terça-feira, outubro 16, 2007

Do Perdão das Ofensas

Maternidade em siena, ocre, marrom e turquesa Óleo sem tela colado em madeira
Carlos Araújo

DO PERDÃO DAS OFENSAS

Há uma forma de caridade muito penosa e, por isso mesmo, muito meritória que é a de perdoar àqueles que Deus colocou sobre o nosso caminho para serem instrumento dos nossos sofrimentos como também para pôr à prova a nossa paciência.
Entenda-se perdoar em toda a extensão do termo: perdoar a um estranho, a um colega, a um amigo, a um parente, até a um inimigo.

Lembremo-nos de que Jesus, ao ser consultado sobre quantas vezes devemos perdoar aos nossos inimigos, deu a seguinte resposta ao apóstolo Pedro:...” perdoarás ao teu irmão não sete vezes, mas setenta e sete vezes.”
“ ...perdoarás, mas sem limites; perdoarás cada ofensa, ainda que a ofensa te seja feita freqüentemente; ensinarás aos teus irmãos esse esquecimento de si mesmo que os torna invulneráveis contra o ataque, os maus procedimentos e as injúrias; serás brando e humilde de coração; farás, enfim, o que desejas que o Pai celestial faça por ti...”
Não esqueçamos, porém, que o perdão das ofensas deve ser uma palavra consciente, verdadeira, firme e que devemos procurar compensação no bem que podemos realizar.
O mais difícil, no entanto, é perdoar aos inimigos, tanto que São Paulo diz com muita coerência: Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si próprio.
O verdadeiro perdão, o perdão cristão é o único que será contado, pois Deus não considera aparências e vai ao fundo de nosso pensamento.

Continuemos a refletir sobre o ato de perdoar, dentro de nossas limitações mentais, emocionais e morais.

Qnando pedimos desculpas por algum ato desairoso praticado contra alguém, isso significa que nos conscientizamos do prejuízo causado e pedimos a retirada de nossa culpa. Há, porém, os que agem assim com o fito de ter o campo livre pra outras agressões. Imaturos, habituam-se a esse tipo de procedimento e o perpetuam,
Em casos como esse, o pedido de desculpa não é conscientizado. E o ato de desculpar pode tornar-se uma constante acomodação em que se camufla o desrespeito ao outro.
Aí, entra o bom senso para a tomada de posição adequada. Não é saudável proceder desculpando os erros alheios quando essas emoções, represadas, podem vir a se manifestar de forma negativa. Cabe-nos aí uma atitude limitadora que nos preserve a dignidade pessoal : “ Amar-nos a nós mesmos para que possamos amar plenamente os outros”.

Este raciocínio nos leva à noção do autoperdão, “estado da alma que emerge de nossa intimidade, fazendo-nos aceitar tudo que somos sem nenhum prejulgamento”.

Partindo da idéia de que nossos defeitos são passíveis de correção, compreenderemos que, à medida que perdoamos nossos próprios desacertos, começamos a perdoar plenamente os erros alheios. Isto constitui a base da solidariedade humana.
“O autoperdão nos conduz à aceitação plena de nossas potencialidades ainda não desenvolvidas” e “... a uma compreensão maior de que as experiências evolutivas nada mais são do que a soma de acertos e de erros do passado e do presente”.

Razão para olharmos nossa tarefa aqui, na Terra, com mais segurança, com mais confiança, desde que cuidemos com máxima atenção de nossas atividades evolutivas, sem acomodações, com honestidade, empenho e determinação.


Livros consultados:

O Evangelho de Jesus segundo o Espiritismo, Allan Kardec (Capítulo X)
Os Prazeres da Alma, Francisco do Espírito Santos Neto pelo espírito Hammed (pags. 171 e 175)
Em seguida, o tema em questão tratado musicalmente, em vídeo do You Tube.

Perdão


Para complementar, esta música reveladora de nossas possibilidades de reavaliação