sábado, março 06, 2004

Trago hoje para vocês um assunto polêmico, ainda sujeito a críticas e, por essa razão, de grande interesse para toda a sociedade e para todas as religiões. Trata-se da cremação de corpos como opção em relação ao sepultamento.


Um Resumo Espírita da Cremação

Por Bismael B. Moraes (Mestre em Direito Processual / USP)


Imaginemos um ente querido de nossa família – pai, mãe, filho ou irmão – que, ainda em vida, deixasse a nosso critério que, após sua morte física ou seu desencarne, fizéssemos a escolha quanto ao destino de seus restos mortais: inumação (sepultamento) ou cremação (incineração).
Como decidir, de modo consciente, sem o condicionamento a costumes, fatores históricos, dogmas religiosos, aceitos e não discutidos pela razão?
Vamos a uma breve análise sobre isso, mesmo porque “não saber alguma coisa é menos mal do que não querer saber coisa alguma”.
A população da Terra, de acordo com o censo da ONU, em 1999, já ultrapassou os 6 bilhões de habitantes. Por outro lado, segundo a Organização Mundial de Saúde, a vida média dos seres humanos varia entre 60 e 70 anos. Disso, pode-se deduzir que, no globo terrestre, a cada 70 anos, morrem ou desencarnam todos os seus habitantes e nascem outros, em número ainda maior.
O planeta Terra, porém, é mensurável, é finito. Conclui-se, assim, que bilhões e bilhões de corpos vão encharcar o solo, invadir as águas com o necrochorume (líquido dos cadáveres), disseminando doenças, riscos sobre os quais sanitaristas e pesquisadores têm se preocupado.
De longa data, os indianos e outros povos reencarnacionistas sabem que o corpo físico, uma vez extinto, não mais pode ser habitado por um Espírito (ser inteligente da Natureza), pois isso contraria a Lei Natural; portanto, o cadáver poderá ser cremado, transformado em cinzas, sem qualquer processo dolorido, porque o Espírito usa do corpo, por tempo determinado por Deus, para seu aprendizado e progresso. Historicamente, há registros de cremação de corpos na Palestina, 4000 anos a.C.; no Japão, a Imperatriz Jito foi cremada no ano 704 d.C.; tem-se, também, informações do processo crematório antigo, em fornos da Itália. Aliás, o método originário da Itália foi, em 1874, introduzido na Inglaterra, pelo cirurgião da rainha, Sir Henry Thompson, que inclusive escreveu o livro “Cremação: o tratamento do corpo após a morte”.
Da Inglaterra, criadas sociedades de cremação, os fornos crematórios foram se espalhando pelo mundo: Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, assim como na Suécia, Noruega, Dinamarca, Islândia, Finlândia e em todos os países da Europa. Por isso, na Inglaterra, desde 1937, existe uma Federação Internacional de Cremação, para congressos e divulgação.
Destarte, as grandes barreiras que existiram quanto à cremação foram criadas pela Religião Católica, sob argumentação de que isso contrariava a fé cristã (o dogma da ressurreição dos corpos); era, aliás, proibição constante do Código Canônico. Só foram permitidos ritos eclesiásticos aos cristãos favoráveis à cremação, com Ritual das Exéquias de 1969, que vigora desde 1º de junho de 1970. O medo da morte ou o temor de que o corpo sofra com o fogo não devem existir. Pelo conhecimento e o desapego às coisas materiais, descobre-se que o corpo físico é passageiro, é máquina de que se serve o Espírito para cumprir suas tarefas e progredir. Há, todavia, Espíritos que se apegam ao corpo, mormente quando não têm esclarecimentos e desencarnam ou morrem em processos violentos. Mas, mesmo nos países em que, com freqüência, procede-se à cremação do corpo, isso não é imposto pela lei; cada pessoa o escolhe, de acordo coma a sua consciência.
No Brasil, há ainda poucos fornos de cremação. E a Lei dos Registros Públicos / LRP (nº 6015, de 31/12/1973), no seu artigo 77, § 2º, diz: “A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver manifestado a vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver sido firmado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico-legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizado pela autoridade judiciária”.
Há muitas questões que podem ser respondidas pela pesquisa sobre o assunto. O Espiritismo não recomenda nem proíbe a cremação; isso depende da consciência de cada pessoa. O grande mentor Emmanuel, na psicografia de Chico Xavier, informa que “a cremação é legítima para todos aqueles que a desejam, desde que haja um período de, pelo menos, 72 horas de espera para que tal ocorra no forno crematório, o que poderá se verificar com o depósito de despojos humanos em ambiente frio”. Assim, pode a cremação, com base em critérios médico-científicos, se dar em 24 horas; mas é aconselhável esperar 72 horas para isso.



