quarta-feira, novembro 20, 2002

Alô, alô, amigos! Vejam que contribuição linda eu lhes trago hoje, vinda de uma amiga de fé e companheira de Internet. Ela nem sabe ainda que vai iluminar esta página hoje, é uma surpresa que quero fazer-lhe. Apreciem, então, o inspirado poema que ela construiu em torno do estado de espírito que deve prevalecer em uma pessoa que se recolhe para entrar em prece.

P R E C E
Lêda Mello


Que eu tenha a capacidade de estar só.
Ausente de todas as coisas que me impedem
de ver a luz que emana da divindade do meu ser.

Que eu possa entender
a mensagem silenciosa de fé e de esperança
que a natureza nos envia,
a cada dia,
através do simples existir de todas as criaturas.

Que eu saiba me despojar
de todo o peso do meu orgulho
e da minha vaidade,
assim como a flor que desabrocha
em toda sua beleza e perfume,
feliz, apenas, por ser uma flor.

Que eu me esqueça,
deixando a minha mente limpa,
vazia dos meus temores,
ansiedades e preocupações,
livre de todas as amarras.

Que eu possa estar só,
e, assim, penetrar na prece
de alma lavada,
espírito livre e coração de criança,
pronta para falar com Aquele
a Quem pertenço.


Lindo, não é mesmo? Ela é a Lêda Yara e é uma amiga pra valer.

Aproveitando o mote, posso acrescentar que a prece, sobre ser ato necessário e freqüente, é um ato que exige uma espécie de desligamento dos pensamentos terrenos, de recolhimento, de contrição, de entrega. Quem ora não deve limitar-se a pedir soluções para problemas pessoais ou de pessoas afins. Orar é mais que pedir ajuda para resolver impasses. Orar é despojar-se, é mostrar-se consciente das próprias fraquezas, é pedir ajuda a Deus no sentido de dominar o próprio orgulho, vaidade, ambição que desvirtuam ou interditam o caminho da aprendizagem, fazendo por vezes, o espírito desperdiçar o exercício de uma encarnação.
Deve-se orar para pedir forças para enfrentar uma situação difícil ou dolorosa, deve-se orar para pedir capacidade de prestar ajuda a um irmão que se acha em sofrimento, deve-se orar para que a sociedade acorde e entenda que o comportamento humano está em crise porque os mandamentos da lei de Deus não estão sendo observados como deveriam.
Enfim, a prece, como ensina Allan Kardec, é uma invocação pela qual colocamos o pensamento em relação com aqueles a quem é dirigida. Através dela, podemos pedir, agradecer, louvar. Pedir por nós mesmos e por nossos irmãos, sejam encarnados ou desencarnados; agradecer as bênçãos obtidas; louvar a grandeza e a justiça de Deus.


Adeusinho por hoje. Estarei de volta assim que puder.
Que nossas preces ajudem a melhorar nosso campo de provas que é a Terra.



domingo, novembro 17, 2002

Estou de volta querendo soltar pra vocês a parábola prometida. Quero ter certeza de que todos têm do vocábulo PARÁBOLA a idéia exata do seu significado.Tomo esta cautela para que ninguém estranhe que eu fale de parábola sem exibir uma das parábolas usadas por Cristo quando de sua passagem na Terra. Na realidade, parábola "é uma narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior." (dicionário do Aurélio); ou "narração alegórica que contém algum preceito moral: As parábolas de Cristo encerram ensinamentos admiráveis." (Dicionário Mirador Internacional); ou ainda, "espécie de alegoria que envolve algum preceito de moral [Diz-se especialmente das alegorias empregadas nos Evangelhos]" -(Dicionário de Caldas Aulete).
Feito este preâmbulo, vamos à parábola.


DESAFIO

Ouvi uma antiga parábola - deve ser muito antiga, porque naquela época Deus costumava morar na Terra...

Um dia um velho fazendeiro veio a Deus e disse:
"Olha, você pode ser Deus e ter criado o mundo, mas preciso lhe dizer uma coisa: você não é fazendeiro, e não sabe nem o abc da agricultura. Você tem muito o que aprender."

Deus disse:
"O que você sugere?"

O fazendeiro respondeu:
"Dê-me um ano e permita que as coisas sejam de acordo comigo, e veja o que acontece. Não haverá mais pobreza!"

Deus concordou, e um ano foi dado ao fazendeiro. Naturalmente ele pediu o melhor, pensava somente no melhor - nada de trovões, nada de ventos fortes, nenhum perigo para a safra.Tudo confortável e aconchegante, e ele estava muito feliz. O milho estava crescendo tanto!

Quando queria sol, havia sol, quando queria chuva, havia chuva, o quanto quisesse. Nesse ano, tudo estava certo, matematicamente certo. O trigo crescendo tanto...

O fazendeiro ia a Deus e dizia:
"Olhe! Dessa vez a safra será tão grande, que por dez anos, mesmo que as pessoas não trabalhem, haverá comida suficiente!"

Mas quando fizeram a colheita, não havia grãos. O fazendeiro ficou surpreso. Ele perguntou a Deus:
"O que aconteceu, o que saiu errado?"

Deus disse:
"Por não existir nenhum desafio, nenhum conflito, nenhuma fricção, já que você evitou tudo de ruim, o trigo permaneceu impotente. Uma pequena fricção é uma necessidade. As tempestades são necessárias, os trovões e os raios são necessários. Eles agitam a alma dentro do trigo!"

Esta parábola tem um valor imenso.
Se você for apenas feliz, e feliz, a felicidade perderá todo o sentido. Será como se alguém estivesse escrevendo com giz branco em uma parede branca - ele pode continuar a escrever, mas ninguém será capaz de ler. A noite é tão necessária quanto o dia. E os dias de tristeza são tão essenciais quanto os dias de felicidade. Isto eu chamo de compreensão. E lentamente, quanto mais você percebe o ritmo da dualidade, o ritmo da polaridade, você para de pedir, para de escolher. E você descobriu o segredo.

Viva com este segredo, e de repente ficará surpreso: Como as bênçãos da vida são imensas! O quanto é derramado sobre você a cada momento! Mas você tem vivido em suas expectativas, em seus pequenos, insignificantes desejos triviais, e porque as coisas não se ajustavam a seus desejos, você ficava infeliz.

Quando você segue a natureza das coisas, não existe nenhuma sombra. Então, mesmo a tristeza é luminosa. Não é que a tristeza não virá; ela virá, mas não será sua inimiga. Você a acolherá, porque verá sua necessidade. Você será capaz de ver sua graça, será capaz de ver porque ela está ali e porque é necessária. E sem ela você será menos, não mais.

Do site : http://www.caravansarai.com.br/ConDesafio.htm


Então? Interessante? Um jeito de derivar um pouco das considerações teóricas a respeito de assuntos polêmicos sem que nos afastemos muito de nossa intenção de orientar, educar, informar.


Até mais, que a paz reine entre os homens!