sábado, julho 23, 2016

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS Capítulo XIV Itens 1 a 4

Jesus em suas pregações


Conhecemos os mandamentos: “Não matareis / Não cometereis adultério / Não furtareis / Não prestareis falsos testemunhos / Não fareis mal a ninguém / Honrai a vosso pai e a vossa mãe”.
Conhecemos também a seguinte premissa: “Honrai a vosso pai e a vossa mãe a fim de viverdes longo tempo sobre a terra que o Senhor vosso Deus vos dará”. (Decálogo; Êxodo, cap. XX, v.12).

PIEDADE FILIAL

  O mandamento título de hoje não é senão uma resultante da lei geral de caridade e de amor ao próximo, o que é fácil de entender desde que não se pode amar o próximo sem amar pai e mãe. Apenas a palavra honrai, aqui, contém um dever a mais a seu respeito: o da piedade filial, ou seja, ao amor acrescentar o respeito, as atenções, a submissão e a condescendência, ou seja, a obrigação de cumprir para com eles, de um modo mais exigente, tudo o que a caridade manda para com o próximo. Toda violação a esse mandamento é duramente punida. Honrar pai e mãe não se resume a respeitá-los, mas assisti-los na necessidade, proporcionar-lhes repouso na velhice, devolvendo-lhes o que nos deram na nossa infância.
Para com os pais sem recursos é que se prova a real piedade filial. Há filhos que creem fazer um ‘tour de force’ oferecendo-lhes tão somente o necessário para satisfazer-lhes a fome quando vivem desfrutando do melhor, do especial. Há filhos que recebem em casa os pais carentes, mas lhes reservam os menos confortáveis aposentos, agravando essa má disposição de apoio ao proporem participação nos trabalhos de casa. Não têm sensibilidade para reconhecer o que receberam ao nascerem até se tornarem adultos. Não, o que os filhos devem aos pais não é só o exatamente necessário, mas também uma parcela de seu supérfluo, de gentilezas e cuidados especiais - a piedade filial, como Deus a concebeu. Esses filhos ingratos serão punidos pela ingratidão ainda na existência em curso ou numa futura encarnação.
Os pais que não reconhecem seus deveres com os filhos receberão de Deus a devida punição, não cabendo aos filhos nem ato da censura, pois talvez eles próprios merecessem que fosse assim. De modo que os filhos devem tomar como regra de conduta para com os pais todos os -preceitos de Jesus ligados ao próximo e entender que todo e qualquer procedimento negativo relativo a estranho o é ainda mais em relação a parentes. Enquanto no caso de parentes possa ser considerado apenas uma falta, no caso de pais, passa a ser crime caracterizado por falta de caridade unida à ingratidão.
Um ponto a considerar aqui é: Deus, ao dizer “ Honrai a vosso pai e a vossa mãe afim de viverdes longo tempo sobre a terra, que o Senhor vosso Deus vos dará”, por que promete como recompensa a vida terrestre e não a vida celeste?  Na expressão ‘Que Deus vos dará ‘, suprimida na forma moderna do Decálogo, pode estar a explicação. Na época em que foram ditas, os hebreus ainda não entendiam a vida futura, sua vida não prosseguia além da vida corporal. Deste modo, eles deviam ser mais estimulados pelo que viam do que pelo que não viam. Daí, Deus falar numa linguagem que eles pudessem entender, dando-lhes em perspectiva o que pode satisfazê-los. A esta altura, estavam no deserto. A Terra Prometida -  sua aspiração efetiva: eles não desejavam nada além disso e Deus lhes disse que viveriam nela por longo tempo desde que observassem seus mandamentos.
Ao tempo de Jesus na terra, o povo hebraico já apresentava ideias mais evoluídas – era a ocasião azada para iniciá-los na vida espiritual. E Jesus fervorosamente lhes disse: ”Meu reino não é deste mundo. É nele, e não na Terra, que recebereis a recompensa de vossas boas obras”. Deste modo, a Terra Prometida material se torna numa pátria celeste. Da mesma maneira, quando os chama a cumprir o mandamento: “Honrai a vosso pai e a vossa mãe” não é mais a terra que lhes promete, mas o céu, como vimos nos capítulos II e III.

QUEM É MINHA MÃE E QUEM SÃO MEUS IRMÃOS

Analisemos esta passagem: “Tendo chegado a casa, nela se reuniu uma tão grande multidão de povo, que não podiam mesmo tomar seu alimento. Seus parentes, tendo sabido disso, vieram para se apoderarem dele porque diziam que ele havia perdido o espírito.
Entretanto, sua mãe e seus irmãos tendo vindo e ficando do lado de fora, mandaram chamá-lo Ora, o povo estava sentado ao seu redor e lhe disse: Vossa mãe e vossos irmãos estão lá fora vos chamando. Mas ele lhes respondeu: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E olhando aqueles que estavam sentados ao seu redor: Eis, disse, minha mãe e meus irmãos porque todo aquele que faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
 Tais palavras parecem estranhas nos lábios de Jesus, pois fazem contraste com sua bondade e sua grande benevolência para com todos.  Os descrentes não perderam a ocasião de fazer disso uma arma, apontando-o como contraditório. Um fato que não se pode refutar é que sua doutrina tem por base essencial a lei do amor e da caridade, não podendo, pois, destruir de um lado o que estabelecia de outro.  Do exposto se conclui que, se certas máximas estão em contradição com o princípio, ou as palavras que lhe são atribuídas foram mal expressadas ou não são dele.
Causa estranheza ver, nesse particular, Jesus mostrar tanta indiferença para com os parentes e, de alguma forma, renegar sua mãe. Quanto aos irmãos, sabe-se que nunca tiveram simpatia por ele. Espíritos pouco adiantados, não haviam percebido a missão a cargo de Jesus, achavam-no esquisito e seus ensinamentos não os tinha alcançado tanto que não houve nenhum discípulo entre eles, parecendo até queque partilhavam das prevenções de seus inimigos. Quando se apresentava na família, era acolhido mais como estranho, tendo São João chegado a dizer “que não acreditavam mais nele”. (cap. VII, v.5).
Quanto à sua mãe, não se pode negar que era boa e terna com seus filhos, mas parece não ter feito uma ideia muito justa de missão de Jesus, já que não seguia seus ensinamentos, nem lhe prestou testemunho como o fez João Batista. A solicitude maternal era em Maria o sentimento dominante. Quanto a Jesus, não podemos admitir que tenha renegado sua mãe. Um pensamento desse tipo não se coaduna com aquele que disse: “Honrai a vosso pai e a vossa mãe”.  Há de se descobrir um outro sentido para essas suas palavras, Não esqueçamos que sua linguagem era alegórica por contingência. 




Ficamos por aqui sem a costumeira recreação  Acrescento apenas um pensamento bonito de alguém que se importa conosco e nos oferece  a luz de seus conhecmentos

Caminhe alegre pela vida. Plante sementes boas de paz e otimismo, vivendo bem com a consciência./ Carlos Pastorino