domingo, junho 01, 2014

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS Capítulo V Itens 19 a 23

Mensagens de Reflexão    Narração de Paulo Goulart

RECAPITULANDO O EVANGELHO DE JESUS    Capitulo  V   Itens  19 a  23
            
            No post anterior, encerramos a matéria apresentando um texto de Lacordaire, intitulado Bem e Mal Sofrer,  como ilustração do  estudo realizado. Para o  post de hoje , teremos alguns textos de espíritos iluminados que nos guiarão na compreensão do que se tem estudado aqui, ao longo do capítulo V. Mas, em vez de apresentá-los em seu formato original, optamos por uma releitura.
            
            Comecemos com O Mal e o Remédio, Santo Agostinho / Paris, 1863.

            Nossa terra é paradisíaca, de tal forma apelativa que o homem que vive aqui, em processo de crescimento,  se esquece da voz do profeta anunciando que o homem encontraria aqui um vale de dores e lágrimas. Pois bem, se ao homem foi anunciada essa previsão, por que não se voltar para Deus e agradecer a oportunidade de ser experimentado, em vez de se atirar aos gozos no paraíso a seus pés? Então, o poder de Deus só pode ser reconhecido através de curas e distribuição de benesses? Por que não imitar aquele que nos veio como exemplo e que, ao chegar à abjeção total, por maus tratos físicos e morais, volta-se para Deus e agradece a experiência de que foi alvo, aceitando-a como prova para sua ascensão espiritual? Já é tempo de o homem mudar a direção de seu olhar, de se soltar além dos limites do túmulo. Contra o argumento de que seria uma vida só de sofrimento, dor e resignação, podemos, em contrapartida, dizer: O que seria isso diante da eternidade de glória a ele reservada? Isto nos mostra que devemos procurar as consolações aos nossos males no futuro que Deus nos prepara, e a causa deles, no passado. E os que sofrem, que se considerem os bem-aventurados da Terra.
              O espírito desencarnado, quando plana no espaço, costuma escolher sua prova para a próxima encarnação, acreditando-se forte o suficiente para suportá-la. No caso de pedir a glória e a fortuna, a intenção seria a de lutar contra o mal moral e físico e vencê-los, preservando sua alma purificada pela expiação e pela dor. Mas há os que não conseguem vencer a tentação e se debatem no desespero. Que remédio indicar a eles? Apenas um remédio é infalível – a fé na misericórdia de Deus, que nos aponta sempre os horizontes do infinito. Aquele que crê é forte pelo remédio da fé. Suas mais dolorosas provas serão as primeiras notas de alegria da eternidade. Mesmo que seu corpo se debata em dores, sua alma se desprenderá plena, ganhando as regiões celestes.
            Felizes, pois os que sofrem! Que suas almas se alegrem, porque serão abençoadas por Deus.  

             Vejamos agora o expressivo texto do cardeal MORLOT, François Nicolas Madeleine / Paris, 1863 

                                               A felicidade não é deste mundo

              Em todas as camadas sociais, o homem geralmente reclama de seu desconforto por razões as mais diversas: doenças incômodas, falta de condições de vida,  falta de liberdade, assédio por cobranças de toda ordem, enfim, um número infinito de motivos que frustram o vivente. Isto é uma prova da veracidade da máxima contida no Eclesiastes:
“A felicidade não é deste mundo”. Efetivamente, nem a riqueza, nem o poder, nem a força da juventude , nem mesmo a  combinação dessas três forças são elementos essenciais da felicidade. Dentro das classes privilegiadas, ouvimos reclamações de pessoas de todas as idades, que lastimam sua condição de existir. Daí estranharmos como as classes militantes,  trabalhadoras podem invejar cobiçosamente a posição daqueles a quem a fortuna parece ter favorecido. Aqui, neste nosso mundo, cada um tem sua parte de trabalho e de miséria, seu bocado de dor e de amargura. De onde se depreende que a Terra é mesmo um lugar de provas e expiações.
              De um modo geral, pode-se dizer que a felicidade é uma utopia, em busca da qual as gerações se lançam, umas após outras, sem alcançá-la jamais. Neste mundo, o sábio e o feliz praticamente inexistem.
            A felicidade na Terra é uma coisa tão efêmera para a pessoa que não age sabiamente, que, por um tempo limitado de completa satisfação, todo o resto é uma série de decepções difíceis de suportar. E estamos falando dos felizes da Terra, dos que são invejados por toda a gente.
            Diante dessa realidade, podemos concluir que, se a morada terrestre está destinada às provas e à expiação, então devem existir outras  moradas, onde o Espírito do homem ainda carregando seu invólucro material, possui de modo pleno os prazeres ligados à vida humana. Assim é, que no universo, espalhados pelas mãos de Deus, giram esses belos planetas superiores para os quais nossos esforços e nossa perseverança nos farão gravitar um dia quando alcançarmos o grau de purificação adequado.
            Entretanto, temos que considerar que a Terra não terá destinação penitenciária  por  todo o sempre. Ela realizará progressos materiais que a habilitarão a empreender melhoramentos sociais . Tal é a tarefa imensa e grandiosa a ser empreendida pelo Espiritismo. Para isso, o concurso dos que creem e confiam na doutrina de Kardec é imprescindível . Que façamos calar o homem velho e trabalhemos pela divulgação da Doutrina, preparando para as novas gerações “um mundo em que a felicidade não será mais uma palavra vã.” 
   