Sendo um assunto ainda em discussão, é bom que pensemos no que há de positivo e interessante em sua essência. Espero que meditem e se manifestem a respeito. Minha posição é de aprovação, tanto que recorri a ele por ocasião do desencarne de um dos meus filhos, meu primogênito, há seis meses.
Qualquer comentário será recebido com o devido respeito e, se necessário, posto em linha de discussão.

domingo, fevereiro 29, 2004

Alguns semanas atrás, trouxe para vocês algumas das dores da alma de que nos fala Francisco do Espírito Santo Neto/Hammed em seu livro As dores da alma. Vou continuar expondo mais algumas e adianto que a aquisição do livro ajudará muito na compreensão do que aqui vai apenas sugerido, como ele próprio fez no índice da matéria apresentada e racionalmente desenvolvida.

Baixa estima
A criatura materialista precisa crer que é superior para compensar sua crença na insignificância da existência ou na falta de sentido em que vive.

Medo
O resultado do medo em nossas vidas será a perda do nosso poder de pensar e agir com espontaneidade.
Desvendar gradativamente nossa “geografia interna”, nosso próprio padrão de carências e medos, proporciona-nos uma base sólida de autoconfiança.
Dentre as muitas dificuldades que envolvem a agorafobia, a mais grave é a incerteza de nosso valor pessoal e as crenças de baixa estima que possuímos, herdadas muitas vezes na infância.

Vício
O viciado é um “conservador”, pois não quer correr o risco de se lançar à vida, tornando-se, desse modo, um comodista por medo do mundo que, segundo ele, o ameaça.
Em verdade, viciados são todos aqueles que se enfraqueceram diante da vida e se refugiaram na dependência de pessoas ou substâncias.

Insegurança
Os inseguros omitem defesa a seus direitos pessoais por medo e evitam encontros ou situações em que precisam expor suas crenças, sentimentos e idéias.
A intensa motivação que invade os indivíduos para serem amados e queridos a qualquer preço nasce das dúvidas íntimas sobre si mesmos.


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O poema da vez.

É Leda Yara que nos fala poeticamente da sucessão de vidas, com seu modo inspirado de arrumar versos e verdades.


Eu sou...

Aquela que buscas através dos tempos.
Cheguei a ti por uma escolha secular
de um resgate que resiste a todas as vidas.
Vim para ti e não me reconheceste.
Estive em ti e apenas resvalei
no redemoinho das tuas não escolhas,
no descompasso das tuas incertezas.
Fui sol, fui luz, fui calor, fui sombra amiga.
Fui aquela que te acolheu com o aconchego
do encontro esperado por uma eternidade
e, por isso, apenas acolhe.
Nada pergunta, nada pede, é toda oferta.

Há segredos não revelados que trago comigo.
Seriam os nossos segredos, enfim desvendados,
após tantas existências de espera.
- Não me reconheceste! –
Segredos que levarei comigo no retorno vazio
das propostas negadas. Missão não cumprida.

Segues os teus passos
na mesma forma, no mesmo conteúdo,
em ciclos repetidos através dos tempos,
carente da emoção autêntica, do sentir profundo,
do estar com, do ser com, do viver por.

Eu sou. Sou eu, sim! A história se repete...
Ainda desta vez, não serei a boca que beijas,
o desvario das tuas emoções, a tua musa.
Ainda desta vez,
não desvendarás nossos segredos.


Que Deus esteja sempre em nosso pensamento