segunda-feira, abril 28, 2014

RECAPITULANDO o EVANGELHO DE JESUS Capítulo V Itens 12 a 18

De um passeio ao Arpoador, na hora H: um clique de celular.

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS
Capítulo V        Itens 12 a 18

     “ Bem-aventurados os aflitos porque serão consolados”, palavras de Jesus para  sinalizar a compensação que caberá aos que sofrem na Terra e a resignação que abençoa tais sofrimentos. O que equivale a dizer que  esses sofredores precisam entender que as dores do mundo são a dívida de faltas passadas e que, suportadas com paciência, podem  poupar séculos de sofrimentos na vida futura. O homem que sofre é comparável ao devedor de uma grande quantia a quem seu credor avisa: ‘Se me pagares hoje a centésima parte do que me deves, eu te darei a quitação de todo o resto, e serás livre; se não o fizeres, eu te perseguirei até me pagares o último centavo. Ora, este devedor não faria toda a sorte de esforço para pagar a fração proposta pelo credor e ainda não lhe agradeceria? Mas tem que manter-se sem dívidas. Se se quita por um lado, mas torna a endividar-se, não alcançará a condição de livre. Cada nova falha nesse sentido vai aumentar sua dívida e punição inevitável, de imediato, ou mais adiante nesta vida, ou em vida futura. Dessas falhas, a mais intrigante é a falta de  confiança na justiça divina,  o achar-se sofrendo o que não merece,  como se Deus pudesse julgar suas criaturas com parcialidade.
          Ao passar para o mundo dos espíritos, o homem é como o operário que se apresenta no dia do pagamento. Receberá o prêmio por seus dias de trabalho, enquanto outros - os felizes da terra - que colocaram seu bem-estar na satisfação do amor próprio, nada terão, pois seu salário, já recebido na Terra, fora consumido por lá mesmo. A eles caberá voltar e recomeçar a sua tarefa.
          Depende do próprio homem diminuir ou aumentar o peso de suas provas de acordo com o modo como encara a vida na Terra. Quanto mais longa ele considere a duração de seu sofrimento, mais ele sente o peso de suas dores. O que se dispõe a considerar o lado espiritual, vê a vida corporal como um ponto no infinito, percebe sua brevidade e conclui que essa instância penosa passará rapidamente: a certeza de uma nova etapa de menos penas e mais paz o anima e ele agradece a Deus o sofrimento que o fará dar mais um passo no caminho da evolução espiritual.

