sexta-feira, novembro 14, 2003

Voltei a ficar em dívida. Intervalo de 6 dias. Tenho que recuperar a energia e me atualizar mais freqüentemente. Enquanto isso, vou procurar passar pra vocês textos com substância para estudo e meditação.

Vejamos um estudo sobre a guerra do site espírita André Luiz.


O LIVRO DOS ESPÍRITOS, ALLAN KARDEC,
LIVRO III, CAP. VI
GUERRAS


Per. 742 - Qual é a causa que leva o homem à guerra?

- Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e satisfação das paixões. No estado de barbárie, não conhecem senão o direito do mais forte; por isso, a guerra é para eles um estado normal. À medida que o homem progride, ela se torna menos frequënte, porque lhe evita as causas e, quando é necessária, sabe aliá-la à humanidade.

Per. 743 - A guerra desaparecerá um dia da face da Terra?

- Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus; então todos os povos serão irmãos.

Per. 744 - Qual foi o objetivo da Providência, tornando a guerra necessária?

- A liberdade e o progresso.

- Se a guerra deve ter por resultado alcançar a liberdade, como ocorre que ela, freqüentemente, tenha por objetivo e por resultado a subjugação?

- Subjugação momentânea para abater os povos, a fim de os fazer chegar mais depressa.

Per. 745 - Que pensar daquele que suscita a guerra em seu proveito?

- Este é o verdadeiro culpado e precisará de muitas existências para expiar todos os homicídios dos quais foi a causa, porque responderá pelo homem, cada um deles, ao qual causou a morte para satisfazer sua ambição.


OS ESPÍRITOS DURANTE OS COMBATES



O LIVRO DOS ESPÍRITOS, ALLAN KARDEC,
LIVRO II, CAP. IX

Per. 541 - Em uma batalha há Espíritos que assistem a sustentam cada partido?

- Sim, e que estimulam a sua coragem.

Os Antigos, outrora, representavam os deuses tomando partido por tal ou tal povo. Esses deuses não eram outros senão Espíritos representados sob figuras alegóricas.

Per. 542 -Em uma guerra, a justiça entá sempre de um lado; como os Espíritos tomam partido pela injustiça?

- Sabeis bem que há Espíritos que não procuram senão a discórdia e a destruição. Para eles a guerra é a guerra: a justiça da causa pouco os impressiona.

Per. 543 - Certos Espíritos podem influenciar o general na concepção de seus planos de campanha?

- Sem nenhuma dúvida, os Espíritos podem influenciar por esse motivo, como por todas as concepções.

Per. 544 - Os maus Espíritos poderiam suscitar-lhe maus planos, tendo em vista perdê-lo?

- Sim, mas não tem ele seu livre arbítrio? Se seu julgamento não lhe permite distinguir uma idéia justa de uma idéia falsa, suporta as conseqüências, e faria melhor obedecer do que comandar.

Per. 545 - O general pode, algumas vezes, ser guiado por uma espécie de segunda vista, uma vista intuitiva, que lhe mostre antecipadamente o resultado de seus planos?

- Frequentemente é assim no homem de gênio, é o que se chama inspiração, e faz com que ele aja com uma espécie de certeza. Essa inspiração lhe vem dos Espíritos que o dirigem e sabem aproveitar as faculdades de que é dotado.

Per. 546 - No tumulto do combate, o que ocorre com os Espíritos que sucumbem? Ainda se interessam pela luta, depois da morte?

- Alguns se interessam, outros se afastam.

Nos combates acontece aquilo que ocorre em todos os casos de morte violenta: no primeiro momento o Espírito está surpreso e como perturbado, e não crê estar morto, parecendo-lhe, ainda, tomar parte na ação. Não é senão pouco a pouco que a realidade lhe aparece.

Per. 547 - Os Espíritos que se combatiam, estando vivos, uma vez mortos se reconhecem por inimigos e são ainda obstinados uns contra os outros?

- O Espíritos, nesses momentos, não está jamais de sangue-frio. No primeiro momento, ele pode ainda querer seu inimigo e mesmo perseguí-lo, mas quando as idéias lhe retornam, vê que sua animosidade não tem mais objetivo. Entretanto, pode ainda conservar-lhe as impressões, mais ou menos segundo o seu caráter.

- Percebe ainda o ruído das armas?

- Sim, perfeitamente.

Per. 548 - O Espírito que assiste de sangue-frio a um combate como espectador, testemunha a separação da alma e do corpo, e como esse fenômeno se apresenta a ele?

