quinta-feira, janeiro 20, 2011

DESENCARNAÇOES COLETIVAS

NAUFRÁGIO / Antonio Henrique Alvim Amaral
(Pastel oleoso sobre papel)

DESENCARNAÇÕES  COLETIVAS


       Tenho que me desculpar: fiquei distante na ocasião em que devia estar aqui neste transe de tanto sofrimento, de tanta dor. Um abalo dessa ordem é traumático, mas tenho certeza de que todos fizeram o possível para minorar o sofrimento da população atingida, como sei que muitas preces foram elevadas ao Senhor pra que as vítimas fatais tivessem socorro espiritual neste episódio de morte coletiva.

       Esse tipo de flagelos destruidores e consequentes desencarnes em massa consta nas questões de 737 a 741 do ‘Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

       Cabe, então, transcrever aqui algumas oportunas passagens do livro Chico Xavier Pede Licença – Um Aparte do Além nos Diálogos da Terra.
     Sendo Deus a Bondade Infinita, por que permite a morte aflitiva de tantas pessoas enclausuradas e indefesas, como nos casos dos grandes incêndios?” (Pergunta endereçada a Emmanuel por algumas dezenas de pessoas em reunião pública, na noite de 28 de fevereiro de 1972, em Uberaba, Minas Gerais).
Resposta:
        “Realmente reconhecemos em Deus o Perfeito Amor aliado à Justiça Perfeita. E o Homem, filho de Deus, crescendo em amor, traz consigo a Justiça imanente, convertendo-se, em razão disso, em qualquer situação, no mais severo julgador de si próprio.
          Quando retornamos da Terra para o Mundo Espiritual, conscientizados nas responsabilidades próprias, operamos o levantamento dos nossos débitos passados e rogamos os meios precisos a fim de resgatá-los devidamente.
          É assim que, muitas vezes, renascemos no Planeta em grupos compromissados para a redenção múltipla.
* * *
        Invasores ilaqueados pela própria ambição, que esmagávamos coletividades na volúpia do saque, tornamos à Terra com encargos diferentes, mas em regime de encontro marcado para a desencarnação conjunta em acidentes públicos.
          Exploradores da comunidade, quando lhe exauríamos as forças em proveito pessoal, pedimos a volta ao corpo denso para facearmos unidos o ápice de epidemias arrasadoras.
          Promotores de guerras manejadas para assalto e crueldade pela megalomania do ouro e do poder, em nos fortalecendo para a regeneração, pleiteamos o Plano Físico a fim de sofrermos a morte de partilha, aparentemente imerecida, em acontecimentos de sangue e lágrimas.
          Corsários que ateávamos fogo a embarcações e cidades na conquista de presas fáceis, em nos observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno à Terra para a desencarnação coletiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a reencarnação.
* * *
          Criamos a culpa e nós mesmos engenhamos os processos destinados a extinguir-lhe as consequências. E a Sabedoria Divina se vale dos nossos esforços e tarefas de resgate e reajuste a fim de induzir-nos a estudos e progressos sempre mais amplos no que diga respeito à nossa própria segurança. É por este motivo que, de todas as calamidades terrestres, o Homem se retira com mais experiência e mais luz no cérebro e no coração, para defender-se e valorizar a vida.
* * *
          Lamentemos sem desespero quantos se fizeram vítimas de desastres que nos confrangem a alma. A dor de todos eles é a nossa dor. Os problemas com que se defrontaram são igualmente nossos.
          Não nos esqueçamos, porém, de que nunca estamos sem a presença de Misericórdia Divina junto às ocorrências da Divina Justiça, que o sofrimento é invariavelmente reduzido ao mínimo para cada um de nós, que tudo se renova para o bem de todos e que Deus nos concede sempre o melhor.
Emmanuel 
AS LEIS DA CONSCIÊNCIA
        A resposta de Emmanuel vem do plano espiritual e acentua o aspecto terreno da autopunição dos encarnados, em virtude de um fator psicológico: o das leis da consciência. Obedecendo a essas leis, as vítimas de mortes coletivas aparecem como as mais severas julgadoras de si mesmas. São almas que se punem a si próprias em virtude de haverem crescido em amor e trazerem consigo a justiça imanente. Se no passado erraram, agora surgem como heroínas do amor no sacrifício reparador.
          As leis da Justiça Divina estão escritas na consciência humana. Caim matou Abel por inveja e a sua própria consciência o acusou do crime. Ele não teve a coragem heróica de pedir a reparação equivalente, mas Deus o marcou e puniu. Faltava-lhe crescer em amor para punir-se a si mesmo. O símbolo bíblico nos revela a mecânica da autopunição cumprindo-se compulsoriamente. Mas, nas almas evoluídas, a compulsão é substituída pela compaixão. 
           Para a boa compreensão desse problema precisamos de uma visão clara do processo evolutivo do homem. Como selvagem, ele ainda se sujeita mais aos instintos do que à consciência. Porisso não é inteiramente responsável pelos atos. Como civilizado, ele se investe do livre-arbítrio que o torna responsável. Mas o amor ainda não o ilumina com a devida intensidade. As civilizações antigas (como o demonstra a própria Bíblia) são cenários de apavorantes crimes coletivos, porque o homem amava mais a si mesmo do que aos semelhantes e a Deus. Nas civilizações modernas, tocadas pela luz do Cristianismo, os processos de autopunição se intensificam.
          O suicídio de Judas é o exemplo da autopunição determinada por uma consciência evoluída. O que ocorreu com Judas em vida, ocorre com as almas desencarnadas que enfrentam os erros do passado na vida espiritual. Para encontrar o alívio da consciência elas sentem a necessidade (determinada pela compaixão) de passar pelo sacrifício que impuseram aos outros. Mas o que é esse sacrifício passageiro, diante da eternidade do espírito? A misericórdia divina se manifesta na reabilitação da alma após o sacrifício para que possa atingir a felicidade suprema na qualidade de herdeira de Deus e co-herdeira de Cristo, segundo a expressão do apóstolo Paulo.
          Encarando a vida sem a compreensão das leis da consciência e do processo da reencarnação não poderemos explicar a Justiça de Deus – principalmente nos casos brutais de mortes coletivas. Os que assim perecem estão sofrendo a autopunição de que suas próprias consciências sentiram necessidade na vida espiritual. A diferença entre esses casos e o de Judas é que essas vítimas não são suicidas, mas criaturas submetidas à lei de ação e reação.
          Judas apressou o efeito da lei ao invés de enfrentar o remorso na vida terrena. Tornou-se um suicida e aumentou assim a sua própria culpa, rebelando-se contra a Justiça Divina e tentando escapar a ela.
 Irmão Saulo (J. Herculano Pires)
  Francisco Cândido Xavier, por Espíritos Diversos, J. Herculano Pires
                                                                 GEEM – Grupo Espírita Emmanuel Sociedade Civil Editora

