sexta-feira, janeiro 31, 2014

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS Capítulo IV Itens 24 a 26

De um jardim

Pergunto:  Que tal encerrarmos o Capítulo IV ouvindo Bach? Não é uma boa?


Agora, ao Evangelho:

               Para encerrar o capítulo da Reencarnação, precisamos esclarecer dois quesitos importantes :  a) os limites da encarnação e b) a necessidade da encarnação. Para essa tarefa, apoiemo-nos nas instruções de São Luís, Paris, 1859.

               Vamos ao primeiro item. Não há limites determinadamente traçados para a encarnação se entendermos o corpo como envoltório do espírito uma vez que sabemos que a materialidade desse envoltório diminui à proporção que o espírito evolui. Em mundos mais desenvolvidos que a Terra, ele é menos grosseiro, menos compacto e, portanto, menos sujeito às intempéries. De grau em grau,  ele se desmaterializa e  termina  por assemelhar-se ao perispírito. De acordo com o mundo a que o espírito é convocado, ele assume o envoltório típico da natureza desse mundo. O perispírito também suporta transformações sucessivas até eterizar-se totalmente, o que vem a constituir o que chamamos de Espíritos puros. Vemos, assim, que mundos especiais são conferidos, tal qual estações, aos espíritos mais desenvolvidos, com uma diferença: eles não ficam ligados ali como nos mundos inferiores, o que lhes faculta a capacidade de se deslocarem livremente e atingirem prontamente os pontos de onde são chamados para executarem as missões a eles confiadas.
               Por outro lado, se encararmos a encarnação do ponto de vista material, como sucede na Terra, podemos dizer que ela é restrita  aos mundos inferiores. Depende, pois, da decisão do espírito de trabalhar por sua depuração e evitá-la quanto possível.
               Outro ponto a considerar é que, nos intervalos das existências corporais, ou seja, na condição de errante no plano espiritual,  a situação do espírito tem relação com a espécie de mundo ao qual se liga pelo seu grau de evolução, o que equivale a dizer que , na erraticidade, ele é “mais ou menos feliz, livre e esclarecido, segundo seja mais ou menos desmaterializado”.

               Passemos agora ao segundo quesito - A Necessidade da Encarnação.
Como no primeiro quesito, vamos seguir a linha de pensamento de São Luís. Comecemos com a indagação que nos foi proposta: “A encarnação é uma punição, e não há senão Espíritos culpados que a ela estejam obrigados?”
               É necessária a passagem dos espíritos pela vida corporal para que eles possam cumprir, com o auxílio de uma ação material, os desígnios a eles confiados por Deus. É importante para eles já que o desempenho dessas atividades e funções irá ajudá-lo no desenvolvimento de seu intelecto. Sendo Deus absolutamente justo, enxerga seus filhos em pé de igualdade e, por isso, confere a eles o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir, a mesma liberdade de agir. Qualquer privilégio seria preferência e qualquer preferência, um deslize. É importante saber, porém, que a encarnação é para todos os espíritos uma condição transitória, um exercício que Deus lhes cobra, na sua entrada em vida, como primeira prova de como usarão seu livre arbítrio. Os que cumprem a prova com determinação e cuidado vencem com mais facilidade esses primeiros passos da iniciação, podendo usufruir mais cedo os méritos de seu comportamento. Os que abusam da liberdade que Deus lhes oferece, retardam seu desenvolvimento e, assim, por reincidência, podem prolongar indefinidamente o número de encarnações, o que tem peso de castigo.
               Vejamos como uma comparação simplória pode vir a explicar melhor a diferença apontada acima. Um  estudante termina sua formação depois de ter percorrido a série de classes que leva  ao diploma. Essas classes, mesmo demandando esforço, são o meio de atingir o fim e não um castigo. O estudante caprichoso encurta a caminhada porque conseguiu com esforço e aplicação remover as dificuldades surgidas no percurso. Já o relapso se viu obrigado a repetir certas classes e se atrasou. Não é o estudo que é punição, mas a obrigação de repetir o mesmo percurso. Isso acontece com o homem na Terra.  Para o Espírito do homem que está no início de sua vida espiritual, a encarnação é um meio de desenvolver sua inteligência, mas para o homem esclarecido, com senso moral já desenvolvido, recomeçar as etapas de uma vida terrena atribulada é uma punição, o que vai prolongar sua vida em mundos inferiores. Enquanto isso, o espírito encarnado que zela pelo seu progresso moral, pode não só abreviar a duração de sua encarnação material como vencer, de uma só vez, os estágios intermediários que o separam dos mundos superiores.


