RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS
Capítulo IX Itens de
1 a 10
Bem-aventurados aqueles que são brandos e pacíficos
Vamos falar hoje de Injúrias e Violências, ao lado dos
instrutores espirituais que nos falarão de doçura, paciência, obediência,
resignação e cólera.
Três máximas serão consideradas:
1) Bem aventurados aqueles que
são brandos porque eles possuirão a Terra.
2) Bem-aventurados os pacíficos
porque eles serão chamados filhos de Deus.
3) Não matarás: todo aquele que
matar, encolerizar-se contra alguém, agredir um semelhante merecerá ser condenado.
Por meio dessas máximas, Jesus
faz da doçura, da afabilidade e da paciência uma lei, ou seja, condena a
violência, a cólera, toda manifestação agressiva dirigida ao outro. É
certo que a intenção aumenta ou diminui a falta, mas é que toda palavra
ofensiva remete a um sentimento contrário à lei do amor e da caridade, que deve
regular as relações entre os homens, garantindo-lhes a concórdia e a união. A
lei do amor, depois da humildade para com Deus e a caridade para com o próximo,
é a primeira lei da cristandade.
Mas há essa máxima de Jesus: “Bem-aventurados
aqueles que são brandos, porque eles possuirão a Terra”. E o seu ensinamento de
que devemos renunciar aos bens do mundo pelos do céu. A dedução é
simples. Enquanto espera os bens do céu,
o homem precisa dos bens da Terra para viver, apenas não deve dar a eles maior
importância de que aos primeiros.
Com esse discurso, ele está
querendo chamar nossa atenção para o fato de os bens da Terra estarem nas mãos
dos violentos em detrimento daqueles que são mansos e pacíficos, que
frequentemente lutam contra a falta do necessário enquanto os intransigentes gozam com o supérfluo. E promete justiça na Terra como no céu aos chamados filhos de
Deus. Quando a Humanidade tiver como lei a lei de amor e caridade, o egoísmo
desaparecerá, e o fraco e o pacífico não serão mais dominados e explorados
pelos fortes ou violentos. Esta será a
condição da Terra quando, segundo a lei do progresso e a promessa de Jesus, ela
transformar-se, pela ausência dos maus, em um mundo feliz.
Agora, vamos ao encontro do que
dizem as instruções dos espíritos sobre as qualidades já citadas e sobre a
cólera.
O espírito de Lázaro (Paris, 1861) nos fala da benevolência para com os
semelhantes, gerada pelo amor ao próximo, responsável pela afabilidade e pela
doçura. Mas nos chama a atenção para certo tipo de criatura, de sorriso franco
e coração envenenado, mestre em ferir à menor contrariedade. É preciso
habilidade para enfrentá-lo e tentar, com o tempo, enviá-lo ao bom caminho,
exercitando o amor fraternal e a perseverança.
Da paciência, fala-nos um Espirito
Amigo (Havre, 1862): Deus envia a seus eleitos a oportunidade de lidar com a
dor, mais como uma bênção. Nesses transes, quando o sofrimento apertar, que
tenhamos sabedoria e paciência para reconhecer que fomos marcados pela dor na
Terra para nossa glória no céu. O exercício da paciência é uma forma de
caridade. Uma das mais penosas e, portanto, mais meritórias é perdoar àqueles
que Deus colocou em nosso caminho para serem os instrumentos dos nossos
sofrimentos. Nosso amigo reconhece que a vida não é coisa fácil. Ela se compõe
de nadas que terminam magoando, mas que pensemos nas consolações e compensações
que teremos, o que nos faz concluir que as bênçãos são mais numerosas que as
dores.
Da obediência e
da resignação, vamos voltar à palavra de Lázaro. Ele nos diz que elas são irmãs da doçura, são
ágeis embora os homens erradamente as confundam com a negação do sentimento e
da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o
consentimento do coração, duas forças ativas por carregarem o peso das provas que
o sentimento insensato de revolta vai liberando. Jesus foi a encarnação destas
virtudes desprezadas pela antiguidade material. Ele chegou no momento em que
Roma desaparecia mergulhada na corrupção, veio fazer luzir, no seio da
Humanidade desolada, a glória do sacrifício e da renúncia carnal. (Lázaro,
Paris, 1863);
Finalmente,
temos instruções de dois Espíritos Protetores falando de Cólera. Vejamos o que nos diz o Irmão de Bordéus,
1863. Não raro, surgem pessoas que se consideram tão acima dos outros mortais que
não suportam a mais leve comparação, o mais inocente comentário, a ponto de se
mostrarem coléricas e absurdas. E, praticamente, se se proceder a uma
investigação, o resultado é sempre o mesmo – orgulho ferido. Seria bom que
essas pessoas percebessem que, continuando assim pela vida afora, magoarão seus
familiares, abalarão a integridade física e o bem-estar de todos e manterão sua
família em angústia permanente, nada bom para um espírita, que tem que estar
voltado para a caridade e para a humildade.
Vejamos agora,
o que nos tem a dizer o Espírito de HAHNEMANN, Paris, 1863, sobre o colérico. Há
um certo tipo de pessoa que, com tendência a encolerizar-se por qualquer
motivo, acha-se dispensada de esforçar-se por um comportamento menos
intolerante, alimentando situações incômodas para todos com quem priva. E segue
em frente, gerando mal-estar, antipatias ou mesmo medo aos mais atingidos. Por
cúmulo, acha que não pode ser responsabilizado por ter nascido assim,
atribuindo a culpa de seus distúrbios a nosso Pai. Ora, o corpo não dá cólera
àquele que não a tem, como não dá os demais vícios. As virtudes e os vícios são
inerentes ao Espírito. Se assim não fosse, que seria do mérito e da
responsabilidade? O aleijado não pode corrigir seu corpo deformado já que o
Espírito não tem nada com isso, mas pode endireitar o que é do Espírito quando
se dispõe a lutar por seus objetivos. O homem não permanece vicioso senão porque
quer permanecer vicioso. De outro modo, estaríamos negando a lei do progresso,
uma das bases do Espiritismo.
Chegamos à hora de relaxarmos um pouco com a mansa voz de Enya que sempre nos encanta . A música intitula se Only Time. Tenham um bom e suave recreio. Até mais.