quarta-feira, abril 02, 2014

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS CapítuloV Itens de 6 a 11

                                     Colagem composta com fotos de um jardim


Causas anteriores das aflições
               
            6 - No capítulo anterior, vimos que o homem pode ser o causador do sofrimento de outrem nesta vida. Agora nos deteremos nos casos em que o sofrimento parece atingir-nos como por fatalidade, como a perda de entes caros, a morte de seres que são  arrimos de família, os acidentes que matam, os revezes de fortuna que negam as medidas de prudência, as catástrofes naturais e as doenças de nascença,  principalmente, aquelas que tirarão dos atingidos a capacidade de ganhar a vida através do trabalho.
               Os que veem ao mundo em condições assim adversas nada cometeram que justificasse uma vida inteira de limitações. Como explicar, então, a infelicidade desses seres  se, comumente, dentro da mesma família, outros nascem  com os requisitos necessários a uma vida adulta favorável e útil?
               Como explicar a morte de crianças em tenra idade sem a oportunidade de conhecer  da vida terrena a não ser o sofrimento, a dor? Esta constatação não seria uma mostra de parcialidade divina? E uma contundente prova de que,  se a alma é criada ao mesmo tempo que o corpo, ela tem aí sua  sorte definitivamente destinada a pouco tempo na Terra? Que praticaram essas almas recém-saídas das mãos de Deus, se não  conheceram nem o bem nem o mal?
               Mas há uma verdade evidente por si mesma, ou seja, um axioma, que diz que ‘todo efeito tem uma causa’. Daí concluir-se que essas infelicidades são efeitos que devem ter uma causa e, dado que Deus é o protótipo da Justiça, essa causa deve ser justa. Como a causa vem sempre antes do efeito, se não se encontra na vida atual, deve ser anterior a ela, ou seja, deve estar ligada a uma existência precedente. Com este raciocínio, chegaremos à compreensão de que, se não fizemos o mal nesta vida, só pudemos tê-lo feito numa outra – alternativa da qual ninguém pode escapar. E a lógica dirá de que lado está a justiça de Deus.
               Dessa forma, fica fácil entender que o homem nem sempre é punido ou totalmente  punido  na sua existência corrente, mas não escapa de modo algum às consequências de seus erros. O homem mau que prospera vive uma vida livre de problemas não mais que momentaneamente e, se ele não expia no momento, expiará amanhã. Já aquele que sofre já expia o seu passado. A desventura, que parece mal aplicada, tem sua razão de ser.
               7 - Do exposto, conclui-se que os sofrimentos por causas anteriores são comumente como o das faltas presentes, ou seja, a  consequência natural do erro cometido, o que significa que tudo ocorre por uma inapelável justiça distributiva – o homem sofre o que fez os outros sofrerem. Se  foi insensível ao sofrimento alheio, poderá sofrer tratamento duro ou impiedoso; se agiu com orgulho e pretensão, poderá vir à Terra em condição de humildade; se fez mau uso da riqueza, poderá ser privado das coisas necessárias à vida; se foi filho desatento e mal intencionado, poderá  sofrer com os próprios filhos e assim por diante.
               Assim é que a pluralidade das existências e a destinação da Terra como mundo de expiação e provas explicam as anomalias na distribuição da ventura e desventura entre os seres deste mundo. Considerada sob o ponto de vista presente, essa anomalia não existe em aparência.  Mas ao se considerar uma série de existências anteriores, chega-se à conclusão que cada um recebe a parte que lhe cabe sem prejuízo da que lhe é concedida no plano espiritual e que a justiça divina nunca é interrompida.
               A pessoa humana tem que tomar consciência de que está num mundo inferior, onde é mantido apenas pelas suas imperfeições. A cada fase difícil, deve imbuir-se do sentimento de que, se pertencesse a um mundo mais elevado, esse estado de coisas não estaria ocorrendo e que só depende dele mesmo não mais voltar a este mundo, pelo aperfeiçoamento de si próprio.
               8 – As provas da vida podem ser impostas aos Espíritos endurecidos ou muito ignorantes para que façam uma escolha com conhecimento de causa. Entretanto, são livremente escolhidas e adotadas pelos Espíritos arrependidos que desejam reparar o mal que fizeram e tentar um resultado mais proveitoso. Estão nesse caso, aqueles que, tendo realizado mal sua tarefa, pedem para tornar a fazê-las para não perderem o benefício de seu trabalho. Assim sendo, esses sofrimentos são, ao mesmo tempo, expiações pelo passado que elas  punem, como também provas para o futuro que elas preparam. Precisamos render graças a Deus que, em sua infinita misericórdia e bondade, concede  ao homem a capacidade de reparação e não o condena definitivamente pela  primeira falha. 
               9 – Não se depreenda daí que toda dor suportada neste mundo seja exatamente sinal de um determinado erro.  São, por assim dizer, simples provas escolhidas pelo espírito para concluir sua depuração e apressar seu crescimento. De qualquer maneira, a expiação serve sempre de prova , mas a prova não é sempre uma expiação - provas ou expiações são sempre sinais de uma inferioridade relativa, pois o que é perfeito não precisa mais ser provado . Um Espírito pode, portanto, ter conquistado um certo grau de elevação, mas, desejando avançar mais, pede uma tarefa ou missão a cumprir da qual será tanto mais recompensado pela vitória quanto mais renhida tenha sido a luta. Isto se vê em pessoas de bons instintos, de alma elevada, de nobres e inatos sentimentos que parecem  não ter trazido nada de mau de sua pregressa existência e que suportam com resignação cristã os maiores sofrimentos, pedindo a Deus  um reforço de coragem  para sofrer sem se lamentar. Ao contrário, podem ser consideradas como expiações as aflições que provocam queixas acerbas e levam o homem à revolta contra Deus.
               Por outro lado, o sofrimento que não provoca lamentações pode, sem dúvida, ser uma expiação, entretanto, é o sinal de que ele foi antes escolhido voluntariamente do que imposto e a prova de uma forte resolução que não deixa de ser um sinal de progresso.
               10 -  Os Espíritos só podem aspirar à felicidade perfeita quando puros – qualquer mancha lhes interdita a entrada nos mundos felizes. Como tais são os passageiros de um navio atingido pela peste, aos quais é interditada a entrada de uma cidade até que sejam purificados. É nas suas diversas existências corporais que os espíritos se despojam pouco a pouco de suas imperfeições. As provas da vida adiantam quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas e purificam – é o remédio que limpa a chaga e cura o doente. Quanto mais grave é o mal, mais enérgico deve ser o remédio. O que nos permite concluir que aquele que sofre muito é o que tem muito a expiar e se regozijar de alcançar logo a cura. Depende dele, pela sua resignação, fazer com que esse sofrimento se transforme em pontos  positivos para sua evolução sem desmerecê-los com lamentos inconsequentes, o que seria uma perda de posição em sua escalada para o Alto.