               Dúvidas persistem? Nada que nos possa causar conflitos, como podemos analisar a seguir: Por que os Espíritos não encarnam  sobre um mesmo globo e vão curtir suas existências em esferas diferentes? Isso só seria admissível se todos os homens estivessem sobre a Terra no mesmo nível intelectual e moral. As diferenças que existem entre um espírito que se inicia na vida espiritual e outro já experimentado, mas não pronto para ascender, evidenciam os degraus a serem vencidos. Além disso, a encarnação deve ter um fim útil. Como explicar as encarnações efêmeras de crianças que morrem em tenra idade?  Teriam sofrido sem proveito para ela e para os afins? Deus, em sua sabedoria, não faz nada inútil. Pelo processo da encarnação sobre o mesmo globo, achou que os mesmos Espíritos, ficando de novo em contato, tivessem chance de reparar seus erros recíprocos, através de suas relações anteriores. Assim, pôde assentar os laços de família sobre uma base espiritual como também apoiar os princípios de solidariedade, fraternidade e igualdade sobre uma lei natural.

Por hoje, é só. Até nosso próximo contato, em março.

11 comentários:

Anônimo disse...

Magaly, gostei da colagem é leve e alegre. Imagino você assim:)
Quanto ao vídeo, eu amo a música de Bach. Sinto paz, acalma a minha alma.Muito obrigada!
Vou precisar de mais tempo para reler o texto.O livre arbítrio é uma de minhas grandes interrogações. Como posso fazer escolhas se tudo o que acontece depende da vontade de Deus?
Depois vou escrever mais.Beijinhos.
Ana.

Old Mag disse...


Oi,Ana,há um pequeno equívoco na sua maneira de colocar-se diante do significado da expressão livre arbítrio. Ela significa liberdade de escolha. Das escolhas que o encarnado há de fazer durante o correr do seu tempo de vida na Terra. Mesmo assistido, sob a atenção do anjo da guarda, o espírito vai escolher suas posições por si mesmo, sem interferência de qualquer ordem. E é dessas escolhas que dependerá o julgamento definitivo para aquela etapa. O importante é que o Mestre abre sempre novas portas até o espírito melhorar a qualidade de suas escolhas. Haverá sempre ajuda espiritual ao espírito que demora a perceber como se voltar para o caminho do crescimento. Daí os parágrafos destinados no texto aos limites da encarnação.
Não dá para me alongar mais aqui. Vou tentar achar textos que elucidem melhor o assunto e os deixo pra você aqui, no espaço dos comentários, está bem? Abraços.

Anônimo disse...

Cara Magaly.Acho que não me enganei quando falei de livre arbítrio. Veja a minha frase: Como posso fazer escolhas ( isto é, possuir livre arbítrio, a capacidade de agir por reflexão e escolha) se tudo o que acontece depende da vontade de Deus ( que é onipotente?). Suponho que na Doutrina Espírita o livre arbítrio pressupõe que os homens sejam responsáveis por suas escolhas e seus espíritos evoluam através de um longo processo de aprendizado (reencarnações).
Acho que já consegui entender um pouco sobre reencarnação, Karma. Mas acho impossível existir o livre arbítrio. Mesmo que eu escolha as forças externas e internas que vão exercer influências sobre as minhas escolhas e que eu possa escolher até a família em que vou nascer, ainda assim acho que possuímos talvez um pouco de liberdade. É a Vontade Divina o que me move e ainda que eu escolha o mal e aprenda com ele, foi Deus que permitiu. Tudo é feito segundo a vontade de Deus.Embora possamos escolher entre os vários caminhos, porque Ele assim o quis.É o que penso e mesmo que sejam besteiras, fazem parte do meu aprendizado.:)Obrigada por ler, um grande abraço. Ana.

Anônimo disse...

Magaly, gostei muito da sua resposta e sempre aprendo com você. Muito obrigada! Fiquei aflita para escrever sobre o livre arbítrio:). Você disse que o espírito vai escolher suas posições por si mesmo, sem interferência de qualquer ordem.Aqui fica bem claro o que é o livre arbítrio para os espíritas.Os espíritos recebem ajuda, mas a escolha é deles. Vou reler o texto. Ana.

Anônimo disse...