            Passemos agora a um outro texto que possivelmente irá tocar muita gente que já experimentou provas semelhantes e que se podem beneficiar com ele,  de Sanson, antigo membro da Sociedade Espírita de Paris, 1863.    
                                          
                            Perda de pessoas amadas. Mortes prematuras
            
A morte, de quando em quando, vem-nos visitar e deixa-nos confusos com suas escolhas ou ressabiados com o Pai que a deixa levar jovens em vez de velhos, gente produtiva em vez de doentes sem recuperação ou tira do colo de mães confiantes a sua cria, a razão de sua existência. Não é regra geral, mas por que vemos tantos casos desse tipo? 
            Aqui se faz necessária uma séria advertência aos que adotam essa maneira impensada  de julgar. Nós, humanos, temos que nos elevar um pouco acima desse ‘terra a terra’ da vida para entendermos que o certo nem sempre está onde pensamos encontrá-lo, que o bem às vezes está onde pensamos ver o mal, ou seja, a sábia diretriz divina onde cremos ver a cega fatalidade dos acontecimentos. Não há como medirmos a justiça divina pelo valor da nossa. Como podemos admitir que, por simples capricho, Deus nos vá infligir castigos tão duros? Nada do que acontece é fruto do acaso, mas de um objetivo inteligente e cada situação tem sua explicação. Examinando criteriosamente nossas próprias dores, poderemos encontrar uma razão regeneradora, a mão divina sobre nossas testas.
            Frequentemente, a morte prematura é um grande benefício que Deus concede ao que se vai, que fica, assim, livre das misérias e seduções da vida. Deus apenas julga não ser mais útil que ele permaneça encarnado.
          E não lamentemos o futuro que não chegará para ele porque bem mais vale ter uma posição entre os Espíritos bem-aventurados do que uma posição de destaque entre os homens na Terra.  Em vez de lamentarmos a separação,  aprendamos a entendê - la como um passo à  frente na caminhada para o Alto . A fé nos ajudará nesse propósito. E nos manterá na certeza de que não estaremos separados, pois o corpo fluídico daquele que se foi cercará o nosso corpo fluídico, dando-nos força e perseverança. Se achamos que entendemos a vida espiritual, podemos sentir a proximidade deles e a consolação advindas desses encontros -  Uma questão de FÉ.
             Um pequeno texto de  Fénelon, Sens ,1861,  vem agora corroborar para a compreensão do assunto sob  estudo:

Se fosse um homem de bem, teria morrido

         Vamos à nossa releitura. O que diríamos de um homem mau que escapa de um perigo? Certamente comentaríamos: se fosse um homem de bem, teria morrido.
              E isto é uma verdade. Não raro, Deus dá a um Espírito jovem, ainda em suas primeiras experiências, uma prova mais longa que a um bom que receberá, em recompensa do seu mérito, o favor de que sua  prova seja tão curta quanto possível. Isso é justiça.
            Se  em casas vizinhas, numa mora um homem bom e na outra um homem mau, apontaríamos o mau como o de nossa preferência para morrer, o que constituiria um erro, pois o que parte, terminou sua tarefa naquela encarnação e aquele que fica não terminou ou talvez nem tenha  começado a sua. Seria injusto tirar a oportunidade de o mau acabar sua tarefa e prender o bom que já havia expiado suas penas.
            Uma lição: a verdadeira liberdade está na libertação dos laços do corpo. A Terra é ainda lugar de cativeiro.
       Não devemos, pois, censurar o que não compreendemos e entendermos que Deus é justo em todas as suas disposições. Devemos nos esforçar para abrir nossos horizontes e chegar à compreensão de que a vida espiritual é a que é verdadeira; a vida material não é mais que um incidente na duração infinita da existência espiritual, a única que conta.
          Chegamos ao fim por hoje. Espero que essas releituras tenham sido proveitosas.          



           Até julho, então, não esquecendo que uma preocupação devemos ter este mês em que se realiza a Copa e a cidade se enche de turistas estrangeiros e brasileiros vindos de outros Estados.Que cada um de nós encontre um momento de calma para pedir a Deus que uma onda de amor e de paz nos resguarde de qualquer possibilidade de alteração de ânimos. Em casa,  na rua, até em ambientes menos movimentados, manter o pensamento positivo e a alma em prece.Finalmente, somos cristãos.

2 comentários:

Anônimo disse...

"Felizes, pois os que sofrem! Que suas almas se alegrem, porque serão abençoadas por Deus."

Pode nos parecer absurda essa declaração de Agostinho encontrada no encerramento do item19 do cap. V, entretanto, se atentarmos para a realidade de que temos sido transgressores contumazes da lei de amor e caridade, tanto nesta quanto em reencarnações anteriores, e que a cada um é dado segundo o seu merecimento, entenderemos, então, que nosso sofrimento atual é resgate de erros passados, lapidação necessária do nosso espírito.
E qual o devedor que não se sente feliz quando lhe é possível pagar sua dívida?
Daí a propriedade da assertiva
"Felizes, pois os que sofrem! Que suas almas se alegrem, porque serão abençoadas por Deus."
Mana querida, esta e a minha interpretação. Por falta de recursos intelectuais e diminuto conhecimento da Doutrina, não me é possível prosseguir com comentários mais profundos.
Felinto Elízio

Old Mag disse...

Nossos papéis se nivelam pelas mesmas razões, meu irmão. Sou uma leitora dos textos evangélicos à cata de conhecimento maior para ajudar na interpretação das verdades essenciais. Faço apenas um exercício e me coloco em disponibilidade para quem queira elucidar de maneira mais abrangente os pontos aqui discutidos, reduzindo nossas limitações.
Pode vir sempre, desarmado desses temores que desaguarão nos meus. Temos a fé que ajuda e, com certeza, assistência espiritual. Até o peimeiro dia de julho.