domingo, junho 30, 2013

RECAPITULANDO O EVANGELHO II O PONTO DE VISTA



Fim de tarde no Arpoador



O PONTO DE VISTA


          A noção exata que se faz da vida futura gera uma fé incontestável no porvir, o que influencia beneficamente na moralização do homem. Aquele que dá valor à vida espiritual percebe que a vida corporal não é mais que uma passagem, uma curta temporada num lugar que não lhe é grato. As dificuldades, os sofrimentos são incidentais, às vezes até seguidos de uma fase mais branda. Sabe que a morte não é o fim de tudo,  que é  a porta pela qual conseguirá sua libertação na morada da paz. Consciente de que está em lugar temporário, absorve as desventuras com menos ansiedade, com relativa serenidade, o que lhe confere certa paz de espírito. Ao passo que em estado  de dúvida sobre a vida futura, o homem volta-se inteiramente para o presente, não conseguindo entrever nada além de seus interesses, além das coisas materiais já adquiridas. Seus prejuízos fazem de sua vida uma pungente decepção. O mal que o toca, como o bem que atinge os outros, tudo representa tortura e angústia. Isso , repito, para aqueles que encaram a vida terrena sob o ponto de vista de vida finita. Já os que olham a vida sob o prisma da vida futura , da vida depois da morte do corpo, entendem que não há os bafejados pela sorte e as pessoas comuns, que ricos e pobres têm o mesmo peso e o que vale afinal é o que se observa em matéria de respeito e amor pelo outro, durante a estada na Terra.  Aprende que a humanidade inteira se perde na imensidão como as estrelas do firmamento, confundindo grandes e pequenos, ricos e pobres, virtuosos e detratores da Moral e do Bem. Enfim, aprende que a importância atribuída aos bens terrestres está na razão  inversa da fé na vida futura.

          Dentro desse raciocínio, podemos imaginar que, ficando as coisas da terra relegadas a segundo plano, a vida terrena terminaria por desaparecer. Mas não é isso que acontece, pelo fato de o homem voltar-se sempre, por instinto, para seu conforto, mesmo sabendo que permanecerá naquele plano por tempo limitado. A busca do bem-estar conduz o homem a melhorar as coisas à sua volta, imbuído do instinto do progresso e da conservação, presentes nas leis da Natureza. O homem trabalha por necessidade, de acordo com os desígnios de Deus que o colocou na Terra com essa finalidade. Só aquele que considera o futuro sabe que a importância do presente é relativa e  reconhece que seus fracassos podem ser absorvidos diante da destinação que o  aguarda. Por outro lado, Deus não condena os prazeres terrestres; condena, sim, o excesso em detrimento das coisas da alma. O homem que se identifica com a vida futura é como o rico que perde uma boa soma e não se angustia enquanto o que se volta para a vida terrena age como o pobre que perde tudo e entra em desespero.

          “O Espiritismo expande o pensamento e lhe abre novos  horizontes; em  lugar dessa visão estreita e mesquinha que o concentra sobre a vida presente, que faz do instante que passa sobre a Terra  a única e frágil base do futuro eterno, ele mostra que essa vida não é senão um elo no conjunto harmonioso e grandioso da obra do Criador; mostra a solidariedade que liga todas as existências do mesmo ser, todos os seres do mesmo mundo e os seres de todos os mundos; dá assim uma base e uma razão de ser à fraternidade universal; enquanto a doutrina da criação da alma no momento do nascimento de cada corpo, torna todos ao seres estranhos uns aos outros. Essa solidariedade das partes de um mesmo todo explica o que é inexplicável, se se considerar apenas uma parte.”


          Esse conjunto, ao tempo de Jesus na Terra, não teria sido entendido pelos homens e foi por isso reservado para outros tempos. 

2 comentários:

Anônimo disse...

"Deus não condena os prazeres terrestres; condena, sim, o excesso em detrimento das coisas da alma."
O apego exagerado aos bens matérias leva o homem ao esquecimentos de que ele é binômio: corpo físico + espírito = ser humano.
O corpo é o instrumento que Deus nos dá para aprimoramento do espirito em busca da luz, da perfeição. Obra de Deus (que não para de criar), o espírito é criado simples e ignorante mas com o destino de, com o próprio esforço, crescer e aperfeiçoar-se até alcançar a angelitude através de múltiplas encarnações neste e em outros planetas que pululam na imensidão do espaço sideral.
Viver exclusivamente para a satisfação dos sentidos físicos em detrimento das necessidades do espírito é condenar-se a séculos ou milênios de atraso na grande caminhada de ascensão espiritual.
Assim pensa seu m ano Felinto Elízio.

Old Mag disse...

Gosto do jeito como você pensa, meu irmão,sempre na linha do que indica o Evangelho.Sua palavra é uma garantia de acerto, um bom suporte para a minha contribuição ao estudo da palavra do Cristo. Espero tê-lo sempre por perto como tem sido até aqui.
magaly