terça-feira, março 03, 2015

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS  

Capítulo IX   Itens de 1 a 10


 Bem-aventurados aqueles que são brandos e pacíficos

Vamos falar hoje de Injúrias e Violências, ao lado dos instrutores espirituais que nos falarão de doçura, paciência, obediência, resignação e cólera.

Três máximas serão consideradas:

1) Bem aventurados aqueles que são brandos porque eles possuirão a Terra.
2) Bem-aventurados os pacíficos porque eles serão chamados filhos de Deus.
3) Não matarás: todo aquele que matar, encolerizar-se contra alguém, agredir um semelhante merecerá ser condenado.
Por meio dessas máximas, Jesus faz da doçura, da afabilidade e da paciência uma lei, ou seja, condena a violência, a cólera, toda manifestação agressiva dirigida ao outro. É certo que a intenção aumenta ou diminui a falta, mas é que toda palavra ofensiva remete a um sentimento contrário à lei do amor e da caridade, que deve regular as relações entre os homens, garantindo-lhes a concórdia e a união. A lei do amor, depois da humildade para com Deus e a caridade para com o próximo, é a primeira lei da cristandade.
 Mas há essa máxima de Jesus: “Bem-aventurados aqueles que são brandos, porque eles possuirão a Terra”. E o seu ensinamento de que devemos renunciar aos bens do mundo pelos do céu. A dedução  é simples.  Enquanto espera os bens do céu, o homem precisa dos bens da Terra para viver, apenas não deve dar a eles maior importância de que aos primeiros.
Com esse discurso, ele está querendo chamar nossa atenção para o fato de os bens da Terra estarem nas mãos dos violentos em detrimento daqueles que são mansos e pacíficos, que frequentemente lutam contra a falta do necessário enquanto os intransigentes gozam com o supérfluo. E promete justiça na Terra como no céu aos chamados filhos de Deus. Quando a Humanidade tiver como lei a lei de amor e caridade, o egoísmo desaparecerá, e o fraco e o pacífico não serão mais dominados e explorados pelos fortes ou violentos.  Esta será a condição da Terra quando, segundo a lei do progresso e a promessa de Jesus, ela transformar-se, pela ausência dos maus, em um mundo feliz.
Agora, vamos ao encontro do que dizem as instruções dos espíritos sobre as qualidades já citadas e sobre a cólera. 
O espírito de Lázaro (Paris, 1861) nos fala da benevolência para com os semelhantes, gerada pelo amor ao próximo, responsável pela afabilidade e pela doçura. Mas nos chama a atenção para certo tipo de criatura, de sorriso franco e coração envenenado, mestre em ferir à menor contrariedade. É preciso habilidade para enfrentá-lo e tentar, com o tempo, enviá-lo ao bom caminho, exercitando o amor fraternal e a perseverança.
Da paciência, fala-nos um Espirito Amigo (Havre, 1862): Deus envia a seus eleitos a oportunidade de lidar com a dor, mais como uma bênção. Nesses transes, quando o sofrimento apertar, que tenhamos sabedoria e paciência para reconhecer que fomos marcados pela dor na Terra para nossa glória no céu. O exercício da paciência é uma forma de caridade. Uma das mais penosas e, portanto, mais meritórias é perdoar àqueles que Deus colocou em nosso caminho para serem os instrumentos dos nossos sofrimentos. Nosso amigo reconhece que a vida não é coisa fácil. Ela se compõe de nadas que terminam magoando, mas que pensemos nas consolações e compensações que teremos, o que nos faz concluir que as bênçãos são mais numerosas que as dores.
Da obediência e da resignação, vamos voltar à palavra de Lázaro.  Ele nos diz que elas são irmãs da doçura, são ágeis embora os homens erradamente as confundam com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração, duas forças ativas por carregarem o peso das provas que o sentimento insensato de revolta vai liberando. Jesus foi a encarnação destas virtudes desprezadas pela antiguidade material. Ele chegou no momento em que Roma desaparecia mergulhada na corrupção, veio fazer luzir, no seio da Humanidade desolada, a glória do sacrifício e da renúncia carnal. (Lázaro, Paris, 1863);
Finalmente, temos instruções de dois Espíritos Protetores falando de Cólera.   Vejamos o que nos diz o Irmão de Bordéus, 1863. Não raro, surgem pessoas que se consideram tão acima dos outros mortais que não suportam a mais leve comparação, o mais inocente comentário, a ponto de se mostrarem coléricas e absurdas. E, praticamente, se se proceder a uma investigação, o resultado é sempre o mesmo – orgulho ferido. Seria bom que essas pessoas percebessem que, continuando assim pela vida afora, magoarão seus familiares, abalarão a integridade física e o bem-estar de todos e manterão sua família em angústia permanente, nada bom para um espírita, que tem que estar voltado para a caridade e para a humildade.
Vejamos agora, o que nos tem a dizer o Espírito de HAHNEMANN, Paris, 1863, sobre o colérico. Há um certo tipo de pessoa que, com tendência a encolerizar-se por qualquer motivo, acha-se dispensada de esforçar-se por um comportamento menos intolerante, alimentando situações incômodas para todos com quem priva. E segue em frente, gerando mal-estar, antipatias ou mesmo medo aos mais atingidos. Por cúmulo, acha que não pode ser responsabilizado por ter nascido assim, atribuindo a culpa de seus distúrbios a nosso Pai. Ora, o corpo não dá cólera àquele que não a tem, como não dá os demais vícios. As virtudes e os vícios são inerentes ao Espírito. Se assim não fosse, que seria do mérito e da responsabilidade? O aleijado não pode corrigir seu corpo deformado já que o Espírito não tem nada com isso, mas pode endireitar o que é do Espírito quando se dispõe a lutar por seus objetivos. O homem não permanece vicioso senão porque quer permanecer vicioso. De outro modo, estaríamos negando a lei do progresso, uma das bases do Espiritismo.


Chegamos à hora de relaxarmos um pouco com a mansa voz de Enya que sempre nos encanta . A música intitula se Only Time.  Tenham um bom e suave recreio. Até  mais.