terça-feira, julho 01, 2014

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS Capítulo V Itens 24 a 26

                                                               
                        From Google           Cerejeiras em flor
            

    RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS      Capítulo V     Itens 24 a 26

           Como no capítulo anterior, faremos releitura de textos de espíritos iluminados, na tentativa de entendermos certos conceitos, às vezes, só parcialmente percebidos, o que nos tem causado certo desconforto. Vamos começar pelo texto de  DELPHINE DE GIRARDIN, Paris / 1861, que explica o verdadeiro sentido de  
                                         
              
               A INFELICIDADE REAL
          
          As pessoas, em sua maioria, falam da infelicidade que teem experimentado e acham que teem conhecimento de seus múltiplos aspectos. Venho garantir-lhes que quase todos se enganam e que a infelicidade real não é tudo aquilo que os infelizes da Terra supõem. Eles a enxergam na falta de recursos, no fogão sem gás, na ameaça do credor, na perda de um filho ou de um parente próximo, na traição de alguém, na vaidade desamparada e outras razões congêneres. Tudo isso se chama infelicidade na linguagem humana.Certo, mas isso é infelicidade para os que só vêem o presente, o aqui e o agora.  A infelicidade real está mais na consequência de uma coisa do que na própria coisa. Tentando exemplificar, é o caso de um acontecimento feliz que, por circunstâncias alheias à nossa percepção, tem uma consequência funesta. Não é pior do que aquele que causa primeiro um abalo, um efeito ruim e termina resultando num bem? Um exemplo disso são as tempestades que caem com ventos fortes derrubando árvores, alagando ruas, causando transtornos. Passam de repente e a consequência dela é um ar saneado, saudável que vai fazer bem aos moradores da região.
          Deste modo, vemos que, para julgar uma coisa, é necessário apreciar suas consequências, ou seja, para perceber o que é, efetivamente, feliz ou infeliz para o homem, é preciso que nos transportemos além desta vida, pois é lá que as consequências se fazem sentir. Isto equivale a dizer que tudo o que se chama infelicidade fina-se com a vida e encontra sua compensação na vida futura.
         Mas a infelicidade pode surgir sob nova forma, uma forma atraente e risonha que a faça extremamente desejada. A infelicidade sob a forma de alegria, fama, agitação, satisfação desenfreada da vaidade que embotam a consciência, comprimindo a ação do pensamento, confundindo o homem sobre seu futuro.
          Não se iludam os saciados. As provas credoras espreitam o ilusório repouso para mergulhá-los de repente, na agonia da verdadeira infelicidade.
          O Espiritismo vem em ajuda aos que precisam de esclarecimento, recolocando em sua verdadeira luz a verdade e o erro tão avassaladoramente desfigurados pela cegueira humana. E nos adverte: que importa àquele, que tem fé no futuro, deixar na Terra sua fortuna e seu corpo material se sua alma entrará leve e descomprometida no plano espiritual?

          Voltemos nossa atenção agora para o texto

                        A MELANCOLIA de FRANÇOIS DE GENÈVE, Bordéus.

          Muitas vezes, uma tristeza se apodera de nossos corações e nos faz exclamar contra a vida que levamos. É nosso Espírito que deseja a felicidade da vida plena, a liberdade, mas se sente preso ao corpo material, não medindo esforços para ver-se livre dele. Diante da dificuldade, desanima, entrega-se, e o corpo, sob sua influência, cai também em abatimento, em melancolia.
          Nosso conselheiro aqui nos vem explicar e exortar: esse desejo de uma vida melhor é inato ao espírito de todos os homens, mas não devemos procurá-la neste mundo. Deus nos enviará Espíritos capazes de nos instruir sobre a felicidade que nos reserva. Temos somente que esperar com paciência o anjo da libertação que nos ajudará a romper os laços do cativeiro.  Apenas não podemos esquecer que, durante nossa prova na Terra, temos que cumprir com garra, desvelo e paciência, a missão que nos foi anteriormente destinada, rebatendo corajosamente os desgostos e as decepções. Serão de curta duração e vão certamente nos conduzir à companhia dos amigos que ora choramos. Eles nos receberão com entusiasmo e, a determinada altura, nos conduzirão a um lugar onde o sofrimento da Terra definitivamente não terá acesso.

        
           Um tema se impõe agora :

                      PROVAS VOLUNTÁRIAS. O VERDADEIRO CILÍCIO 

 e nos será esclarecido por um ANJO GUARDIÃO, Paris, 1863.

            O tema guarda uma palpitante interrogação: É permitido abrandar nossas próprias penas?
          