O Suicídio e a Loucura
          
          Tema que reclama cuidado ao ser abordado e posto em discussão.  A placidez e a resignação adquiridas no modo de considerar a vida e a fé no que o futuro nos reserva dão ao espírito uma paz que é a melhor defesa contra a loucura e o suicídio. De fato, a maioria dos casos de loucura tem como causa a comoção determinada pelas agruras da vida que o ser humano não tem forças para enfrentar. Com o  concurso do Espiritismo  que o pode preparar para enfrentar as dores deste mundo, ele recebe com mansidão, até com satisfação, os reveses e as dificuldades que o intimidariam ou revoltariam  em circunstâncias diferentes. O mesmo ocorre com o suicídio. Tirante aqueles que acontecem em estado embriaguez ou de loucura, e, por isso, chamados inconscientes, o suicídio tem sempre como causa um arraigado descontentamento. Ora, aquele  que acredita na eternidade tem paciência mais naturalmente, pois vê termo para seus sofrimentos. Mas para aquele que pensa que tudo acaba com a vida, que está subjugado pelo peso da dor até finar-se, não tem nada a esperar e passa a achar natural abreviar sua vida pelo suicídio.
          A falta de crença, a simples dúvida sobre o futuro, as idéias materialistas são os mais ferrenhos elementos que excitam a covardia moral - o apelo ao suicídio. E vemos casos de homens de ciência que se apoiam na autoridade de seu saber para tentarem provar a seus seguidores que eles nada teem melhor a fazer a não ser abater a vida . E é difícil dissuadi-los: para eles, o nada é o único remédio heróico, a solução de todos os males.
          Assim, vemos que a propagação de ideias materialistas é o veneno que provoca em um grande número de pessoas a ideia do suicídio e aqueles que se fazem apóstolos  dessas ideias não imaginam o tamanho da responsabilidade lhe sobrecarregam os ombros. O Espiritismo muda essa visão. Com ele, não sendo mais admitida a dúvida, o aspecto da vida muda. Sabemos que a vida se estende além da morte, mas em outras condições. Daí o surgimento da paciência e da resignação que leva o crente pra longe da idéia do suicídio, fazendo surgir o que se chama de coragem moral. Sob esse aspecto, um outro resultado positivo, tem o Espiritismo, talvez mais útil e importante. Ele nos mostra os próprios suicidas vindo revelar sua incômoda situação, infeliz e desgastante, o que prova que ninguém viola impunemente a lei de Deus que proíbe ao homem abreviar sua vida. Há, entre os suicidas,  aqueles cujo sofrimento  (embora não eterno, apenas temporário) não é menos terrível de modo tal a dar o que pensar a qualquer um que seja tentado a se livrar da própria vida, antes de ser chamado por Deus. O espírita tem, assim, contra a ideia de suicídio, a certeza de uma vida futura; a certeza de que abreviar a vida leva a um resultado exatamente contrário ao que se espera; e que o suicídio é um obstáculo para que ele se reúna, no outro mundo, aos objetos de suas afeições. Daí depreender-se que o suicídio é absolutamente condenável de qualquer ponto de vista.
          Podemos perceber melhor o que foi estudado nos itens acima lendo o texto intitulado BEM E MAL SOFRER, de Lacordaire ( Havre / 1863):
          “Quando o Cristo disse: ‘Bem-aventurados os aflitos, que deles é o reino dos céus’, não se referia àqueles que sofrem em geral, porque todos aqueles que estão neste mundo sofrem, estejam sobre o trono ou sobre a palha; mas ah! Poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus. O desencorajamento é uma falta; Deus vos recusa consolações porque vos falta coragem. A prece é  um sustentáculo para a alma, porém, ela não basta: é preciso que esteja apoiada sobre uma fé viva na bondade de Deus. Frequentemente, ele vos disse que não colocava fardos pesados em ombros fracos; o fardo é proporcional às forças, como a recompensa é proporcional à resignação e à coragem; maior será a recompensa quanto a aflição não seja penosa; mas essa recompensa, é preciso merecê -la, e é por isso que a vida está cheia de tribulações.
          O militar que não é enviado ao campo de batalha não fica contente porque o repouso da retaguarda no acampamento não lhe proporciona promoção; sede, pois, como o militar e não desejeis um repouso em que o vosso corpo se enfraqueceria e vossa alma se entorpeceria. Ficai satisfeitos quando Deus vos envia à luta. Essa luta não é o fogo da batalha, mas as amarguras da vida, onde é preciso, algumas vezes, mais coragem do que num combate sangrento, porque aquele que ficaria firme diante do inimigo se dobrará sob o constrangimento de uma pena moral. O homem não é recompensado por essa espécie de coragem, mas Deus lhe reserva louros e um lugar glorioso. Quando vos atinge um motivo de inquietação ou de contrariedade, esforçai-vos por superá-los e, quando chegardes a dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, dizei-vos com satisfação: “Eu fui o mais forte.”    
           Bem-aventurados os aflitos pode, pois, ser traduzido assim: bem-aventurados aqueles que teem oportunidades de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus porque terão em cêntuplo a alegria que lhes falta na Terra e, depois do trabalho, virá o repouso.”

          
             Acho que com esta instrução, pelo espírito iluminado de Lacordaire, ganhamos uma boa base para refletir sobre os itens estudados em nosso exercício de hoje.

            Uma canção delicada para relaxar: Tudo Passa   (http://youtu.be/WNUsqeWjZSw)