Pela quarta vez estou aqui tentando dizer o que penso a respeito do tema "REENCARNAÇÃO". Espero que agora não haja interferências "EXTERNAS" que me levem a suspender o trabalho, desligar o computador e sair para resolver problemas. (o pior, que não são meus).
Vamos lá.Inicialmente você evidenciou dois quesitos importantes: a)LIMITES DA ENCARNAÇÃO; b)NECESSIDADE DA ENCARNAÇÃO.
É comum entre os neófitos em espiritismo a indagação de "QUANTAS VEZES O ESPÍRITO PRECISA REENCARNAR"
Respondo aos dois quesitos de uma só vez dizendo que não há limite, não existe um número de vezes pré determinado. Cada espírito, com seu livre arbítrio, forja seu futuro, reduz ou amplia sua necessidade de reencarnar até aperfeiçoar-se. Então, quando atinge o grau máximo da perfeição possível aqui na Terra, passa a viver em mundos melhores do que nosso planeta, sempre em busca do seu aperfeiçoamento moral, intelectual e espiritual. Resumindo, não há limite para reencarnações, cada espírito por meio de suas ações comandadas por seu livre arbítrio define a necessidade da encarnação.
Mana, espero ter sido suficientemente claro para diluir dúvidas daqueles que ensaiam os
primeiros passos na nossa Consoladora Doutrina Espírita.
Felinto Elízio

Old Mag disse...

Ajudou muito,sim,Felinto é mais uma voz a repetir essa conceituação. Agora é , se possível, indicar livros ou textos soltos que falem do assunto. Ainda não tive tempo, mas devo fazer isso a qualquer momento Se vc tem indicação à mão, passe pra cá, ok? Bjs

Anônimo disse...

Oi, Magaly.Você Viu que eu escrevi outros comentários?Eu não preciso de explicações sobre o livro srbítrio, a minha questão é outra.Mas se você está muito ocupada, não se preocupe,
Eu consigo encontrar os textos sozinha. Na internet tem muitos textos bons, é só saber pesquisar.O que eu precisava mesmo era conversar com alguém ( por escrito mesmo ) sobre algumas dúvidas. Mas sei que você é muito ocupada, então não se preocupe. Estou pensando em encontrar um grupo que esteja interessado em discutir alguns temas que sempre penso neles. Muito obrigada por tudo. Abraços. Ana.

Anônimo disse...

Corrigindo : livre arbítrio. Ana.

Anônimo disse...

Eu estive aqui, lendo o seu blog durante uns dois anos. Acho que aprendi muito.Hoje estava relendo alguns posts
E encontrei o meu primeiro comentário.Está aqui:Querida Magaly:
Li quase todo o seu blog, e aprendi com você.Obrigada. Não pertenço a nenhuma religião e lhe digo que a minha fé é pouca.Gostei do que li sobre a oração, porque sempre achei estranho ficar pedindo coisas a Deus que sabe o melhor para nós todos.Gostei da oração como uma forma de colocar-me a serviço de Deus.Gosto da oração como uma forma de agradecimento.No entanto, não suporto regras de doutrinas religiosas.Se pratico o bem, é apenas porque eu quero.Que bem seria este se eu o praticasse para ter crédito em outra vida?Não seria bondade, estaria apenas sendo interesseira.Sabe, Magaly, uma coisa que me deixa desconfortável e com a qual não concordo é o débito e o crédito de que você falou. Talvez sejam as palavras usadas, não sei.
Quero perdoar as pessoas, perdoar é saudável, faz bem para nós e para quem perdoamos e a reflexão sobre o perdão é uma das minhas preferidas.
Como perdoar? Não adianta querer perdoar e abafar as mágoas e é exatamente isto que não gosto nas religiões de um modo geral.Abafar as mágoas, os ressentimentos, pode fazer com que recrudesçam com mais força.Não creio que o perdão seja algo que se consiga apenas com a vontade de querer perdoar. O perdão sincero. Talvez necessite de um maior crescimento espiritual nosso, acho que existe o momento certo para o perdão sincero.Talvez uma maior compreensão do vivido, que pode demorar um pouco e a busca dessa compreensão talvez seja mais importante que a tentativa de perdoar por obrigação. Não sei se me faço entender.É apenas o que penso no momento.São questões que me interessam.Decidi escrever-lhe porque, nos dois dias em que li
o seu blog (já vim aqui outras vezes)me senti bem.E você pediu várias vezes aos seus leitores sugestões.Abraços. Ana.

Anônimo disse...

Lembra de quando lhe escrevi.? Esqueci de colocar a data. Gostei muito de sua resposta, houve uma proposta interessante que, infelizmente, não pode se realizada, por vários problemas meus e seus.
Lembro que o meu primeiro comentário está num post sobre o perdão.
De vez em quando vou ler os seus textos.
Beijoco carinho. Ana.

Anônimo disse...

Corrigindo : beijo com carinho.