Esquecimento do passado
               
               11 – Este é um tema que tem sido bastante discutido– o esquecimento como obstáculo no sentido de que se possa aproveitar a experiência das existências anteriores.  Ora, se Deus julgou conveniente ocultar- nos o passado, certamente isso seria uma medida útil e acertada. Efetivamente, a lembrança de outras vidas teria sérios inconvenientes, como nos submeter a humilhações , ou aguçar nosso orgulho, ou atiçar nossa vaidade e, assim, entravar nosso livre-arbítrio. De um modo geral, perturbariam inevitavelmente as relações sociais do grupo. Muito amiúde, o Espírito renasce no mesmo meio em que viveu e reencontra as mesmas pessoas a fim de reparar o mal que lhes fez. Se reconhecesse nelas aquelas que odiara, talvez seu ódio antigo se reacendesse. De qualquer maneira, seria humilhado diante dos que tivesse ofendido. Assim, Deus nos proporcionou, para nosso adiantamento, exatamente o que nos é necessário e suficiente: a voz da consciência e nossas inclinações instintivas, subtraindo-nos as reações que nos poderiam prejudicar.
               Ao renascer, o homem traz consigo o que adquiriu. Cada vida é para ele novo ponto de partida. Não lhe importa saber o que foi – ele é punido porque fez o mal e suas más inclinações atuais são sinais do que resta nele a corrigir, sendo nisso que deve concentrar sua atenção. As boas resoluções são a voz da consciência que o adverte do que é bem ou mal e lhe dá condições de resistir às más tentações. Enfim , esse esquecimento não ocorre a não ser durante a vida corporal. Voltando ao plano espiritual, o espírito retoma as lembranças do passado. É apenas uma interrupção momentânea, como ocorre na vida terrestre durante o sono e que não impede de lembrar, no dia seguinte, o que se fez nos dias anteriores. E não é apenas depois da morte que o Espírito recobra as lembranças do passado. Podemos afirmar  que não as perde jamais. A experiência prova que na encarnação, o Espírito, durante o sono do corpo, quando goza de uma certa liberdade, tem consciência de seus atos anteriores, sabe por que sofre e que isso acontece por justiça. A lembrança não se apaga senão durante a vida exterior de relação. À falta de uma lembrança definida que lhe poderia ser pesada e alterar suas relações sociais, ele ganha novas forças nesses instantes de liberdade, desde que saiba como aproveitá-los.

Obs.
Agora é meditar sobre o que foi dito e tentar absorver o que de prático possamos tirar desses   ensinamentos.  O serviço de comentários aqui ao lado garante uma comunicação perfeita  entre leitores e articulista, o que arejará estes nossos contatos mensais.