- Há poucas mortes instantâneas. Na maioria das vezes, o Espírito cujo corpo vem a ser mortalmente ferido, não tem consciência sobre o momento. Quando ele começa a se reconhecer, é então que se pode distinguir o Espírito que se move ao lado do cadáver. Isso parece tão natural que a visão do corpo morto não produz nele nenhum efeito desagradável. Toda a vida estando transportada no Espírito, só ele atrai atenção e é com ele que se conversa ou a ele que se dirige.

(Mais sobre o tema em O Livro dos Espíritos, cap. VI - V: LEI DE DESTRUIÇÃO)



A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL VISTA DE "NOSSO LAR"


NOSSO LAR, CAP. 41 - ANDRÉ LUIZ
CONVOCADOS À LUTA


Nos primeiros dias de setembro de 1939, "Nosso Lar" sofreu, igualmente, o choque por que passaram diversas colônias espirituais, ligadas à civilização americana. Era a guerra européia, tão destruidora nos círculos da carne, quão perturbadora no plano do espírito. Entidades numerosas comentavam os empreendimentos bélicos em perspectiva, sem disfarçarem o imenso terror de que se possuíam.
Sabia-se, desde muito, que as Grandes Fraternidades do Oriente suportavam as vibrações antagônicas da nação japonesa, experimentando dificuldades de vulto. Anotavam-se, porém, agora, fatos curiosos de alto padrão educativo. Assim como os nobres círculos espirituais da velha Ásia lutavam em silêncio, preparava-se "Nosso Lar" para o mesmo gênero de serviço. Além de valiosas recomendações, no campo da fraternidade e da simpatia, determinou o Governador tivéssemos cuidado na esfera do pensamento, preservando-nos de qualquer inclinação menos digna, de ordem sentimental.
Reconheci que os Espíritos superiores, nessas circunstâncias, passam a considerar as nações agressoras não como inimigas, mas como desordeiras e cuja atividade criminosa é imprescindível reprimir.
- Infelizes dos povos que se embriaguem com o vinho do mal - disse-me Salústio -; ainda que consigam vitórias temporárias, elas servirão somente para lhes agravar a ruína, acentuando-lhes as derrotas fatais. Quando um país toma a iniciativa da guerra, encabeça a desordem da Casa do Pai, e pagará um preço terrível.
Observei, então, que as zonas superiores da vida se voltam em defesa justa, contra os empreendimentos da ignorância e da sombra, congregados para a anarquia e, conseqüentemente, para a destruição. Esclareceram-me os colegas de trabalho que, nos acontecimentos dessa natureza, os países agressores convertem-se, naturalmente, em núcleos poderosos de centralização das forças do mal. Sem se precatarem dos perigos imensos, esses povos, com exceção dos espíritos nobres e sábios que lhes integram os quadros de serviço, embriagam-se ao contacto dos elementos de perversão, que invocam das camadas sombrias. Coletividades operosas convertem-se em autômatos do crime. Legiões infernais precipitam-se sobre grandes oficinas do progresso comum, transformando-as em campos de perversidade e horror. Mas, enquanto os bandos escuros se apoderam da mente dos agressores, os agrupamentos espirituais da vida nobre movimentam-se em auxílio dos agredidos.
Se devemos lastimar a criatura em oposição à lei do bem, com mais
propriedade devemos lamentar o povo que olvidou a justiça.
Logo após os primeiros dias que assinalaram as primeiras bombas na terra polonesa, encontrava-me, ao entardecer, nas Câmaras de Retificação, junto de Tobias e Narcisa, quando inesquecível clarim se fez ouvir por mais de um quarto de hora. Profunda emoção nos invadira a todos.
É a convocação superior aos serviços de socorro a Terra - explicou-me Narcisa, bondosamente.
- Temos o sinal de que a guerra prosseguirá, com terríveis tormentos para o espírito humano - exclamou Tobias, inquieto -, embora a distância, toda a vida psíquica americana teve na Europa a sua origem. Teremos grande trabalho em preservar o Novo Mundo.
A clarinada fazia-se ouvir com modulações estranhas e imponentes. Notei que profundo silêncio caiu sobre todo o Ministério da Regeneração.
Atento à minha atitude de angustiosa expectativa, Tobias informou:
- Quando soa o clarim de alerta, em nome do Senhor, precisamos fazer calar os ruídos de baixo, para que o apelo se grave em nossos corações.
Quando o misterioso instrumento desferiu a última nota, fomos ao grande parque, a fim de observar o céu. Profundamente comovido, vi inúmeros pontos luminosos, parecendo pequenos focos resplandecentes e longínquos, a librarem-se no firmamento.
- Esse clarim - disse Tobias igualmente emocionado - é utilizado por espíritos vigilantes, de elevada expressão hierárquica.