           Isso equivale a indagar a uma pessoa que está sendo consumida pelas chamas de um incêndio se ela deve tentar se salvar; ou àquele que foi atropelado, se aceita ser atendido em um hospital; ou ainda, a alguém atingido por uma bala, se quer tentar extrair o projétil do corpo.  Provas como essas visam a exercitar a inteligência, a paciência e a resignação. Pode alguém nascer em situação penosa, complicada, exatamente para ser forçado a procurar meios de derrubar os obstáculos que atrapalham sua vida. E o mérito cabe àquele que consegue suportar a consequência de males inevitáveis, sem lamúrias ou indignação, em prosseguir na luta e não entrar em desespero, caso não seja bem sucedido em seus esforços.
        Paralela a essa questão, existe uma constatação nas palavras de Jesus: “Bem-aventurados os aflitos”.  A indagação que se impõe aqui é se há mérito em procurar aflições, agravando as próprias provas por sofrimentos voluntários. A resposta que se impõe é SIM: há um grande mérito quando os sofrimentos e as privações teem por finalidade o bem do próximo, pois é a caridade pelo sacrifício. E é NÃO quando tem por objetivo satisfazer-se, a si próprio, seu próprio egoísmo.
          A esta altura, uma observação pode ser colocada em linha de conta. Que nós, aprendizes da Vida, nos contentemos com as provas que Deus nos envia e as recebamos tendo em mente que Ele só nos pede que as aceitemos sem lamentações e com bastante fé. Pede-nos também que não enfraqueçamos nosso corpo com sacrifícios inúteis e mortificações fora de propósito porque temos necessidade de todas as nossas reservas pra cumprir nossa missão na Terra. Qualquer tortura a nosso corpo é contravenção à lei de Deus. Providenciar o enfraquecimento do corpo é caminho para o suicídio.
          Diferente é o sofrimento que se pode impor a si mesmo para alívio do outro. Se você aguenta o frio ou a fome para esquentar ou alimentar aquele que tem necessidade desses cuidados, e se seu organismo sofre com isso, eis o sacrifício reconhecido por Deus. Você que é capaz de sacrifícios duros pelo próximo, que soube escolher seu cilício, seu modo de sacrificar-se pelo seu irmão em Deus é a prova viva de que as fruições do mundo não lhe secaram o coração. Já não podemos dizer o mesmo dos que se isolam para servir a Deus. Onde a validade desse comportamento? Martirizar o corpo sem finalidade não eleva a alma, não aproxima ninguém do Pai. A única via de acesso a Deus é, realmente, a prática do amor, da misericórdia, da bondade.

11 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Magaly. Sempre me perguntei por que o sofrimento dos homens faz parte do Plano Divino.
A resposta poderia ser que a responsabilidade pelo sofrimento humano é do próprio homem, que, imperfeito,comete erros e é através do sofrimento que ele vai
conseguir evoluir.Prefiro ver o sofrimento não como uma punição,castigo, etc., mas como uma forma do homem aprender e evoluir espiritualmente.Li num texto espírita que cada pessoa escolhe antes de reencarnar as provações pelas quais irá passar, o que me ajuda a entender um pouco mais o problema do livre arbítrio, que talvez não consiga entender nunca. Até aí, tudo bem, entendo que posso aprender com o sofrimento e sinto que já aprendi com ele.Mas a questão não é esta. O que não entendo é o motivo de Deus ter feito seres imperfeitos que necessitam passar por tantas reencarnações para conseguir evoluir.Se Ele é eterno e perfeito, porque criou seres imperfeitos que precisam sofrer para chegar até Ele? Não pense que as minhas perguntas são provocações ou heresias. Se eu fosse ateia, não iria perder tempo em pensar sobre religião. São questões que eu sinceramente penso nelas e não compreendo. E acho que, se Deus me deu inteligência, ainda que pequena devida ao grau de evolução em que estou, foi para pensar, porque aprendemos pensando. E se coloco estas questões para você como dúvidas minhas é porque acho que você possui uma mente aberta.Acho que jamais teremos respostas para essas questões, não aqui neste mundo. Já me perguntei se não seria pura arrogância pretender entender os desígnios de Deus, mas se a questão surgiu na minha mente é porque faz algum sentido. Li, não sei mais onde, que ter fé é acreditar sem entender. Não sei.
Um abraço. Obrigada. Ana.

Anônimo disse...

"A única via de acesso a Deus é, realmente, a prática do amor, da misericórdia, da bondade".Acho que isto faz sentido.E vivemos em um mundo cada vez mais individualista.Ana.

Anônimo disse...

Ana, minha irmã, se Deus é bom, misericordioso e justo não poderia criar seres imperfeitos e coloca-los em sofrimento. O homem foi criado simples e ignorante das lei divina para serem felizes. Se não o é, não é por culpa de Deus, mas pelas escolhas descabidas que fez e continua fazendo, provocando em si próprios a infelicidade. Deus colocou na consciência do homem a base para sua felicidade, que é o cumprimento de suas leis. Ainda aí, mais uma vez, cabe ao homem a escolha. Para melhor entendimento, sugiro a leitura atenta em O Livro dos Espíritos, da questão 96 até o final do capítulo, com maior atenção às questões 120 a 122. Tenho certeza que talvez responda a algumas de suas dúvidas, mas com certeza, a farão refletir mais ainda. Agradeço a Magaly a publicação de material tão rico e que nos obriga a retomar os estudos, refletir, analisar e praticar o bem, antes de mais nada.

