Demorei, mas estou aqui, para abrirmos o ano 2009.
Sob o impacto da crise econômica mundial, diante das catástrofes acontecidas ultimamente aqui e lá fora, ante o desolador estado de beligerância entre israelitas e palestinos em plena mudança de ano, para citar somente fatos mais recentes, podemos até perder a esperança de que problemas tão sérios e de consequências tão drásticas venham a ser resolvidos.
Daí a necessidade de pedirmos a Deus que nos ajude, que nos dê um ano de mobilizações para a solução do atual estado de coisas. É imprescindível o esforço de cada um em prol de uma sociedade mais consciente de seu destino, em busca dos direitos que levem a uma distribuição igualitária dos bens da terra e à preservação da dignidade humana.
Como no Natal, procuro agora uma palavra esclarecida, coerente, determinada que nos auxilie a receber conscientemente o ano 2009.
Com vocês, o vigoroso texto de Frei Beto com que uma amiga me presenteou:
FELIZ ANO NOVO
No próximo ano, soterrarei de perdões o meu mal-querer e de afagos essa sórdida tendência de apostar na desgraça alheia. Serei dom e não dor.
No próximo ano, porei em prática sábias lições de vida: pão que se guarda endurece o coração; a cabeça pensa onde os pés pisam; o contrário do medo não é a coragem, é a fé.
No próximo ano, segredarei aos peregrinos os três aforismos de meu bem-viver: Deus tem sabor de justiça; a vida trafega a bordo do paradoxo; a morte é verbo e não se conjuga no presente, é sempre pretérito ou futuro.
No próximo ano, cultivarei cada um de meus cabelos brancos, modelarei de gorduras a flacidez de minhas carnes e preservarei cioso as rugas que maquiam de sabedoria o meu rosto.
No próximo ano, tratarei o semelhante com a reverência dos anjos e lavarei as portas de minha cidade para acolher em festa os que trazem boas novas.
No próximo ano, violarei todas as regras da civilidade torpe que me engravata de cabrestos e rasgarei as etiquetas que me fazem perder horas em cuidados supérfluos. Arrancarei do pulso as algemas do relógio que me escravizam ao ritmo implacável de minutos e segundos.
No próximo ano, serei irresponsavelmente feliz, liberto dessa onipotência que recobre de fúria a minha excessiva fragilidade. Confessarei a mim mesmo os meus pecados e, crucificado numa roda-gigante, ressuscitarei com a inocência das crianças que sorriem prenhes de vertigens.
No próximo ano, nomearei para o governo da cidade um cavaleiro que chegue montado num burrico e tenha as mãos calosas como quem cavou as entranhas da terra. Não darei lugar aos príncipes revestidos de palavras vãs, nem porei a minha confiança nos arautos surdos ao clamor dos desvalidos.
FELIZ 2009!
E, para terminar, o singelo poema de nossa companheira de fé , a aplaudida poeta Lêda Mello, requisitada por tantos sítios poéticos da internet.
ANO VELHO, NOVO ANO
Ano Velho declinando,
longe não vejo os momentos
em que estive arrumando
as coisas e os sentimentos,
jôio e trigo separando,
limpando compartimentos,
minha casa aprontando
p'ra luz do seu nascimento...
Ano findando, eu pensei:
- O que, vivendo, aprendi?
Como foi que empreguei
o tempo que recebi?
Quanto jôio arranquei
e quanto trigo eu colhi?
Quantos sonhos realizei,
e de quantos me desfiz?
Despeço-me, agradecida,
do período que está findo,
por ajustar minha vida
p'ro ano que vem surgindo.
Esperança revivida
e novo alento sentindo,
alma canta em acolhida:
Ano Novo, és Bem-Vindo!
Arapiraca (AL) – Brasil
4 comentários:
Não é que eu seja chegado a padres, frades e freiras, mas essa do Frei Beto está uma beleza. Lindo, parabéns Betão, siga em frente
Felinto Elízio
Você tá certo, irmão. Com este espírito, devemos deixar o 2009rolar, crescendo como ser humano.
Beijão
Oi Magaly,
Voltei para a intenet e para os blogs! Desejo a você um excelente ano novo, um ano bom como diziam e que os anjos estejam em seus dias e noites.
beijos imensos e saudades.
Verônica, que alegria imensa saber de você, de sua volta.
Faz tempo que não nos falamos, mas tem estado no meu coração toda a doçura que você sempre me passou.
Não vamos perder o contato,eu a estimo deveras.
Muitos e muitos beijos.
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