Regressando ao interior das Câmaras, tive a atenção atraída para enormes rumores provenientes das zonas mais altas da colônia, onde se localizavam as vias públicas.
Tobias confiou a Narcisa certas atividades de importância junto aos enfermos e convidou-me a sair, para observar o movimento popular.
Chegados aos pavimentos superiores, de onde nos poderíamos encaminhar à Praça da Governadoria, notamos intenso movimento em todos os setores.
Identificando-me o espanto natural, o companheiro explicou:
- Estes grupos enormes dirigem-se ao Ministério da Comunicação, à procura de noticias. O clarim que acaba de soar, só vem até nós em circunstâncias muito graves. Todos sabemos que se trata da guerra, mas é possível que a Comunicação nos forneça algum detalhe essencial. Observe os transeuntes.
Ao nosso lado, vinham dois senhores e quatro senhoras, em conversação animada.
- Imagine - dizia uma - o que será de nós no Auxílio. Há muitos meses consecutivos, o movimento de súplicas tem sido extraordinário. Experimentamos justa dificuldade para atender a todos os deveres.
- E nós, com a Regeneração? - objetava o cavalheiro mais idoso - os serviços prosseguem consideravelmente aumentados. No meu setor, a vigilância contra as vibrações umbralinas reclama esforços incessantes. Estou avaliando o que virá sobre nós...
Tobias segurou-me o braço, de leve, e exclamou:
- Aproximando-nos de dois homens, ouvi um deles perguntando:
- Será crivei que a calamidade nos atinja a todos?
O interpelado, que parecia portador de grande equilíbrio espiritual, replicou, sereno:
- De qualquer modo, não vejo motivo para precipitações. A única novidade é o acréscimo de serviço que, no fundo, constituirá uma bênção.
Quanto ao mais, tudo é natural, a meu ver. A doença é mestra da saúde, desastre dá ponderação. A China está sob a metralha, há muito tempo, e não mostrou você, ainda, qualquer demonstração de assombro.
- Mas agora - objetou o companheiro, desapontado - parece que serei compelido a modificar meu programa de trabalho.
O outro sorriu e ponderou:
- Helvécio, Helvécio, esqueçamos o "meu programa" para pensar em "nossos programas".
Atendendo a novo gesto de Tobias, que me reclamava atenção, observei três senhoras que iam na mesma direção à nossa esquerda, verificando que o pitoresco não faltava, igualmente ali, naquele crepúsculo de inquietação.
- A questão impressiona-me sobremaneira - dizia a mais moça -, porque Everardo não deve regressar do mundo agora.
- Mas a guerra - disse uma das companheiras -, ao que parece, não alcançará a Península. Portugal está muito longe do teatro dos acontecimentos.
- Entretanto - indagou a outra componente do trio -, por que semelhante preocupação? Se Everardo viesse, que aconteceria?
- Receio - esclareceu a mais jovem - que ele me procure na qualidade de esposa. Não o poderia suportar. É muito ignorante e, de modo algum, me submeteria a novas crueldades.
- Tola que és! - comentou a companheira - olvidaste que Everardo será barrado pelo Umbral, ou coisa pior?
Tobias, sorrindo, informou:
- Ela teme a libertação de um marido imprudente e perverso.
Decorridos longos minutos, em que observávamos a multidão espiritual, atingimos o Ministério da Comunicação, detendo-nos ante os enormes edifícios consagrados ao trabalho informativo.
Milhares de entidades acotovelavam-se, aflitamente. Todos queriam informações e esclarecimentos. Impossível, porém, um acordo geral.
Extremamente surpreendido com o vozerio enorme, vi que alguém subira a uma sacada de grande altura, reclamando a atenção popular. Era um velho de aspecto imponente, anunciando que, dentro de dez minutos, far-se-ia ouvir um apelo do Governador.
- É o Ministro Esperidião informou Tobias, atendendo-me a curiosidade.
Serenado o barulho, daí a momentos ouviu-se a voz do próprio Governador, através de numerosos alto-falantes:
- "Irmãos de "Nosso Lar", não vos entregueis a distúrbios do pensamento ou da palavra. A aflição não constrói, a ansiedade não edifica. Saibamos ser dignos do clarim do Senhor, atendendo-Lhe a Vontade Divina no trabalho silencioso, em nossos postos."
Aquela voz clara e veemente, de quem falava com autoridade e amor, operou singular efeito na multidão. No curto espaço de uma hora, toda a colônia regressava à serenidade habitual.

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Leiam, meditem, se quiserem, comentem ou façam perguntas para esclarecimento de algum ponto.
Até outro post e fiquem em paz.

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