dimensões. Os Benfeitores nos mostram que há elementos espirituais no cérebro que lhe presidem o senso diretivo.

MALES PERSISTIRÃO NO CORPO SUTIL:

Logo após o tratamento hospitalar, Lísias informou ao amigo: Meu irmão (...) sentir-se-á forte como nos tempos mais belos da juventude terrena, trabalhará muito e, creio, será um dos melhores colaboradores de Nosso Lar; entretanto, a causa dos seus males persistirá em si mesmo, até que se desfaça dos germes de perversão da saúde divina, que agregou ao seu corpo sutil pelo descuido moral e pelo desejo de gozar mais que os outros. 
                E enfatizou que a cura completa só poderá ser obtida em nova existência terrena.

POSIÇÃO DO DOENTE PERANTE A DOENÇA:

No início do tratamento hospitalar, André cometeu o erro comum aos doentes da Terra. Ressaltou a sua infelicidade, partindo para o velho vício, as queixas.
                Como tem sido pesada a minha cruz!...A dor me aniquilou todas as forças...
                Raras pessoas terão padecido tanto quanto eu. Enfim, somente destacou: lágrimas, cárcere, desventura...
                Recebeu, então, ensinamentos que não mais esqueceu. Clarêncio afirmou que não tinha tempo para voltar a zonas estéreis de lamentação. E aconselhou:
                Aprenda a não falar excessivamente de si mesmo, nem comente a própria dor.
Crie pensamentos novos, discipline os lábios. Convença-se de que é um esforço necessário e não uma imposição esmagadora. Quanto mais considerações dolorosas, mais duros os laços que o prenderão a lembranças mesquinhas.

ASSISTÊNCIA À SAÚDE NO MUNDO ESPIRITUAL:

Em Nosso Lar, Lísias é enfermeiro e tem a função de Visitador dos serviços de saúde, Henrique de Luna é médico e atua nas Câmaras de Retificação, ao passo que Narcisa, Tobias e Salústio são enfermeiros e exercem funções nessas mesmas Câmaras. André Luiz fora médico e pesquisador na Crosta Terrestre, mas não conseguira nem mesmo a função de enfermeiro no além. Clarêncio explicou-lhe que ele fora excelente fisiologista, mas nunca soubera o preço de um livro, não tivera as dificuldades do médico pobre, na mocidade cometera numerosos abusos, circunscrevera-se às sensações do corpo físico, por isso agora não poderia atuar como médico. Compreendendo a sua situação e a necessidade de serviço, André pediu: “Qualquer trabalho útil que me interessa” Foi-lhe concedida, então, a tarefa de atendente.