domingo, novembro 03, 2002

Continuação do texto anterior - Maria de Nazaré

Assim, quando Gabriel apareceu a Maria, ela já era esposa legal de José, aguardando apenas a segunda cerimônia para unir-se a ele na condição de mulher.
A notícia da gravidez de Maria logo se espalhou. Sob o ponto de vista legal, a coabitação entre noivo e noiva não constituia crime. De fato, era uma das maneiras reconhecidas para concluir-se um contrato de casamento. Sua legalidade, entretanto, não amenizava a situação. Era uma violação do decoro e uma nódoa na família da noiva. O ato em si não era passível de penalidade se o noivo confessasse publicamente ser o autor e declarasse que escolheu tal método como meio de consumar o casamento. No entanto, se ele negasse, a noiva sofreria as penas da lei morte a pedradas. Decidiram interrogar o noivo.
José comparece à sinagoga e, tomando conhecimento das acusações, resolve proteger Maria. Homem digno e bom, assume a responsabilidade, livrando a noiva das garras da lei.
O casamento é considerado legal - o noivo desposou a noiva na maneira santificada pela Tora e pela lei de Moisés e Israel.
Amargurado, José resolve afastar-se de Nazaré. Deixaria Maria secretamente. Depois, requereria o divórcio, de acordo com as leis de Israel.
José adormece e, em sonho, vê Gabriel a dizer-lhe que não receie desposar Maria, pois o filho que ela traz no ventre foi concebido pelo Espírito Santo. Seria um menino, a quem deveria ser dado o nome de Jesus e ele iria salvar o povo de seus pecados.
José desperta com o coração batendo descompassado. E aceita a missão que lhe estava destinada. Acreditava na vinda de um Salvador mais poderoso que um rei.
Passa a viver na casa de Maria, junto à qual constrói sua oficina.
Alguns dias depois, Maria resolve ir à região montanhosa da Judéia, onde estava morando Isabel.
Vendo-a entrar e saudá-la, Isabel sente que sua criança se agita em seu ventre. Então, exclama em voz alta :--- Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu corpo. Quem sou eu e que fiz para merecer a felicidade de ser visitada pela mãe de meu Senhor? Mal soou em meus ouvidos a voz de tua saudação, senti agitar-se dentro de mim o filho que terei.
Maria se rejubila com o que ouve e profere seu cântico de agradecimento e louvor ao Onipotente. Permanece, então, hospedada na casa de Isabel por uns três meses, findos os quais, volta para sua casa, muitos quilômetros ao norte.
Sua gestação já ia adiantada e ela ainda cuidava de sua pequena horta, do pequenino rebanho, fiava na roca, fazia no tear o tecido para suas vestes, moía o trigo para fazer o pão, refinava o azeite para as lâmpadas, ia de manhã buscar água no poço, e preparava à noite o leito do marido.
Por essa época, o Imperador Augusto ordena o recenseamento de todas as populações submetidas a Roma. Cada cidadão deveria apresentar-se na província onde nascera. Por essa razão, José dirige-se a Belém, levando Maria consigo. Na cidade, repleta de viajantes, as hospedarias mostram-se lotadas. O casal não tem outra alternativa senão acomodar-se num estábulo, onde nasce a esperada criança. Maria envolve-a em faixas e acomoda-a entre as palhas da manjedoura.
Bem podemos imaginar os sofrimentos por que passou Maria, tão jovem e inexperiente das asperezas da vida, sentada ao lombo de um jumento, vencendo caminhos tortuosos, guiada pela mão amiga e segura de José. E, no fim, nem pouso para receber seu filho. Recebe-o em pleno campo, sem qualquer conforto, à luz das estrelas, tendo como testetemunhas seu fiel companheiro e alguns animais. Doce sorriso, entretanto, brinca em seus lábios e sua fronte nimba-se de luz. Seu filho está ali, o seu amor; sua vida entrelaçada à dele para todo o sempre.
Pastores da redondeza que costumavam pernoitar no campo para guardar seus rebanhos são despertados pela visão de entidade angélica que lhes disse haver nascido na cidade de Davi, Belém, o Messias, o Salvador que estaria envolto em faixas e deitado numa manjedoura. Vozes dos céus entoam : "Glória a Deus nas alturas. Paz na terra aos homens de boa vontade!"

Ficamos por aqui, hoje. Vão seguindo cada publicação ou deixem juntar os previsíveis sete módulos para terem facilidade de avaliar o texto em sua integridade.

Que Deus esteja conosco.


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