Mensagens de Reflexão Narração de Paulo Goulart
RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS Capitulo V Itens 19 a 23
No post anterior, encerramos a
matéria apresentando um texto de Lacordaire, intitulado Bem e Mal Sofrer, como
ilustração do estudo realizado. Para o post de hoje , teremos alguns textos de
espíritos iluminados que nos guiarão na compreensão do que se tem estudado aqui,
ao longo do capítulo V. Mas, em vez de apresentá-los em seu formato original,
optamos por uma releitura.
Comecemos com O Mal e o Remédio, Santo Agostinho / Paris, 1863.
Nossa terra é paradisíaca, de tal
forma apelativa que o homem que vive aqui, em processo de crescimento, se esquece da voz do profeta anunciando que o
homem encontraria aqui um vale de dores e lágrimas. Pois bem, se ao homem foi
anunciada essa previsão, por que não se voltar para Deus e agradecer a
oportunidade de ser experimentado, em vez de se atirar aos gozos no paraíso a
seus pés? Então, o poder de Deus só pode ser reconhecido através de curas e
distribuição de benesses? Por que não imitar aquele que nos veio como exemplo e
que, ao chegar à abjeção total, por maus tratos físicos e morais, volta-se para
Deus e agradece a experiência de que foi alvo, aceitando-a como prova para sua ascensão
espiritual? Já é tempo de o homem mudar a direção de seu olhar, de se soltar
além dos limites do túmulo. Contra o argumento de que seria uma vida só de
sofrimento, dor e resignação, podemos, em contrapartida, dizer: O que seria
isso diante da eternidade de glória a ele reservada? Isto nos mostra que
devemos procurar as consolações aos nossos males no futuro que Deus nos
prepara, e a causa deles, no passado. E os que sofrem, que se considerem os
bem-aventurados da Terra.
O
espírito desencarnado, quando plana no espaço, costuma escolher sua prova para
a próxima encarnação, acreditando-se forte o suficiente para suportá-la. No
caso de pedir a glória e a fortuna, a intenção seria a de lutar contra o mal
moral e físico e vencê-los, preservando sua alma purificada pela expiação e
pela dor. Mas há os que não conseguem vencer a tentação e se debatem no
desespero. Que remédio indicar a eles? Apenas um remédio é infalível – a fé na
misericórdia de Deus, que nos aponta sempre os horizontes do infinito. Aquele
que crê é forte pelo remédio da fé. Suas mais dolorosas provas serão as
primeiras notas de alegria da eternidade. Mesmo que seu corpo se debata em dores,
sua alma se desprenderá plena, ganhando as regiões celestes.
Felizes, pois os que sofrem! Que
suas almas se alegrem, porque serão abençoadas por Deus.
Vejamos agora o expressivo texto
do cardeal MORLOT, François Nicolas Madeleine / Paris, 1863
A felicidade não é deste mundo
Em todas as camadas sociais, o
homem geralmente reclama de seu desconforto por razões as mais diversas:
doenças incômodas, falta de condições de vida,
falta de liberdade, assédio por cobranças de toda ordem, enfim, um
número infinito de motivos que frustram o vivente. Isto é uma prova da
veracidade da máxima contida no Eclesiastes:
“A felicidade não é deste mundo”. Efetivamente, nem a riqueza, nem o poder, nem a força da juventude , nem mesmo a combinação dessas três forças são elementos essenciais da felicidade. Dentro das classes privilegiadas, ouvimos reclamações de pessoas de todas as idades, que lastimam sua condição de existir. Daí estranharmos como as classes militantes, trabalhadoras podem invejar cobiçosamente a posição daqueles a quem a fortuna parece ter favorecido. Aqui, neste nosso mundo, cada um tem sua parte de trabalho e de miséria, seu bocado de dor e de amargura. De onde se depreende que a Terra é mesmo um lugar de provas e expiações.