Para mudar o mundo é preciso mudar a si mesmo. Aos poucos e sempre.
Projeto Saber e Mudar
Estudar e conhecer.
Agir e transformar.

Obs.:     Reencetaremos o estudo de NOSSO LAR a partir do próximo post



8 comentários:

Anônimo disse...

Mana.
Tenha certeza de que você deu uma grande contribuição para esclarecer, dirimir dúvidas, desfazer a impressão de que muitas vezes Deus parece injusto, alheio e indiferente âs nossas dores.
Parabéns. Mais uma vez você brilhou.
Eu,seu irmão, Felinto Elízio

Old Mag disse...

Oi,coração,você me forneceu o material; só fiz editá-lo. Obrigada, Mano, o trabalho, em qualquer circunstância, deve ser mesmo cooperativo. Assim, andamos com mais eficiência nesse esforço conjunto de passarmos as verdades contidas no Evangelho de Jesus, sob a ótica espírita

Anônimo disse...

Maga e Felinto, bela contribuição a de vocês dois. Espero que muitas pessoas tenham acesso ao blog e, assim, poderem ficar um pouco mais esclarecidas. Momentos tão injustos e tão difíceis de serem entendidos...
Só mesmo pela ótica espírita!
Sua prima, Maria Luísa.

Old Mag disse...

Maria Luísa, adorei ver você aqui conosco. É importante que assuntos assim, mais difíceis de serem entendidos e aceitos, sejam explicados constantemente, ainda mais, em fase de ocorrência. No plano espiritual, tudo é planejado atendendo as reinvindicações dos próprios espíritos que se sentem em dívida e querem progredir. A diferença do 'timing' torna mais difícil a compreensão dos desígnios do Deus: o que se passa aqui em um século corresponde a atos até instantãneos lá.
Aos poucos, a gente vai encontrar o tom para falar nessas pontos mais complexos. beijos e volte sempre qe puder. Chame a Márcia, tão estudiosa que é!

Unknown disse...

Oi, maga, bastante oportuna e instrutiva a mensagem. Passarei adiante.
Bjs.
Fernando

Old Mag disse...

Aê, maninho, obrigada pela disposição. Não sabe como me sinto orgulhosa de vê-lo em meu espaçozinho.Faça sempre assim. Sua cooperação é valiosa. Beijão pra vc e Viva

Aninha Pontes disse...

A dor, costuma nos deixar cegos e nos impede de ver e entender algo que foge de nossas mãos, mas está dentro do plano divino.
O que temos de entender é que Deus, nos têm amor, e não quer em nenhum momento nos fazer sofrer.
Não viemos aqui para sermos eternos, viemos sim, cumprir uma missão, e que ao final dela, devemos retornar à nossa origem.
Eu creio nisso.
Um beijo linda e querida Magaly

Old Mag disse...

Aninha, não sabe a emoção que senti com sua visita, alegria das grandes.
Gosto de suas opiniões sensatas, da espontaneidade com que você se dá a conhecer, do seu 'jeito de ser' A qq momento, passo lá no seu portão. É promessa. Um beijo gostoso pela visita e volte sempre. Um alô pro Walter