Anônimo disse...

Obrigada por comentar, anônimo, mas sem querer ser grosseira, as questões que eu coloquei são dirigidas à Magaly. E são questões muito pessoais, que eu não discutiria em público, mas não é possível enviar uma mensagem exclusivamente para ela ler. Agradeço a sua boa vontade.
Ana.

Old Mag disse...

Ana, entrando aqui agora para trazer-lhe meu comentário voltado para a sua dúvida, encontro uma situação inusitada que me chocou - a sua rejeição ao comentário feito por uma amiga muito querida e companheira de trabalho doutrinário.Como estava com o tempo muito comprometido e podia demorar a vir cá, pedi a ela que desse uma atenção a você que, no fim de semana eu já estaria de volta. Ela estava atendendo a um pedido meu para você não esperar muito .

Old Mag disse...

Meu comentário:
O que posso lhe dizer a respeito é que Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes e a cada um deu uma determinada missão com o propósito de esclarecê-los e fazê-los chegar progressivamente à perfeição, onde encontrariam a eterna e pura felicidade. E concedeu-lhes o livre-arbítrio. Muitos aceitam a proposta e se esforçam por seguir a orientação recebida. Outros se fecham, sem concessões, ante sua capacidade de arbitrar. E escolhem o caminho a tomar. Às vezes, o espírito rebelde demora um pouco a sair da ignorância, mas nenhum espírito permanecerá nela eternamente. Generosamente, Deus lhe abrirá novos caminhos até que ele venha a perceber que é no caminho do aprendizado e do respeito às leis de Deus que se encontra a paz e a justiça. Mesmo que o aprendizado caminhe em ritmo lento e difícil, ele jamais retrogradará em relação ao ponto em que se encontra. Entendamos: criados simples e ignorantes significa ter aptidão tanto para o bem quanto para o mal. Os que pendem para o mal, escolheram este lado, por vontade própria. O livre-arbítrio se desenvolve à proporção que o Espírito toma consciência de si mesmo. Daí não se poder considerar liberdade se a escolha depender de causa alheia à vontade do espírito. Uma coisa, entretanto, é certa: os espíritos que escolhem o caminho do mal podem chegar ao mesmo grau de superioridade que os outros, só que por caminhos mais duros e demorados. Atingido o necessário grau de perfeição, diante de Deus, todos os espíritos teem o mesmo mérito, não importa o trajeto que tenham percorrido, e serão igualmente aceitos e amados pelo Senhor de todos os universos.

Anônimo disse...

Cara Magaly. Eu fiquei chocada, pois não sabia quem era. Ela não se apresentou, não disse que era sua amiga, como eu ia saber que era alguém do seu grupo? Se soubesse, não iria dar aquela resposta.Por que você não me avisou? Lamento muito esse mal entendido, lamento mesmo.Coloque-se no meu lugar e veja se não acharia estranho. O blog é público, poderia ser qualquer pessoa que não fosse sua amiga.
Acho tudo isso lamentável, não quis ser indelicada com ninguém.
Ana.

Anônimo disse...

Agradeço-lhe por ter respondido e por tudo.Ana.

Anônimo disse...

"Mas a infelicidade pode surgir sob nova forma, uma forma atraente e risonha que a faça extremamente desejada. A infelicidade sob a forma de alegria, fama, agitação, satisfação desenfreada da vaidade que embotam a consciência, comprimindo a ação do pensamento, confundindo o homem sobre seu futuro".
Minha Mana querida,
Entendo que Deus não faz ninguém infeliz. Todo sofrimento experimentado pelo homem é por ele provocado, ou seja, consequência do seu malbaratar de oportunidades tais como: fama, posse de bens materiais, posição social e posição de mando, entre outras situações, que nos são dadas como provas ou como meios de ampliarmos a nossa capacidade de sermos desapegados de bens terrestres e mais fraternos. Pela exacerbação da vaidade, do orgulho e do egoísmo sacrificamos
o equilíbrio espiritual e daí experimentamos o que por nós mesmos foi provocado e escolhido como reparação de desvios e impropriamente chamamos infelicidade.
Cada um tem o que merece e precisa para seu aperfeiçoamento.
É o que eu penso.
Seu mano Felinto Elízio

Old Mag disse...

Pensamos tão parecido, mano.O que vc acaba de dizer é exatamente a forma que tento adotar para resolver minhas dúvidas quando tenho que me decidir diante de um problema. São situações que exigem maturidade, seriedade, equilíbrio amor por si próprio e pelo próximo, desprendimento.Uma série de qualidades difíceis de alcançar. Demandam tempo, vontade de progredir,dedicaçãoforça e coragem.

Anônimo disse...

talvez pensemos mesmo muito parecido.
a diferença está na forma de expressão. em você flui naturalmente, com leveza e segurança.
já comigo é bem diferente, é mal talhado e extraído a "fórceps". paciência, cada um dá do que tem.
Felinto Elízio