“A felicidade não é deste mundo”. Efetivamente, nem a riqueza, nem o poder, nem a força da juventude , nem mesmo a combinação dessas três forças são elementos essenciais da felicidade. Dentro das classes privilegiadas, ouvimos reclamações de pessoas de todas as idades, que lastimam sua condição de existir. Daí estranharmos como as classes militantes, trabalhadoras podem invejar cobiçosamente a posição daqueles a quem a fortuna parece ter favorecido. Aqui, neste nosso mundo, cada um tem sua parte de trabalho e de miséria, seu bocado de dor e de amargura. De onde se depreende que a Terra é mesmo um lugar de provas e expiações.
De um modo geral, pode-se dizer
que a felicidade é uma utopia, em busca da qual as gerações se lançam, umas
após outras, sem alcançá-la jamais. Neste mundo, o sábio e o feliz praticamente
inexistem.
A
felicidade na Terra é uma coisa tão efêmera para a pessoa que não age
sabiamente, que, por um tempo limitado de completa satisfação, todo o resto é
uma série de decepções difíceis de suportar. E estamos falando dos felizes da
Terra, dos que são invejados por toda a gente.
Diante
dessa realidade, podemos concluir que, se a morada terrestre está destinada às
provas e à expiação, então devem existir outras
moradas, onde o Espírito do homem ainda carregando seu invólucro material,
possui de modo pleno os prazeres ligados à vida humana. Assim é, que no
universo, espalhados pelas mãos de Deus, giram esses belos planetas superiores
para os quais nossos esforços e nossa perseverança nos farão gravitar um dia
quando alcançarmos o grau de purificação adequado.
Entretanto,
temos que considerar que a Terra não terá destinação penitenciária por
todo o sempre. Ela realizará progressos materiais que a habilitarão a
empreender melhoramentos sociais . Tal é a tarefa imensa e grandiosa a ser
empreendida pelo Espiritismo. Para isso, o concurso dos que creem e confiam na
doutrina de Kardec é imprescindível . Que façamos calar o homem velho e
trabalhemos pela divulgação da Doutrina, preparando para as novas gerações “um
mundo em que a felicidade não será mais uma palavra vã.”
Passemos
agora a um outro texto que possivelmente irá tocar muita gente que já
experimentou provas semelhantes e que se podem beneficiar com ele, de
Sanson, antigo membro da Sociedade
Espírita de Paris, 1863.
Perda de pessoas amadas. Mortes prematuras
A morte, de quando em quando, vem-nos visitar e deixa-nos confusos com suas escolhas ou ressabiados com o Pai que a deixa levar jovens em vez de velhos, gente produtiva em vez de doentes sem recuperação ou tira do colo de mães confiantes a sua cria, a razão de sua existência. Não é regra geral, mas por que vemos tantos casos desse tipo?
Aqui se faz
necessária uma séria advertência aos que adotam essa maneira impensada de julgar. Nós, humanos, temos que nos elevar
um pouco acima desse ‘terra a terra’ da vida para entendermos que o certo nem
sempre está onde pensamos encontrá-lo, que o bem às vezes está onde pensamos
ver o mal, ou seja, a sábia diretriz divina onde cremos ver a cega fatalidade
dos acontecimentos. Não há como medirmos a justiça divina pelo valor da nossa.
Como podemos admitir que, por simples capricho, Deus nos vá infligir castigos
tão duros? Nada do que acontece é fruto do acaso, mas de um objetivo
inteligente e cada situação tem sua explicação. Examinando criteriosamente
nossas próprias dores, poderemos encontrar uma razão regeneradora, a mão divina
sobre nossas testas.
Frequentemente, a morte prematura é um
grande benefício que Deus concede ao que se vai, que fica, assim, livre das
misérias e seduções da vida. Deus apenas julga não ser mais útil que ele
permaneça encarnado.
E não
lamentemos o futuro que não chegará para ele porque bem mais vale ter uma
posição entre os Espíritos bem-aventurados do que uma posição de destaque entre
os homens na Terra. Em vez de
lamentarmos a separação, aprendamos a
entendê - la como um passo à frente na
caminhada para o Alto . A fé nos ajudará nesse propósito. E nos manterá na
certeza de que não estaremos separados, pois o corpo fluídico daquele que se
foi cercará o nosso corpo fluídico, dando-nos força e perseverança. Se achamos
que entendemos a vida espiritual, podemos sentir a proximidade deles e a consolação
advindas desses encontros - Uma questão
de FÉ.
Um pequeno texto de Fénelon, Sens ,1861, vem agora corroborar para a compreensão do assunto sob estudo:
Um pequeno texto de Fénelon, Sens ,1861, vem agora corroborar para a compreensão do assunto sob estudo:
Se fosse um homem de bem, teria morrido
Vamos à nossa releitura. O que
diríamos de um homem mau que escapa de um perigo? Certamente comentaríamos: se fosse um homem de bem, teria morrido.
E isto é
uma verdade. Não raro, Deus dá a um Espírito jovem, ainda em suas primeiras
experiências, uma prova mais longa que a um bom que receberá, em recompensa do
seu mérito, o favor de que sua prova
seja tão curta quanto possível. Isso é justiça.
Se
em casas vizinhas, numa mora um homem bom e na outra um homem mau,
apontaríamos o mau como o de nossa preferência para morrer, o que constituiria
um erro, pois o que parte, terminou sua tarefa naquela encarnação e aquele que
fica não terminou ou talvez nem tenha
começado a sua. Seria injusto tirar a oportunidade de o mau acabar sua
tarefa e prender o bom que já havia expiado suas penas.
Uma lição:
a verdadeira liberdade está na libertação dos laços do corpo. A Terra é ainda
lugar de cativeiro.
Não
devemos, pois, censurar o que não compreendemos e entendermos que Deus é justo
em todas as suas disposições. Devemos nos esforçar para abrir nossos horizontes
e chegar à compreensão de que a vida espiritual é a que é verdadeira; a vida
material não é mais que um incidente na duração infinita da existência
espiritual, a única que conta.
Chegamos ao
fim por hoje. Espero que essas releituras tenham sido proveitosas.
Até julho, então, não esquecendo que uma preocupação devemos ter este mês em que se realiza a Copa e a cidade se enche de turistas estrangeiros e brasileiros vindos de outros Estados.Que cada um de nós encontre um momento de calma para pedir a Deus que uma onda de amor e de paz nos resguarde de qualquer possibilidade de alteração de ânimos. Em casa, na rua, até em ambientes menos movimentados, manter o pensamento positivo e a alma em prece.Finalmente, somos cristãos.
2 comentários:
"Felizes, pois os que sofrem! Que suas almas se alegrem, porque serão abençoadas por Deus."
Pode nos parecer absurda essa declaração de Agostinho encontrada no encerramento do item19 do cap. V, entretanto, se atentarmos para a realidade de que temos sido transgressores contumazes da lei de amor e caridade, tanto nesta quanto em reencarnações anteriores, e que a cada um é dado segundo o seu merecimento, entenderemos, então, que nosso sofrimento atual é resgate de erros passados, lapidação necessária do nosso espírito.
E qual o devedor que não se sente feliz quando lhe é possível pagar sua dívida?
Daí a propriedade da assertiva
"Felizes, pois os que sofrem! Que suas almas se alegrem, porque serão abençoadas por Deus."
Mana querida, esta e a minha interpretação. Por falta de recursos intelectuais e diminuto conhecimento da Doutrina, não me é possível prosseguir com comentários mais profundos.
Felinto Elízio
Nossos papéis se nivelam pelas mesmas razões, meu irmão. Sou uma leitora dos textos evangélicos à cata de conhecimento maior para ajudar na interpretação das verdades essenciais. Faço apenas um exercício e me coloco em disponibilidade para quem queira elucidar de maneira mais abrangente os pontos aqui discutidos, reduzindo nossas limitações.
Pode vir sempre, desarmado desses temores que desaguarão nos meus. Temos a fé que ajuda e, com certeza, assistência espiritual. Até o peimeiro dia de julho.
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